Como habitual aquando do final das temporadas começa o reboliço de transferências de jogadores e treinadores. Ao contrário das contratações de atletas que acontecem em alturas mais próximas dos inícios dos campeonato, as alterações nos comandos técnicos das equipas é efectua com maior antecedência de modo a que os novos treinadores tenham tempo para conhecer e se adaptarem ao novo plantel, procurando também corrigir as lacunas do mesmo.

Thomas Tuchel – Borussia Dortmund

rafa benítez

Com um vasto currículo, Rafa Benítez irá agora assumir o comando do plantel sénior do Real Madrid.

A primeira grande equipa a anunciar que iria proceder a uma alteração no comando técnico foi o Borussia Dortmund, ainda antes do final da temporada. Depois de em 49 jogos ter somado apenas 22 triunfos, 9 empates e 18 derrotas, Jurgen Klopp desde cedo ficou a saber que não iria ser treinador deste conjunto alemão por muito mais tempo e logo a 19 de Abril e direcção do clube informou que Thomas Tuchel, ex-FSV Mainz 05, iria ser o novo técnico para a temporada 2015/16. A treinar o conjunto do oeste alemão desde Agosto de 2009, o antigo defesa orientou a equipa em 182 jogos, dos quais venceu 72, empatou 46 e perdeu 64, tendo-os levado ainda ao 7º e à 11ª posições da Bundesliga nas duas últimas temporadas.

Rafa Benítez – Real Madrid

Já após o final da temporada, mais precisamente a 5 de Junho, foi a vez de o Real Madrid abdicar de Carlo Ancelotti, técnico que em dois anos conduziu a equipa à vitória da 10ª Liga dos Campeões da história do clube, de uma Taça do Rei, um Supertaça Europeia e de um Mundial de Clubes, contudo sem conseguir somar nenhum campeonato, prova que encabeça a lista de prioridades do presidente dos Merengues, Florentino Pérez. Pela falha na obtenção deste título o presidente decidiu então substituir o técnico italiano pelo espanhol, ex-Nápoles, Rafael Benítez. O consagrado treinador, que iniciou a sua carreira como tal no Castilla em 1993, regressa agora ao clube 20 anos depois com mais de 10 títulos de relevo no palmares. Entre eles destacam-se dois na Liga BBVA, pelo Valência em 2001/02 e 2003/04, um na Liga dos Campeões em 2005/06 pelo Liverpool, e ainda duas Ligas Europa, a primeira pelo Valência em 2003/04 e a segunda pelo Chelsea em 2012/13. Nas duas últimas temporadas sob as ordens do Nápoles, Rafa Benítez conduziu a equipa em 88 partidas das quais venceu 50, empatou 21 e perdeu 17, deixando os Azzurri classificados na 3ª e 5ª posições da tabela nas últimas duas épocas.

Jorge Jesus – Sporting

jorge jesus

Depois de 6 épocas ao comando do Benfica, a transferência de JJ para o Sporting é das mais badaladas do defeso.

Em Portugal esta foi alteração no comando técnico de uma equipa mais badalada dos últimos anos. Depois de ter passado a últimas seis temporadas ao comando do Benfica, onde venceu três Primeiras Ligas, uma Taça de Portugal, cinco Taças da Liga e uma Supertaça, o treinador nascido na Amadora decidiu agora embarcar numa nova aventura ao serviço do rival dos encarnados, o Sporting CP. Visto por muitos adeptos benfiquistas como uma traição, esta foi mais uma jogada astuta, e de risco, do presidente leonino Bruno de Carvalho que decidiu abdicar dos serviços de Marco Silva, treinador que comandou os Leões nesta temporada, tendo-os conduzido ao triunfo na Final da Taça de Portugal e ainda ao 3º lugar do campeonato ao somar 31 vitórias, 15 empates e 7 derrotas em 51 jogos. Para além do Benfica o técnico português já tinha antes orientado o SC Braga, o Belenenses e o União de Leiria, havendo conquistado a Taça Intertoto de 2008 pelo conjunto bracarense.

