O Benfica pode falar de um fim-de-semana perfeito, já que, na quinta jornada da Liga NOS, venceu no seu estádio enquanto os restantes conjuntos que estavam nos primeiros quatro lugares perderam, todos, pontos. A derrota do Sporting, em Vila do Conde, pelos números e pela exibição, terá sido aquela que mais surpresa terá causado, ainda que seja preocupante para os portistas a incapacidade de sair do 0-0 em Tondela.
Num jogo equilibrado, vale a consistência
Mesmo revelando algumas dificuldades naturais no início de época, mais, se pensarmos à luz do número de jogadores entregues ao departamento clínico dos encarnados, o Benfica é a equipa que estará mais bem preparada para vencer num campeonato onde se vai jogando um futebol mais focado no ataque do que na defesa. A partida perante o Braga comprovou isso mesmo, começando até com mais oportunidades para o lado dos minhotos, mas resgatada pela capacidade do Benfica em travar o ímpeto adversário, sobretudo no momento em que perdia a bola. É que o conjunto de Rui Vitória é a equipa que, neste momento, mais depressa e com mais qualidade passa do processo ofensivo para o processo defensivo em Portugal.
Mitroglou marcou ainda na primeira parte e na reação do Braga, Júlio César demonstrou que estava também difícil de ultrapassar. Na segunda metade, o Benfica não desistiu de aumentar a sua vantagem perante um conjunto de José Peseiro que, ainda que tentando dar algum espetáculo, revelava dificuldades para chegar à área adversário. O segundo golo do Benfica nasce da insistência dos encarnados, com Pizzi a aproveitar um ressalto num defesa do Braga para marcar. Um momento de alguma desorientação dos minhotos deu espaço para que Mitroglou voltasse a marcar e nem o tento de Rosic já em cima do minuto 90 chegou para esboçar algum tipo de colocação em causa da vitória do Benfica.
Rio Ave vence no campo tático
Vila do Conde e o seu Estádio dos Arcos são uma morada mítica do futebol nacional, onde habitualmente os grandes sentem dificuldades para vencer. As razões mais óbvias prendem-se com a mentalidade de uma equipa que joga, sempre, com a ideia que é tão forte quanto o adversário e com o vento que, na maior parte dos dias, corre do mar por aquele relvado. No entanto, este domingo, nada disso parece ter tido tanta influência como a mestria tática de Nuno Capucho perante Jorge Jesus.
O Sporting colocou-se a jeito do desastre abrindo enormes avenidas nas suas duas faixas. À direita, Schelotto a revelar problemas para recuperar dos seus devaneios ofensivos. À esquerda, Bruno César fora de posição e sem qualquer cooperação de Joel Campbell. No meio, o campo parecia demasiado largo para William Carvalho e Adrien Silva. Errado. A forma como a equipa vilacondense povou o setor deixava sempre alguém livre para criar perigo.
Curiosamente, o primeiro golo nasce de uma iniciativa de Roderick que subiu, com bola, até à área para servir Tarantini. Nos outros golos, a dupla Gil Dias/ Guedes tratou do assunto. Começou com Gil Dias a surgir, à vontade, pelo corredor central, oferecendo a Guedes a bola no espaço para fazer o 2-0. Depois com o mesmo Guedes, no corredor direito do ataque, sem oposição, a centrar para encontrar Gil Dias sem marcação ao segundo poste.
Ao intervalo, Jorge Jesus ainda tentou mexer na equipa, mas nunca recuperou o domínio de bola de forma a bater um Rio Ave que se manteve atrevido, consciente de que só pressionando os jogadores com bola é que evitaria ser apanhado em contra-pé. Uma vitória tática, científica, nas asas de jogadores geniais que sobrevivem numa morada que continuará a ser marcada pelo vento.
Porto demora a sentir a marca de NES
Preocupante exibição do FC Porto em Tondela, onde não conseguiu sair do 0-0 frente ao conjunto que, apesar do ponto somado, é o último classificado da Liga. Demora a sentir-se a marca de Nuno Espírito Santo neste conjunto, com a equipa a não conseguir produzir jogo que lhe permita criar uma verdadeira onda de oportunidades perto da baliza adversária. Com André Silva com dificuldades para sair da marcação e Depoitre ainda pouco claro naquilo que pode dar ao conjunto azul e branco, o treinador acabou a recorrer de Adrián López para o ataque final à baliza de um Cláudio Ramos que esteve em destaque. O espanhol, no entanto, confirmando a ideia deixada desde que chegou ao Dragão, também não teve resposta para chegar ao golo.