Se, no ano passado, o Manchester City era uma equipa impressionante, com opções de luxo para a maioria das posições, agora subiram a parada. Se havia um ponto fraco, a comprometer uma caminhada que podia ter sido ainda mais dominante, era o centro defensivo. Identificado o buraco, os Citizens trataram de tapá-lo com material de primeira. Como detentores do título eles seriam sempre um dos fortes candidatos à vitória na Liga Inglesa. Com os acertos cirúrgicos podem também estar a apresentar credenciais para, finalmente, triunfar nos palcos europeus. Será desta que o City se torna num colosso do futebol europeu, equiparando por fim o estatuto financeiro ao desportivo?

Dinheiro (das Arábias) dá felicidade?

Fala-se muito dos milhões das arábias, como antes se falou do saco aparentemente sem fundo de Abramovich. O dinheiro do sheiks ajuda muito, claro que sim, mas é ilusório pensar que se catapulta um clube à dimensão que o City tem atualmente injetando para lá dinheiro. O Abu Dhabi United Group assumiu o controlo do Manchester City FC em 2008. Fizeram-se compras astronómicas, contratações milionárias, mas o coletivo demorou a aparecer. Mancinni esteve quatro anos no banco do Ethiad e conseguiu apenas vencer um campeonato. Talvez Pellegrini tenha herdado uma estrutura mas o facto é que só com ele vimos no City uma equipa, uma unidade. O que foi sendo evidente, ao longo da temporada de 2013/14, é que todo aquele caudal de excelência ofensiva era pontualmente sabotado por fragilidades defensivas quase confrangedoras. Martín Demichelis foi o rosto dessa falha, mas o problema não estava no argentino, antes na falta de alternativas. Os Citizens deram-se ao luxo de vencer a Liga Inglesa, chegar aos oitavos-de-final da Liga dos Campeões e vencer a Taça da Liga sem poder contar com Kun Aguero por largos meses. E mesmo assim marcaram cento e sessenta e seis golos. Um número absurdo.

Acabar com as fragilidades

Manuel Pellegrini compreendeu cedo o que precisava de colmatar. Sabia até exatamente quem queria para o fazer. Desde o mercado de inverno que se falava no forte interesse em dois jogadores do FCP – Mangala e Fernando. E arrisco a dizer que se as transferências se tivessem efetuado nessa altura o City podia ter evitado o descalabro diante do Barcelona e progredir pelo menos até aos quartos da Liga dos Campeões. A mudança confirmou-se agora e, com estes reforços, o Manchester City deixa de ter pontos fracos. Eliaquim Mangala será o elemento móvel e rápido no centro da defesa, a complementar a liderança de Kompany e a experiência de Demichelis. Fernando é uma versão mais em bruto de Fernandinho, mas tão ou mais eficiente. Como se pode observar nos jogos da pré-época, ou no encontro inaugural com o Newcastle, “O Polvo” pode não ser vistoso mas cumpre quase na perfeição o seu papel: estar em todo o lado, dar a qualquer companheiro a sensação de ter as costas protegidas. Fernando vai roubar muitas bolas, incomodar muitos adversários, dar o corpo ao manifesto e travar as jogadas de perigo. Vai fazer faltas, contém com isso, e os adeptos do City vão adorá-lo. Ele garante o trabalho de sapa que permite a Yaya Touré – ou até Fernandinho libertar-se. Pellegrini foi também buscar Bacary Sagna ao Arsenal para reforçar a lateral direita. Terá ainda o bónus de poder contar com a experiência de Frank Lampard – agora jogador do New York City, da MLS americana – por empréstimo até Janeiro. E contratou um homem em quem confia, e que conhece bem dos tempos do Málaga, para fazer sombra à posição de Joe Hart entre os postes. Não falha nada, não lhes falta nada.

Sair na frente

O City está, este ano, na situação ideal. Tudo o que é essencial se mantém – equipa técnica, base do plantel, dirigentes. Apesar das limitações do “fair play financeiro”, dinheiro não é problema para os azuis de Manchester. Pellegrini sabia exatamente o que queria e foi atrás. Enquanto outros candidatos ainda passam pelo processo negociar e integrar diversos reforços para construir uma espinhal dorsal, os Citizens limitaram-se a afinar a máquina. Estão prontos a produzir desde o apito inicial, como ficou evidente diante do Newcastle United. O futebol é feito de surpresas mas até prova em contrário, o City, a par do Chelsea, leva vantagem na saída das boxes. Vemo-nos na meta.

Boas Apostas!