Rui Vitória – Benfica

Tendo começado a sua carreira de treinador em 2002, ao serviço do Vilafranquense, o treinador natural de Alverca do Ribatejo teve depois, entre 2004 e 2006 uma passagem pela equipa de esperanças do Benfica onde conseguiu a sua melhor prestação ao somar 41 vitórias, 13 empates e 12 derrotas em 66 jogos. Desde então teve ainda passagens pelo Fátima, que conduziu por duas vezes à Liga de Honra e ainda, em jogos da Taça da Liga, conseguiu eliminar o FC Porto e o Sporting CP. Depois disto teve então a sua primeira experiência em equipas de Primeira Liga em 201o quando assinou pelo Paços de Ferreira. Pelos Castores conseguiu alcançar o 7º lugar do campeonato e ainda atingir a final da Taça da Liga, transferindo-se logo na temporada seguinte para o Vitória de Guimarães. Então desde 2011 a orientar a equipa da Cidade Berço, o técnico de 45 anos somou 61 triunfos, 33 empates e 60 derrotas nos 154 jogos que comandou, tendo o seu maior feito ao serviço do Vitória SC sido a conquista da Taça de Portugal em 2012/13 precisamente sobre este Benfica. Agora com o domínio de um dos plantéis de maior qualidade em Portugal, Rui Vitória tem a difícil missão de superar a fasquia deixada por Jorge Jesus.

Siniša Mihajlović – AC Milan

Siniša Mihajlović

Apesar da contestação dos adeptos, Siniša Mihajlović foi mesmo o escolhido para comandar o AC Milan.

Depois de ter conhecido durante as duas últimas temporadas quatro técnicos diferentes e mesmo assim ter terminado classificado na 8ª e 10ª posição, respectivamente, 0 AC Milan decidiu agora substituir Pippo Inzaghi, que comandou a equipa durante esta última época, por Siniša Mihajlović, técnico que nesta última época conduziu a Sampdoria à 7ª posição da Serie A. Com passagens também pelo Bologna, Catania, Sérvia e Fiorentina, como treinador o expoente máximo deste sérvio aconteceu precisamente na última temporada ao comando da Sampdoria quando, em 40 jogos, conseguiu somar 14 vitórias, 17 empates e 9 derrotas, deixando assim a Samp classificada na 7ª posição do campeonato. Estando esta decisão longe de ser unânime por parte dos adeptos, o técnico sérvio está agora obrigado a provar que é merecedor do lugar de treinador de uma equipa como este AC Milan que entra para esta nova época com os cofres recheados por um investimento tailandês.

Paulo Fonseca – SC Braga

Depois de ter tido na última época Sérgio Conceição no comando técnico, que conduziu a equipa até ao 4º lugar da Primeira Liga, garantindo assim o apuramento directo para a Liga Europa. Contudo, após a final perdida da Taça de Portugal, ante do Sporting, a direcção do clube bracarense avançou para a rescisão de contrato com o técnico alegadamente por atitudes ofensivas para com o presidente, António Salvador. Posto isto, e também o facto de nunca ter orientado uma equipa nas competições europeias, os Arsenalistas decidiram avançar para a contratação de Paulo Fonseca. Com 42 anos, o técnico nascido em Moçambique começou a sua carreira de treinador em 2005 nos juniores do Estrela da Amadora, tendo dado pela primeira vez nas vistas quando, em 2012/13 conseguiu levar o Paços de Ferreira ao 3º lugar do campeonato. Depois disto embarcou numa aventura pelo FC Porto, onde pela primeira vez comandou um conjunto na Liga dos Campeões. Ainda assim esta experiência não correu da forma esperada e, em Março, o técnico acabou mesmo despedido dos azuis e brancos, tendo voltado ao activo na última temporada de novo para comandar o Paços de Ferreira, que desta feita deixou classificado na 8ª posição. Desta forma chega agora ao SC Braga com o título da Supertaça Cândido Oliveira no palmares e com altos objectivos para a temporada, em especial na competição europeia.

Maurizio Sarri – Nápoles

Depois de ter passado as duas últimas temporadas sob o comando de Rafael Benítez, o Nápoles perdeu agora o espanhol para o Real Madrid. Como alternativa, a direção Azzurri decidiu apostar no experiente Maurizio Sarri, treinador desde 1990, quando começou no Stia, tendo passado as últimas três épocas ao comando do Empoli, conjunto que conseguiu esta temporada trazer de volta à Serie A depois de se encontrar desde 2007/08 a competir nos escalões inferiores dos campeonatos italianos. Com 56 anos, o treinador natural da cidade napolitana embarca agora na sua primeira aventura ao comando de uma equipa de elite e qualificada para as competições europeias, pelo que tem muito a provar quer aos adeptos quer ao presidente do clube, Aurelio De Laurentiis que depositou aqui a sua confiança no treinador.

Ricardo Sá Pinto – Belenenses

Ricardo Sá Pinto

Depois de passagens pelo futebol sérvio e grego, Sá Pinto regressa agora a Portugal para orientar o Belenenses.

