Afirmo: a Liga Inglesa é o melhor campeonato de futebol mais competitivo do mundo. A luta é renhida até ao fim, seja pelo título, pela manutenção ou por um lugar europeu. Este ano em particular. O final desta temporada trouxe não só o vencedor evidente, o campeão Manchester City, mas mais uns quantos. E, porque não se pode ganhar tudo, todos partilham a sensação de um triunfo mais ou menos ensombrado.

Campeões, mas só na última

Ao United sucede o outro clube de Manchester. O City é campeão de Inglaterra, um troféu conquistado na última jornada, com dois pontos apenas acima dos segundos classificados, os Reds. Dois títulos em três anos. Fantástico, parabéns aos jogadores e a Manuel Pellegrini. É verdade que faltou Kun Aguero durante boa parte da temporada, mas esta é uma equipa madura, onde não faltam alternativas ao onze titular. E depois, o City tem Yaya Touré, e isso, como o código postal, é meio caminho andado. Mas se tivermos em conta o nível de investimento, o facto de o Man United estar ausente da contenda, do Chelsea ainda não estar na sua máxima força, todo este sofrimento até à derradeira partida talvez fosse desnecessário.

Se os Citizens tivessem mantido a qualidade exibicional e o domínio esmagador que exibiram durante a primeira volta do campeonato, teriam sido campeões a meia dúzia de jornadas do fim, pelo menos. E há ainda o espinho cravado que dá pelo nome de Liga dos Campeões. Mais uma vez, depois do crescendo, justificado, das expetativas de que este fosse o ano do City triunfar na elite do futebol, a eliminação nos oitavos-de-final, às mãos de um Barcelona longe do seu auge.

Faltou um bocadinho assim

Luis Suarez

A desilusão de Suárez

A equipa de Brendan Rodgers quebrou, física e emocionalmente, e assim deixou escapar o sonho de se sagrar campeã da Liga Inglesa. É fácil perceber a frustração de Luis Suárez, Gerrard e companhia. Estiveram tão perto e morreram na praia. Mas ninguém pode catalogar esta época do Liverpool como outra coisa que não um retumbante sucesso. De um sétimo lugar no ano passado, e o afastamento prolongado das competições europeias, os Reds vieram de trás e consistentemente, estiveram na luta até ao fim. Com um comando inspirador, opções táticas diversificadas, muita garra e superação conseguiram abafar as falhas evidentes. Que não são a inexperiência e excessivo arrojo. O Liverpool tem uma boa equipa, a partir do primeiro momento da construção de jogo, mas a defensiva é claramente frágil. E, de uma forma genérica, o plantel é curto. Um passo além do onze inicial implica uma queda a pique na qualidade dos jogadores. Ter conseguido chegar onde chegou só acrescenta mérito e brilhantismo à jornada.

Europeus por um triz

A história do Arsenal é quase inversa. Para a equipa que mais tempo esteve no topo da tabela, a vitória da temporada foi o garantir o quarto lugar, e o inerente passaporte para a próxima Liga dos Campeões. Ainda alguém se recorda de como isto começou? Da vinda de Ozil e da euforia que corria para os lados dos Emirates? E dos céticos a repetir, semana a semana, isto não vai durar. Não durou. Afinal Wenger estava ultrapassado, Mesut não tinha pernas para o futebol inglês, era um descalabro em toda a linha. Para ajudar à festa o Everton resolveu morder os calcanhares aos Gunners e por breves momentos a participação na divisão de elite europeia esteve mal parada. A sensação final é de alívio.

E restam os Toffees, de Roberto Martínez. O técnico espanhol, no primeiro ano ao comando do Everton, conseguiu a proeza de conduzir o seu clube à quinta posição. O que equivale a dizer que, após quatro anos de ausência, o Everton marcará presença na edição 2014/15 da Liga Europa. Muito bom. Excelente mesmo, não fosse o caso de, entre o início e fim de Abril, os Toffees terem tido a Liga dos Campeões ao alcance da mão. Foram vinte e poucos dias de esperança, entre a vitória sobre o Arsenal e a derrota frente ao Southampton.

Boas Apostas!