A jornada não podia ter corrido mais de feição ao Real Madrid. Os Colchoneros perderam, os Culé empataram e os Merengues golearam o Sevilla no Santiago Bernabéu. Um dos heróis do fim semana para os adeptos Blancos foi Keylor Navas. O guarda-redes defendeu um penálti – é já o terceiro – que podia ter igualado a partida e fez outras defesas importantes ao longo do jogo. Antes de partir para representar a Costa Rica não deixou de agradecer a confiança da equipa técnica, em particular o apoio precioso de Luis Llopis.
Keylor (também) resolve
O Real Madrid dificilmente poderia ter imaginado melhor desfecho para o fim de semana. Antes do plantel se repartir em todas as direções para os trabalhos da seleções, viu o rival de Madrid perder pontos no terreno do Sporting Gijón, que bem precisa deles. Na mesma jornada, o líder Barcelona foi dividir os pontos com o Villarreal. E para terminar em beleza os Merengues garantiram um triunfo por 4-0 no Sánchez Pizjuan, um reduto duro para visitantes. Os jornais de segunda-feira louvam a tripla BBC mas juntam-lhe outro herói: Keylor Navas. O guarda-redes defendeu um penálti de Kevin Gameiro, aos trinta e sete minutos, que podia ter anulado a vantagem que Benzema começou a construir logo à abrir a partida. Em quatro penáltis que enfrentou pelo Real ao longo da temporada, o guardião costarriquenho parou três. E a importância das defesas de Navas tem-se vindo a tornar determinante neste ressurgimento da equipa, em particular na Liga dos Campeões.
No regresso à competição o Real visita o Camp Nou. Que diferença esta conjugação de resultados pode fazer na confiança da equipa, que certamente ainda tem bem fresca na memória a humilhação dos 4-0 no Bernabéu!
As bancadas dedicam-lhe cânticos, coisa não muito habitual para um guarda-redes, e os analistas não lhe poupam elogios. Só a direção de Florentino não vai à bola com o estilo discreto, sensato e eficiente do titular da baliza Merengue.
A sombra de De Gea
Keylor Navas assinou pelo Real Madrid no verão de 2014, depois do ter encantado o mundo com as suas exibições no Mundial do Brasil, na baliza da Costa Rica. Foi, sem dúvida, uma das figuras dessa campanha memorável dos Ticos. Transferiu-se do Levante e nessa altura era bem claro que vinha para ser segunda opção. Navas fez o seu trabalho e esperou. O seu momento chegou quando Iker Casillas aceitou transferir-se para o FC Porto no final da temporada passada. Como se não bastasse a responsabilidade de assumir a baliza dos Merengues, substituindo uma lenda viva do clube, o costarriquenho ainda teve que passar pela situação caricata da direção do clube madrileno o tentar despachar. Keylor Navas, contra sua vontade, foi incluído num negócio que envolvia a transferência de David de Gea para o Bernabeú, com o atual homem do Real a fazer o caminho inverso, para Old Trafford. A coisa caiu no último dia do mercado, por incompetência burocrática, mas volta e meia alguém levanta de novo a lebre e percebe-se que Florentino Pérez não desistiu da manobra.
Aqui há dedo de Llopis
Quando Navas fez questão de agradecer a confiança que o staff de treinadores nele tem depositado não se estava a referir só a Zinedine Zidane. O agradecimento ia direitinho para Luis Llopis, que acompanhou o antigo internacional francês do Casilla para Valdebebas. Llopis, para muitos considerado um dos melhores treinadores de guarda-redes do mundo tem um método muito próprio, destinado a explorar as qualidades próprias de cada jogador. No caso de Keylor, com quem já tinha trabalhado no Levante, são os reflexos, a capacidade de reação e a rapidez. A filosofia passa por preparar os guardiões com situações de jogo mas num sentido mais abrangente. Ele que que os seus guarda-redes sejam mais um jogador do grupo. Precisam de ter técnica e táctica para se envolver no jogo da equipa como um todo. Ler o jogo, fazer coberturas, apoiar os laterais ou iniciar lances de transição, tudo isto é também função de um guarda-redes do futebol moderno.