Um final inesperado para o clássico que decidia a Liga ZON Sagres, com Kelvin a marcar o golo que oferece a dianteira aos Dragões, agora única equipa a depender apenas de si para chegar ao título. Quanto aos encarnados, uma derrota difícil de digerir, com Jorge Jesus no centro da polémica quanto à sua abordagem ao jogo.

Vítor Pereira ganha com plano B

O técnico portista recuperou o ânimo e a confiança na possibilidade de somar mais um título, depois de ter visto a sua equipa virar o resultado e vencer o Benfica, na partida da 29ª jornada da Liga ZON Sagres. Um jogo muito equilibrado e com poucas oportunidades de parte a parte, entre duas equipas que encaixaram perfeitamente dentro do relvado. O FC Porto jogou com o seu habitual 4x3x3, com Varela a surgir do lado esquerdo como extremo mais preocupado com missões defensivas, enquanto Fernando era chave num meio-campo sobrepovoado. O Benfica aparecia em campo com apenas um avançado, Lima, com Gaitán a jogar nas suas costas, Ola John a cobrir o flanco esquerdo, preocupado com Danilo mas também a ajudar André Almeida no controlo posicional de James. O lateral esquerdo improvisado por Jorge Jesus garantia melhor cobertura defensiva, com Enzo Pérez e Matic a garantirem supremacia sobre João Moutinho e Lucho González.

golo de Kelvin FC Porto

Kelvin já rematou para o golo do FC Porto

O Benfica marcou primeiro, com Lima a aproveitar uma falha defensiva de Danilo, depois de um ressalto de bola no meio da área. O golo do FC Porto, sete minutos depois, teve também uma origem fortuita, já que um centro de Varela embateu em Maxi Pereira e Artur antes de tocar as redes. De resto, os encarnados davam o controlo da bola ao FC Porto, enquanto jogavam com o relógio, de uma forma bem mais lenta do que aquela que carateriza o ADN dos benfiquistas. O FC Porto, tendo que vencer, não conseguia gerar suficientes oportunidades, sendo que o jogo se ia desenhando para um empate, resultado favorável ao Benfica.

As trocas de Jorge Jesus fizeram com que os encarnados recuassem um pouco no terreno, já que chamou Roderick para o lugar de Gaitán, deslocando Enzo Pérez para o ângulo mais avançado do meio-campo. Quando Cardozo entrou para o lugar de Lima – refrescando a ofensiva, mas, ao mesmo tempo, tirando velocidade no contra-ataque,- o FC Porto mexeu por necessidade, com Defour a ocupar o lugar do lesionado Fernando. Mas é a entrada de Kelvin para o lugar de Lucho González – uma sombra física daquilo que foi – que mudou o rumo do encontro. Nessa fase, o Benfica até parecia conseguir congelar o jogo, mas o FC Porto conseguiu encontrar espaço para dar resposta ao melhor Benfica. Quando Vítor Pereira lançou Liedson para o lugar de Danilo, o desespero parecia justificar um ato que, no relvado, quase ninguém parecia possível. O de marcar um golo nos derradeiros minutos.

A oportunidade surgiu quando, em tempo de descontos, o FC Porto conseguiu voltar a ultrapassar a linha do meio-campo, com Liedson a surgir solto na faixa esquerda, controlado por Luisão, tocando para o centro onde Kelvin, perante frágil oposição de Roderick, rematou cruzado para o golo. Banho de água fria para um ajoelhado Jorge Jesus, que viu a sua ideia de controlo da partida desfazer-se no remate do jogador da equipa B do FC Porto. Vítor Pereira, esse, corria pelo relvado, em lágrimas, provando o sabor de uma vitória que, nas últimas semanas, parecia já demasiado longe. A Liga ZON Sagres encontrava assim um novo líder e juntava-lhe razões para uma derradeira jornada emocionante.

Paços de Ferreira na Liga dos Campeões

Manuel Jose Paços Ferreira

Manuel José carimbou o bilhete para a Liga dos Campeões

Uma das boas histórias desta Liga, o Paços de Ferreira garantiu esta semana a sua presença na Liga dos Campeões. O apuramento foi confirmado depois do empate em Coimbra, perante uma Académica que viu nesse ponto o alcançar da manutenção na Liga ZON Sagres. O Paços abriu o marcador aos 55 minutos, com golo de Manuel José, com Edinho a empatar aos 72 minutos, na marcação de uma grande penalidade. Por essa altura, em Braga, vivia-se a esperança de uma recuperação, já que Hugo Viana tinha aberto o marcador para os minhotos. No entanto, o Nacional da Madeira marcou três golos em três minutos (!), por intermédio de Keita, João Aurélio e Mateus, colocando a equipa de José Peseiro, definitivamente, na quarta posição.

O derradeiro lugar europeu, que dá direito à Liga Europa, será decidido entre Estoril e Rio Ave. A equipa da Linha venceu o Beira-Mar por 2-1, enquanto os vila-condenses alcançaram o mesmo resultado frente ao Gil Vicente. De fora ficará o Sporting, que mesmo vencendo por 1-0 frente ao Olhanense, com golo de Diego Capel, não terá possibilidade de superar os estorilistas na tabela. Quanto à luta pela manutenção, tudo ficou adiado, também, para a última jornada da Liga ZON Sagres.