Em semana de regresso da Liga NOS, abordamos aquilo que cada um dos clubes fez durante este mercado, preparando-se para atacar um campeonato que terá vários motivos de interesse. No texto sobre a segunda metade da tabela classificativa, abordamos as equipas que se classificaram entre 10º e 16º na temporada passada, mais os dois primeiros classificados da Segunda Liga, o Tondela, que se estreia na competição, e o União da Madeira, que regressa à competição máxima do futebol português vinte anos depois.

Manter e melhorar

Yazalde Rio Ave

Yazalde de regresso a Vila do Conde

Quatro equipas entram na nova temporada com o objetivo claro de melhorar a sua performance do ano passado. Na frente de todas as outras, o Rio Ave, para quem o 9º lugar alcançado em 2014/15 terá sido uma pequena desilusão para os vilacondenses. A equipa perder alguns elementos fundamentais, como Tiago Pinto, Ukra ou Diego Lopes, mas também terá no plantel um conjunto de elementos que pode fortalecer as suas apostas. Yazalde, Pedrinho e Héldon podem encontrar no Rio Ave a base certa para relançar as suas carreiras, enquanto Kayembe, Guedes ou Aníbal Capela poderão fazer desta uma grande temporada.

O Moreirense é uma das grandes curiosidades desta Liga, tentando perceber-se se Miguel Leal poderá fazer ir esta equipa para lá das capacidades estruturais do clube. É um desafio exigente, sobretudo para quem vê um plantel sofrer tantas mexidas, mas a experiência de Filipe Gonçalves ou André Micael, conjugada com a juventude de Boateng, Iuri Medeiros e João Palhinha, poderá oferecer a este técnico o grupo perfeito para lutar por algo mais.

Também à procura de fazer bem melhor está a Académica, que aposta forte em manter o efeito José Viterbo na nova temporada. É uma prova às qualidades de um treinador que demonstrou dominar a componente psicológica, mas precisa, a trabalhar desde o início da temporada, revelar outras qualidades. Bouadla parece ser uma aquisição que promete, Gonçalo Paciência e Leandro Silva são dois jovens que buscam a revelação, mas a grande chave desta equipa poderá estar na forma como surgirão atletas como Rabiola, Emídio Rafael ou Nii Plange. Se Viterbo continuar a fazer “milagres”, os Estudantes podem sonhar alto.

Finalmente, o Arouca, com Lito Vidigal, também está apostado em deixar para trás as aflições da última temporada. A grande contratação parece mesmo ser o treinador, que o ano passado levou o Belenenses à Europa e que tem deixado excelente cartel em todos os lugares onde passou. Ivo Rodrigues poderá ser um elemento central na equipa arouquense, tal como se espera muito de Maurides, irmão de Maicon (FC Porto) e jovem promessa do Internacional de Porto Alegre. Conseguir um campeonato sossegado poderá ser, mesmo, o teto das ambições de um clube como o Arouca.

Pela sobrevivência, lutar, lutar!

Só duas equipas cairão, no final da temporada, na Segunda Liga, sendo que, à partida, são cinco os conjuntos que poderão apresentar maiores probabilidades de fazer parte desse lote. Assim, lutar pela sobrevivência será a missão, semana após semana.

O Estoril Praia cai neste lote depois de, no ano passado, ter perdido um pouco o balanço que trazia de temporadas anteriores, errando na substituição de Marco Silva, e de neste verão se ter deixado levar no desejo de venda da equipa pelo atual dono. Começando mais tarde a preparação e sem a mesma capacidade de investimento, surpreendeu ver chegar um jogador como Bruno César para a equipa. De resto, com contratações no Brasil ou nas divisões secundárias, o Estoril acredita na fórmula que o trouxe ao sucesso, numa época que tem tudo para ser a mais difícil dos canarinhos desde que regressou ao topo.

Petit Boavista

Petit quer voltar a fazer história

O Boavista é outra equipa que estará na luta pela sobrevivência, depois de, no ano passado, Petit ter sido o grande obreiro do trabalho de transformação de uma equipa de 2ª Divisão B num conjunto que conquistou o direito à manutenção. Continua a aposta em alguns valores estrangeiros, com parcerias que no ano passado resultaram, mas a exigência também subiu bastante, numa equipa que já não será uma surpresa para ninguém. Apesar de cair nesta luta, os boavisteiros parecem revelar a fibra necessária para voltarem a terminar a temporada em festa.

O Vitória de Setúbal tem resistido à queda com imensas dificuldades e, este ano, não se espera que a história seja muito diferente. Quim Machado chega de uma realidade bem diferente e, olhando para os reforços da equipa, acredita-se que muitas das esperanças estarão em casos como André Claro, Fábio Pacheco ou Rúben Semedo e a sua capacidade para se fixarem como referências. Apostando, ainda, num desconhecido mercado árabe, com um saudita e dois líbios, os sadinos não poderão distrair-se no cumprimento dos seus objetivos.

Depois de conquistado o título da Segunda Liga, o Tondela é mais um caso de um pequeno clube que, com a administração certa e uma gestão de pormenor, consegue alcançar o topo do futebol nacional. Regressa com Vítor Paneira no comando, um técnico que provou, nas divisões secundárias, merecer mais atenção, e procurou reforçar-se com uma série de jogadores que têm experiência a este nível, como são os casos de Berger, Jones, Tinoco, Wagner, Kaká ou Luís Alberto. Chegam também alguns jovens muito promissores com ligação ao Benfica, como Guzzo, Murillo e Romário Baldé, numa luta complicadíssima para se aguentar à tona.

Finalmente, o União da Madeira, um dos casos de análise mais complicada da Liga NOS deste ano. Sem ter estádio próprio, os unionistas andarão entre a Ribeira Brava e a Camacha para disputar as suas partidas. Para além disso, o plantel também conta com muitos desconhecidos do futebol nacional, sendo que Jhonder Cádiz sobressaiu na pré-temporada, e apenas Danilo Dias, Joãozinho, Paulinho e Diego Galo poderão ajudar os seus novos companheiros a adaptarem-se às andanças desta competição. Luís Norton de Matos carrega consigo muita experiência, mas a última vez que treinou no escalão principal foi há dez anos. Para o bem e para o mal, é o União que parte com o peso de ser o grande candidato a descer de divisão.

Lê a nossa análise às restantes nove equipas da Liga NOS.