O atual campeão europeu chega a este Mundial com as expetativas em baixo, tendo em conta que nomes sonantes como Tony Parker e Joakim Noah não entrarão nas contas do treinador Vincent Collet. Depois do seu melhor resultado de sempre em provas internacionais, os franceses poderiam acreditar na possibilidade de competir por uma medalha de prata nesta prova, mesmo jogando em Espanha, e logo estando no grupo do país organizador, aquela que tem sido a maior potência do basquetebol europeu nos últimos anos.
Mas num Mundial marcado por várias ausências, a seleção francesa poderá reivindicar a posição de maior afetada por faltas de jogadores. Joakim Noah seria um jogador muito importante no jogo interior desta equipa, mas até se poderia pensar que haveriam outras opções, não fosse o caso de Alexis Ajinça e Ronny Turiaf também faltarem a esta chamada. Mas a grande ausência é mesmo Tony Parker, jogador-estrela da seleção francesa e o grande obreiro do título alcançado no ano passado. No entanto, depois de um ano de muitos sucessos, que incluiu ainda a conquista do campeonato da NBA com os Spurs, Parker prefere descansar.
O que sobra assim a Vincent Collet? Para começar, a ambição de um técnico muito experiente que sempre conseguiu obter resultados, mesmo quando pouco ou nada esperavam dele. Collet ver-se-á obrigado a recorrer a segundas linhas para completar o seu plantel neste Mundial, mas isso não tornará a França um adversário menos complicado de bater. O grande problema parece estar no lugar de base, onde Thomas Heurtel não reúne o nível para comandar uma equipa de topo, como deixou claro este ano no Baskonia. Antoine Diot poderá esperar ter minutos para mostrar que merece a titularidade. De resto, Nicolas Batum e Boris Diaw oferecem a experiência e a combatividade, numa equipa onde Joffrey Lauvergne poderá ter o seu primeiro grande momento com a seleção francesa, depois de uma época de grande qualidade no Partizan Belgrado.
História
O título conquistado no Eurobasket 2013 foi o melhor resultado de sempre de uma equipa francesa em competições internacionais. Isto para uma equipa que já por sete vezes havia terminado no pódio de Europeus e por duas vezes alcançou a prata nos Jogos Olímpicos, em 1948 e 2000. Os Mundiais são espinha encravada na garganta dos gauleses. O melhor resultado foi alcançado em 2010, com uma presença nos oitavos-de-final, algo que surge, este ano, como objetivo a ser batido.
Figura
Boris Diaw entra neste Mundial como a principal figura da seleção francesa. O campeão da NBA não teve uma carreira onde sempre tenha recebido a confiança que o seu talento parece fazer por merecer. Talvez por não ser especialmente alto (2m03) para ser um jogador interior, nem especialmente móvel para se transformar num extremo de nível NBA, Boris Diaw fez o seu caminho de forma algo disfarçada até chegar ao momento atual. Começou a dar nas vistas em França, no Pau-Orthez e nas seleções jovens, antes de entrar na NBA em 2003, onde foi escolhido pelos Atlanta Hawks. Depois de duas épocas algo tímidas, foi parar a Phoenix, onde começou finalmente a dar nas vistas. Ainda assim, apesar de se ter tornado um titular regular, não evitou ser trocado no final de 2008 para os Charlotte Bobcats, onde acabou por quase estagnar na sua evolução, visto estar numa equipa muito frágil. Gregg Popovich acabou por ver nele uma solução para o jogo interior dos Spurs, aproveitando-se das suas várias valências técnicas e, hoje em dia, não existem dúvidas sobre as qualidades de Diaw para merecer o anel de campeão.
Adversários
Mesmo que, à partida, não entregue desde já a vitória no seu grupo à Espanha, a seleção francesa saberá como vai ser complicado ultrapassar os espanhóis perante o seu público. Daí que a principal preocupação de Vincent Collet acabará por ser manter-se à frente do Brasil e Sérvia, de modo a poder chegar aos oitavos-de-final perante o adversário mais acessível possível. Sem Tony Parker e Joakim Noah, atingir os quartos-de-final será considerado um percurso de sucesso.