Depois de impressionar nos dois primeiros jogos, ao ponto de ser unanimemente apontada como a melhor seleção deste Euro 2016, a Espanha baixou a guarda e foi surpreendida. A Croácia, sem Modric, ultrapassou pela direita e venceu o grupo D empurrando os espanhóis para um confronto com a Itália nos oitavos de final. Caiu o Carmo e a Trindade no país vizinho.

Derrota expõe o lado negro de Espanha

Espanha junta-se ao lado menos recomendável do quadro, onde já estão Alemanha, França Itália e Inglaterra.

Espanha junta-se ao lado menos recomendável do quadro, onde já estão Alemanha, França Itália e Inglaterra.

A noite de terça-feira foi épica no Europeu de França. O encontro entre Espanha e Croácia era um dos mais esperados em virtude da qualidade dos intervenientes. Havia o receio de incidentes, anunciados pelos Ultras croatas, mas o dramatismo aconteceu todo dentro das quatro linhas. Sem Modric, a recuperar de um problema na virilha, Ante Cacic optou por poupar outros jogadores titulares. Mas os que entraram não facilitaram. Pelo contrário, Vicente del Bosque resolveu manter o mesmo onze.

No papel a Espanha não levantava o pé do acelerador mas na prática foi exatamente o que aconteceu. O apuramento já estava garantido e às tantas a seleção espanhola acreditou na tese do arranjinho, já que um empate servia às duas partes. Mas os croatas não estavam pelos ajustes, os azares acontecem e La Roja acabou derrotada. O resultado teve outras implicações. O segundo lugar do grupo atira-os para o lado mais difícil do quadro, onde começam por encontrar a Itália, já nos oitavos de final. O deslize frente à Croácia teve ainda outra consequência. Fez borbulhar e vir à superfície o lado negro de Espanha.

Culpados, precisam-se!

O penálti desperdiçado por Sergio Ramos podia ter mudado o sentido do jogo.

O penálti desperdiçado por Sergio Ramos podia ter mudado o sentido do jogo.

Começaram por ser despromovidos de bestiais a bestas, um clássico. A equipa que dias antes tinha enchido as medidas de todos, afinal, agora, não tem ponta por onde se pegue. Volta a polémica dos guarda-redes. Rebentou a bolha de David de Gea, que com o escândalo sexual recente era um acidente à espera de acontecer, e volta os saudosistas que não se conformam com ter Iker Casillas no banco. Outra polémica, logo ali ao lado é a que questiona a legitimidade para Sergio Ramos bater o penálti. Supostamente, caberia a Iniesta mas Ramos estava confiante. O arroubou, o ser um defesa com “alma de avançado”, é uma imagem do central do Real Madrid. Se tivesse entrado todos estariam a louvar a sua coragem e iniciativa. E para terminar, a cereja em cima do bolo. Piqué mostrou o dedo durante o hino! (Dito assim só reforça o ridículo da indignação.) Enquanto alguns dos companheiros cantavam a plenos pulmões “Viva Espanha!”, o independentista catalão confesso não entrou no coro. A passagem da camara apanha Piqué a coçar a mão direita, num momento em que o dedo médio de destaca, esticado. Tudo serve para alimentar a histeria.

Quem não é espanhol e portanto não vive isto com tanto drama, sabe que este percalço até pode ser benéfico. Põe-nos a todos em alerta. E ao mesmo tempo estão os italianos e Antonio Conte a pensar: raios, este choque vai-nos sair do corpo. Certo é que este deslize empurra Espanha para o lado errado do quadro, o mesmo onde estão alemães, franceses, italianos e ingleses. Mas esta seleção tem capacidade para chegar até ao fim e assegurar o terceiro campeonato da Europa consecutivo.

Boas Apostas!