Depois de ter começado a última época sob a batuta de Lito Vidigal, a direcção da equipa do Restelo decidiu em Março romper a ligação com o técnico de naturalidade angolana após algumas divergências. Ainda assim, tendo depois terminado a temporada sob o comando do menos experiente Jorge Simão, o Belenenses conseguiu classificar-se na 6ª posição, garantido assim a presença na 3ª pré-eliminatória da Liga Europa. Para agora comandar a equipa na sua segunda aventura europeia deste século o presidente Patrick Morais de Carvalho decidiu confiar o lugar de treinador ao ex-internacional português Ricardo Sá Pinto. Tendo começado a sua carreira de treinador no plantel de esperanças do Sporting, em 2011/12, foi na mesma temporada que se estreou a orientar uma equipa de primeira divisão, precisamente nos Leões. Tendo ainda começado a temporada seguinte no comando do Sporting, acabou despedido ao fim de 9 partidas, tendo então tido passagens pelo futebol sérvio e grego, ficando neste último nas duas últimas temporadas, ao comando do OFI e do Atromitos, respectivamente. Foi então por esta experiência que o treinador conhecido pelas más relações com atletas foi escolhido para o cargo, tendo agora algo a provar ao futebol português.

Urs Fischer – FC Basel

Nesta última temporada sob as ordens do português Paulo Sousa, que conduziu a equipa ao 18º título de campeã nacional, a uma final da Taça (perdida) e ainda aos oitavos de final da Liga dos Campeões da última temporada, o FC Basel inicia agora um novo ciclo. Tendo o contrato de Paulo Sousa sido terminado por decisão unilateral, por alegada pretensão da Fiorentina em ter o português como treinador, o presidente do emblema suíço, Bernhard Heusler, decide agora apostar no compatriota Urs Fischer, ex-FC Thun. Tendo actuado como defesa central até 2003, o agora técnico teve a sua primeira experiência como tal em 2007 quando aceitou ser assistente de treinador do FC Zurich. Após três anos a cumprir estas funções, em 2010 embarcou mesmo como treinador principal da equipa onde se manteve até 2012, tendo o 2º lugar no campeonato sido o melhor que alcançou ao serviço deste emblema da capital suíça. Em 2012, após uma má classificação no campeonato, o técnico acabou mesmo demitido do FC Zurich, assumindo em 2013 o comando do FC Thun que conseguiu levar aos 5º e 6º lugar nas duas últimas temporadas.

Paulo Sousa – Fiorentina

Após a excelente campanha ao serviço do Basileia, Paulo Sousa irá agora abraçar um projecto de maior envergadura.

Após a excelente campanha ao serviço do Basileia, Paulo Sousa irá agora abraçar um projecto de maior envergadura.

Depois de ter passado a últimas três temporadas sob as ordens de Vincenzo Montella em que o melhor resultado conseguido foi o alcance da final da Taça de Itália de 2013/14 e o 4º lugar na tabela da Serie A em todas as temporadas. Contudo, dada a ausência de títulos, após três temporadas o presidente dos Viola, Mario Cognigni decidiu apostar no português Paulo Sousa, ex-Basel. Com 44 anos de idade o antigo médio defensivo tem agora uma carreira de treinador já com 10 anos e bastantes títulos no palmares. Tendo começado a carreira de treinador na seleção nacional sub-16 em 2005, em apenas três anos o técnico natural de Viseu passou a orientar o QPR, onde não conseguiu aguentar sequer a primeira época. Em 2009 mudou-se para o Swansea, conduzindo então a equipa ao 7º posto do Championship, o melhor lugar alcançado pelos galeses em em 27 anos. Apesar disto Paulo Sousa decidiu voltar a trocar de clube, tendo então na temporada 2010/11 assumido o comando do Leicester City, onde contudo não conseguiu ser bem sucedido e foi despedido ao fim de nove partidas. No início da temporada 2011/12 decidiu então aceitar uma proposta do Videoton, campeão húngaro em título, estreando-se assim a competir na Liga dos Campeões. Depois de duas temporadas, em que conquistou uma Taça da Liga Húngara e ainda duas Taças da Hungria, o português decidiu então embarcar numa nova aventura, desta vez ao comando do Maccabi Tel Aviv na temporada 2013/14 e, na única temporada em que esteve ao comando da equipa conquistou de imediato o título de campeão nacional, tendo assim convencido a direcção do Basileia, clube que orientou na última época à conquista do título de campeão da Swiss Super League. Na próxima temporada começa então um novo desafio, visto que será a primeira vez que comandará uma equipa do top-5 de ligas da UEFA.

Apesar de nos encontrar-mos ainda a pouco tempo do término das competições da última temporada, foram já muitas as alterações nos comandos técnicos de grandes equipas da Europa. Umas com mais risco que outras, todas elas têm o seu propósito e agora pouco mais resta do que observar o trabalho que cada um conseguirá fazer no respectivo clube.

Boas Apostas!