A Espanha que encantou e chegou a entusiasmar com a possibilidade de um terceiro título europeu consecutivo sai de cabeça baixa nos oitavos de final. A exibição frente à Croácia tinha deixado a semente da dúvida e Conte montou a armadilha perfeita. Quando um ídolo cai só pode ser com estrondo e La Roja deixou os espanhóis consternados. O domínio espanhol não terminou ontem, já tinha começado antes. E esta pode ser a oportunidade para a seleção espanhola baixar à terra. O primeiro a sair será Del Bosque.
A queda do pedestal

Espanha não está habituada a ser desafiada e não soube como responder.
Nem La Roja valeu a Espanha. Não bastavam os resultados eleitorais para deixar a sociedade espanhola angustiada, também a seleção, até então uma garantia de satisfação e orgulho, fraquejou. A Espanha abandona o Euro 2016 com a cabeça baixa, sem nenhum vestígio do entusiasmo inicial. Fala-se de fim de ciclo. É certo que La Roja que dominou o futebol europeu e mundial – assente num conjunto extraordinário de jogadores e um modelo de jogo entranhado – não volta mais, é irrepetível. Os mestres envelheceram e o futebol evolui. Ao contrário do que muitos pensam e defendem não atingimos o fim da história com o Barcelona de Guardiola. E esse domínio espanhol não terminou agora, já tinha dado mostras no Mundial do Brasil, há dois anos. Espanha terá que se reinventar e isso pode ser uma coisa bonita de ver.
A tática trocou as voltas a Espanha
As primeiras exibições da fase de grupos tinham deixado os adeptos entusiasmados. O mestre Andrés liderava, com classe, a banda e já se sonhava com o feito histórico: conquistar o terceiro título europeu consecutivo. Mas a exibição frente à Croácia deixou a semente da dúvida. Ontem, Antonio Conte montou a rasteira que fez La Roja cair do seu pedestal. O técnico italiano resumiu quando disse que a Itália “não é só catenaccio”. La Squadra Azzurra subiu ao relvado com a intenção clara de tirar o tapete à seleção espanhola. Foi agressiva desde o primeiro minuto, pressionando alto, incomodando a saída de bola dos centrais. La Roja não está habituada a ser pressionada e ainda menos está a jogar sem bola. Ficou completamente paralisada, sem ação. A primeira parte foi de domínio absoluto de Itália e só pecou por escassa, a vantagem no marcador. Se David de Gea podia ter feito melhor no lance do golo, não defendendo para a frente, é graças às suas intervenções que Espanha se manteve viva na partida quase até aos noventa. Na segunda parte La Roja conseguir reagir um pouco melhor. A saída de De Rossi, estourado ao fim de quarenta e cinco minutos, assim como o desgaste noutros jogadores italianos teve influência. Mas o que ficou claro foi que Espanha não tem outro modo de jogar futebol. Não se pode virar, de repente, para um jogo mais direto ou tentar acrescentar velocidade e intensidade – são coisas distintas – quando há anos a fio isso não se pratica.

O anúncio oficial está dependente das movimentações na cúpula da Federação Espanhola, mas a saída é certa.
A reforma de Don Vicente
A saída de Vicente del Bosque ainda não foi formalmente anunciada mas já estava marcada para o final do Europeu, agora torna-se ainda mais inevitável. Sai com um título Mundial, na África do Sul, e o do último Europeu. Segundo as informações, dizendo adeus definitivo ao futebol. A reinvenção da seleção espanhola de futebol começará por aqui, pela escolha do próximo a orientá-la no desafio que arranca já em setembro, a qualificação para o Mundial da Rússia. Os jornais de hoje falam do nome de Joaquín Caparrós, como estando na calha para ocupar o cargo. Supostamente, o treinador terá recusado propostas de clubes de La Liga, com essa expetativa.
Foram anos fantásticos para La Roja. Dois campeonatos europeus intercalados por uma vitória no Mundial e um futebol que deliciava adeptos em todos os pontos do globo. Não podia durar sempre. Por mais que custe reconhecer, ganhar sempre é a aberração.
Boas Apostas!