Liga ZON Sagres – FC Porto e SL Benfica viveram noites de desilusão, esta semana, na Liga dos Campeões, ao desperdiçar o fator casa frente a equipas que estão na luta direta pelo apuramento para os oitavos-de-final da competição. Ao regressar ao campeonato, ambas voltam a jogar em casa, frente a adversários complicados.

Para os portistas, não é apenas o nível do adversário. É tratar-se do Sporting. Num dos clássicos do futebol português, Paulo Fonseca não se escudará no desgaste físico de ter atuado com dez jogadores durante 85 minutos na partida frente ao Zenit. Muito provavelmente, também não quererá ver a sua equipa de cabeça baixa devido à derrota. É outro jogo, outro cenário, outro objetivo. Não se tratando de uma partida tão determinante como a disputada na terça-feira, terá, no entanto, o peso de ser um jogo frente a um adversário que está em crescendo de forma e de afirmação.

Herrera FC Porto

85 minutos com menos um

O Sporting de Leonardo Jardim tem sido das equipas mais agradáveis de seguir na Liga deste ano. Boa organização e capacidade goleadora são marcas de um conjunto que mostrou, frente ao Benfica, estar este ano capaz de lutar olhos nos olhos frente aos seus históricos rivais. No Estádio do Dragão, não se esperará diferente. Os leões chegam sem pressão, até porque nada no discurso de técnico e dirigentes exige uma vitória. O foco está todo na capacidade de se mostrar igual ao seu adversário. Será, assim, bem mais do que um jogo de futebol. A luta tática levará a que ambos os técnicos lutem, milímetro a milímetro, pelo espaço disponível na intermediária, esperando que os colombianos que têm no ataque possam decidir a seu favor.

Terá um sabor cafetero, este clássico. Se Jackson Martínez aprendeu a marcar ao Sporting (e em estilo) no ano passado, Fredy Montero quererá deixar a sua marcar no estádio do rival. Vá por onde for este jogo, é quase certo que um destes jogadores possa ter uma palavra a dizer no resultado final. Os olhares estarão assim nos pontas-de-lança que fazem sonhar as bancadas. Aquele que marcar terá direito a mais uma estrela no universo de admiração de portistas ou sportinguistas.

Jorge Jesus e o labirinto

Ivan Cavaleiro Benfica

Ivan Cavaleiro vai ganhando espaço

O técnico encarnado terá percebido ontem que um jogo não se ganha apenas no relvado. Para lá de toda a possível sabedoria sobre o jogo, é fundamental que um técnico saiba ler as bancadas. E Jorge Jesus fê-lo. A perder ao intervalo, lançou o jovem Ivan Cavaleiro, naquilo que terá sido a estreia efetiva do extremo na equipa principal, depois da participação no jogo da Taça de Portugal num onze mais B do que A. Para além de Cavaleiro, a exigência perante os seus jogadores de uma atitude mais assertiva revelou o regresso do espírito encarnado, que mesmo tendo empatado a uma bola com o Olympiacos, deixando em perigo o apuramento para os oitavos da Liga dos Campeões, saudou a equipa com um forte aplauso no final dos noventa minutos.

No próximo domingo, ao receber o Nacional da Madeira, Jorge Jesus terá que continuar a saber como lidar com a sua atual realidade: uma equipa que joga mal, que tem dificuldades em afirmar a sua melhor atitude, mas que ainda vai gozando de algum crédito das bancadas. Será fundamental vencer esta partida, aproveitando a inevitável perda de pontos de um dos seus diretos adversários na corrida pelo título. Manuel Machado, que tem neste jogo a necessidade de esquecer o desaire da Taça de Portugal, tudo fará para deixar Jesus em piores lençóis. O veredito final das bancadas poderá ser fundamental para levar Jorge Jesus a salvar-se ou a perder-se, definitivamente, nas curvas e contracurvas desta temporada.

Boas apostas!