A Islândia foi uma das selecções que mais se destacou na Fase de Qualificação e na Fase de Grupos do Campeonato da Europa. Considerada por muitos uma das selecções facilmente a ser eliminada na Fase de Grupos, os islandeses provaram o contrário ao qualificarem-se até às eliminatórias deste Euro 2016 como 2º classificados, demonstrando que não precisam de nenhuma estrela para praticarem um bom futebol. Agora, com a Inglaterra pela frente nos oitavos de final, a Islândia está já, para muitos, eliminada da prova. Contudo, aqui estão 5 razões em como Roy Hodgson e a sua equipa têm motivos para ter cuidado:
1. Heimir Hallgrimsson, o treinador adjunto de cabeça fria

Jon Dadi Bodvarsson coloca a Islândia em vantagem ao minuto 18, contra a Áustria.
A Islândia não só se qualificou à fase de eliminatórias no seu primeiro Campeonato da Europa, como também conseguiu terminar em 2º lugar do Grupo F, onde fazia parte a selecção de Portugal, depois de desempatarem o marcador aos 94 minutos no jogo contra a Áustria, cortesia de um remate de Arnor Ingvi Traustason. Hallgrimsson, que dirige a selecção islandesa como o sueco Lars Lagerback, veio prontamente fazer uma calma e elegante avaliação a este momento ofegante vivido pela sua selecção, e lembrar que o foco da equipa já se encontrava em enfrentar a Inglaterra na segunda-feira, em Nice.
O treinador adjunto falou acerca da necessidade dos seus jogadores descansarem antes da viagem até à Costa Azul, ou Riviera Francesa, e avisou ainda que poderão tirar proveito do facto de terem conseguido lidar com a incontrolável atmosfera vivida no Stade de France, na quarta-feira, quando enfrentarem a equipa de Roy Hodgson. Mesmo quando questionado sobre o significado da vitória sobre a Áustria, Heimir Hallgrimsson respondeu com sentido de humor e disse que o feriado nacional da Islândia devia ser alterado de 17 de Junho para dia 22 de Junho, dia da vitória sobre os austríacos. Além dos momentos de humor, destacou-se ainda a sua indiferença ao encolher os ombros quando questionado sobre o comentário de Cristiano Ronaldo que dizia ser pequena a mentalidade da Islândia. O adjunto islandês demonstrou que aqui não existe qualquer complexo de inferioridade.
2. Sabem criar passes, fazer movimentações e executar contra-ataques
O “desprezo” de Cristiano Ronaldo em relação à Islândia, afirmando que tinham mentalidade pequena, derivou do modo como os islandeses actuaram contra Portugal na 1ª jornada do Grupo F, terminado empatados por 1-1. No entanto, a exibição de quarta-feira veio desmentir isso mesmo. A sequência fluida que fazia a bola movimentar-se de Birkir Bjarnason para Gylfi Sigurdsson para Johan Gudmundsson e que permitiu a este avançado do Charlton Athletic o espaço necessário para disparar um remate forte, para o lado do poste direito do guarda-redes austríaco Robert Almer, inaugurando o marcador aos 18 minutos da 1ª parte, veio demonstrar isso mesmo.
Este golo no início do jogo quebrou a Áustria ao meio quando estes tinham entrado em campo com o intuito de defenderem com muitos jogadores atrás da linha da bola. Contudo, o golo tardio de Traustason proveio de um estilo de jogo completamente oposto: um rapidíssimo movimento de demarcação. Nesta jogada, a bola foi recuperada por Theodor Elmar Bjarnason, que correu com a bola pelo flanco direito em rápido contra-ataque, executando um passe perfeito para o avançado de 23 anos converter, de primeira, em golo à entrada da pequena área.
3. Força bem equilibrada
A vitória da Islândia foi criada através de duas substituições feitas na 2ª parte, em que entrou Bjarnason, aos 71 minutos, e Traustason, aos 81 minutos. Roy Hodgson esteve em Paris na quarta-feira mas não assistiu ao jogo, preferindo, aparentemente, tirar o dia para passear. Portanto, quando este assistir às filmagens do jogo e ler os relatórios dos observadores em relação à Islândia, o treinador da selecção inglesa deverá ter em conta a forma como Hallgrimsson e Lagerback usaram todas as três substituições no jogo contra a Áustria, com o defesa Sverrir Ingi Ingason também a entrar aos 86 minutos para reforçar a defesa.
Traustason merece então uma atenção especial, sendo possuidor de um grande potencial que pode trazer consequências, visto que este jovem de 23 anos não se estreou ao serviço desta sua selecção até esta se qualificar ao Campeonato da Europa. Ainda assim, este jogador demonstrou um hábil sentido posicional e um bom ritmo de jogo ao correr praticamente todo o comprimento do campo nos últimos segundos do jogo para pôr fim à selecção austríaca.
4. A ligação com os seus adeptos

Uma em cada 33 pessoas da Islândia esteve presente no Stade de France a apoiar a sua selecção.
A Islândia tem uma população total de 330 mil pessoas, e à volta de 10 mil islandeses estiveram presentes no Stade de France, ou seja, uma em cada 33 pessoas desta nação esteve presente a apoiar o seu País em França. Kari Arnason, oficialmente o homem do jogo de quarta-feira, sublinhou este facto quando falou de que sabia que quase “metade” do seu povo esteve lá a dar-lhes o seu apoio. Mesmo num desporto conhecido pelo fanatismo dos fãs, esta é uma relação única de respeito e carinho.
5. Enfrentar Inglaterra poderá inspirá-los
Apesar das estrelas como Wayne Rooney, Daniel Sturridge, Joe Hart e todo o resto da equipa inglesa, Hallgrimmsson acredita estar equipado com grandes jogadores capazes de intimidar a equipa inglesa, o que poderia elevar a nação. Jon Dadi Bodvarsson, jogador que inaugurou o marcador conta a Áustria, exprimiu o sentimento sentido pelos jogadores da sua selecção quando disse: “Para mim, a Inglaterra é uma equipa de sonho, é a equipa por quem eu torcia quando era jovem ao ver os Campeonatos da Europa e do Campeonatos do Mundo, por isso vai ser fantástico enfrentá-los.” A alegria com que expressou estas palavras aponta de antemão para a enorme liberdade com que a Islândia irá actuar contra Inglaterra. Segunda-feira promete ser um jogo difícil para os dois lados.
Boas Apostas!