Em 2006 a Itália quebrou um jejum de 24 anos, conquistando o seu 4º título mundial em terras germânicas. Uma vitória suada com muita raça e coração à mistura.

À Squadra Azzurra valeu-lhe uma máxima do futebol. O ataque vence jogos, a defesa vence campeonatos. Em toda a prova a Itália só sofreu 2 golos.

Vendetta

A Itália queixava-se da arbitragem do Mundial de 2002 onde ficou pelos oitavos-de-final, frente à Coreia do Sul. As expectativas para o Mundial na Alemanha não eram as melhores. Marcelo Lippi comandava uma selecção envelhecida, sem as referências de outros tempos. Aliado a este factor, o país vivia ainda um escândalo de manipulação de resultados que abalou o futebol italiano.

A Itália estava longe de ser favorita perante selecções como o Brasil, Alemanha, França, Holanda e Espanha. A falta de pressão permitiu à Itália desenhar a sua caminhada até ao título.

Caminhada

A Itália chegou ao Mundial depois de terminar em 1º lugar na fase de qualificação com 23 pontos num total de 7 vitórias, 2 empates, 1 derrota, com 17 golos marcados e 8 sofridos. Noruega, Escócia, Eslovénia, Bielorrússia e Moldávia foram os adversários que ficaram pelo caminho.

No Mundial, Itália, Gana, República Checa e Estados Unidos constituíram o Grupo E. Lippi moralizou o grupo e os jogadores interiorizaram a mensagem. O caminho estava definido, chegar à final em Berlim.

O Gana foi primeiro adversário da Itália num jogo marcado pela postura defensiva do Gana. Pirlo abriu o marcador aos 40 minutos e Iaquinta, aos 83, estabeleceu o resultado final em 2-0. Primeira vitória.

No jogo seguinte os italianos enfrentaram os EUA com uma primeira parte cheia de emoções. Gilardino aos 22 minutos fez o 1-0 e os EUA responderam logo de seguida, aos 27 minutos beneficiaram de um ineficiente alívio de Zaccardo que acabou na própria baliza. Aos 28 minutos, De Rossi foi expulso e só conseguiu jogar na final, recebendo 4 jogos como castigo. Pablo Mastroeni, dos EUA, recebeu ordem de expulsão aos 45 minutos e, no início do segundo tempo, Eddie Pope também foi expulso. O jogo terminou empatado 1-1.

No último jogo da fase de grupos, a Itália confirmou a liderança diante da República Checa, vencendo por 2-0, com golos de Materazzi, aos 26, e Inzaghi, aos 87. 7 pontos, 5 golos marcados e apenas 1 sofrido.

Até Berlim

Itália 2 - 0 Alemanha 2006

Repetindo a final de Espanha ’82, a selecção italiana superou-se à selecção alemã, a jogar em casa, e ganhou por 2 a 0, abrindo as portas da final

Chegava a fase a eliminar, com a Itália a ter de ultrapassar a Austrália nos oitavos-de-final.

A Squadra Azzurra sentiu dificuldades perante uma selecção que já tinha dado muito trabalho ao Brasil na fase de grupos. Materazzi foi expulso aos 51 minutos e, quando tudo parecia encaminhado para o prolongamento, surgiu uma grande penalidade para a Itália aos 90 minutos. Totti marcou e a Itália seguiu para os quartos-de-final onde iria defrontar a Ucrânia. A Ucrânia criou menos perigo do que a Austrália e acabou por sair derrotada por 3-0. Zambrotta inaugurou aos 6 minutos e Luca Toni bisou aos 59 e 69.

A Itália estava a um pequeno passo de chegar à final de Berlim mas, para isso, teria de eliminar a anfitriã Alemanha nas meias-finais, naquele que se previa ser o jogo mais complicado durante o percurso italiano. Dois rivais históricos disputavam o acesso à final onde procuravam conquistar o tetracampeonato. A Alemanha queria vingar a final perdida no Mundial de 1982, em Espanha, frente à Itália, e ultrapassar a selecção de Marcelo Lippi em títulos. Para os italianos, uma vitória frente à Alemanha elevava os índices de confiança e chegariam à final com o estatuto de favoritos.

O jogo foi bastante equilibrado e competitivo com a Itália a dominar na posse de bola. Finalizados os 90 minutos, o resultado manteve-se inalterado. Faltava apenas um minuto para o desempate das grandes penalidades quando a Itália, na sequência de um pontapé de canto, chegou ao golo histórico. Na recarga, Pirlo assistiu Grosso que aproveitou para fazer o 1-0. A poucos segundos do fim, Cannavaro recuperou uma bola no meio-campo defensivo e iniciou um contra-ataque que terminou no golo de Del Piero. A Itália venceu 2-0 e estava na final de Berlim onde iria decidir, frente à França, o título de campeão mundial de 2006.

24 Anos Depois

Itália 1 - 1 França 2006

Um grande Mundial e um grande jogo que ficariam, invariavelmente, marcados por este acto irreflectido de Zinedine Zidane sobre Materazzi

O Olympiastadion foi o palco de uma das finais mais emocionantes da história do futebol.

A França tinha conquistado o título em casa, em 1998, mas foi o seu percurso até à final que mais surpreendeu, deixando para trás a Espanha, Brasil e Portugal.

A Itália procurava quebrar um jejum de 24 anos e vingar-se da final perdida no Europeu de 2000, frente à França.

A selecção comandada por Raymond Domenech entrou mais forte no jogo e beneficiou de uma grande penalidade logo aos 7 minutos. Zidane converteu de forma exímia e colocou a França em vantagem.

A Itália encontrava-se em desvantagem pela primeira vez no Mundial mas a resposta não tardou. Aos 19 minutos Pirlo cobrou um canto e Materazzi, nas alturas, fez o golo do empate. O 1-1 perdurou até ao final do jogo. No prolongamento Zidane foi protagonista por motivos distintos. Num cabeceamento esteve muito perto de fazer o 2-1, não fosse Buffon a defender. Minutos depois, o número 10 francês perdeu a cabeça e agrediu Materazzi, recebendo ordem de expulsão aos 110 minutos.

O campeão só seria encontrado através do desempate por grandes penalidades pela segunda vez na história dos Mundiais. A primeira aconteceu em 1994, com a Itália a perder para o Brasil. Desta vez a história seria diferente. Pirlo, Materazzi, De Rossi, Del Piero e Grosso foram os transalpinos escolhidos por Lippi para apontarem as grandes penalidades. Nenhum falhou. Ao contrário, do lado da França, Trezeguet falhou. Grosso foi quem marcou a grande penalidade decisiva, 5-3 e, a azzurra, sagrava-se tetracampeã.

Boas Apostas!