A Espanha dominou durante cento e vinte minutos mas foi incapaz de criar perigo. A Rússia jogou com as armas que tem, conseguiu o empate e esteve defensivamente irrepreensível. No momento dos penáltis, Akinfeev foi a estrela, defendendo os remates de Koke e Iago Aspas. Mais um candidato ao título que fica pelo caminho.
Selecionadores a inventar
Tanto Fernando Hierro como Stanislav Cherchesov resolveram inventar. La Roja vai a jogo sem Dani Carvajal e Andres Iniesta. É Nacho que se desloca para a lateral direita. Koke junta-se a Sergio Busquets no meio-campo e Marco Asensio ocupa o lado esquerdo onde nos acostumamos a ver Iniesta. É verdade que as pernas do médio do Barcelona já não são o que eram, a idade não perdia, mas tem outras qualidades e sente-se apreensão nos adeptos e comentadores quanto a esta opção. Claramente, o selecionador espanhol quer mais rapidez e movimentação no momento ofensivo.
Confirma-se que a Rússia alinha com três centrais – Fyodor Kudryashov junta-se à dupla que fez as partidas anteriores, Ignashevich e Kutepov – com Mario Fernandes e Zhirkov nas laterais. Mas não é a única mudança no onze. Nem Denis Cheryshev nem Yuri Gazinskiy estão no onze inicial. O plano é defender com cinco. No ataque é lançar para Dzyuba e atacar a segunda bola.
Domínio não se traduz no marcador

Mais um dos principais favoritos sai de cena demasiado cedo.
La Roja não perde um encontro oficial desde os oitavos do Euro 2016, quando foi afastada pela Itália de Conte. A primeira parte termina com setenta e dois por cento de posse de bola para os espanhóis, o que não surpreende, e uma igualdade a um, o que já não seria tão expectável. Aos dez minutos a Espanha está na frente do marcador, com um autogolo de Sergey Ignashevich. Tudo começa na marcação e um livre pela direita, na sequência da falta de Zhirkov sobre Nacho. Asensio faz o centro e o central russo está tão preocupado em anular Sergio Ramos que vira as costas à bola e acaba por fazer golo com o tornozelo.
A desvantagem é boa para o jogo. Obriga a seleção anfitriã a fazer pela vida. A cinco do intervalo, Gerard Piqué agita os braços bem alto na área, que acabam por estar no caminho da bola. Dzyuba bate David de Gea. A maior iniciativa dos russos devia abrir espaços para os espanhóis explorarem mas a verdade é que na primeira parte a formação de Hierro só fez o primeiro remate enquadrado com a baliza depois de ter perdido a vantagem.
Mais do mesmo
O segundo tempo divide-se em dois. Até aos oitenta e quatro minutos uma monotonia. A Espanha continua a controlar mas sem criar perigo, repetindo o que fez na primeira parte. Só que se antes geria uma vantagem, agora não consegue romper a igualdade. Aos sessenta começam as substituições para tentar mexer com o jogo. Cherchesov faz entrar Cheryshev, retirando Samedov. Golovin descai mais para a direita e ficam os dois nas costas do ponta de lança. Pouco depois troca Dzyuba por Fyodor Smolov, supostamente para refrescar. Perto dos setenta Hierro responde trocando David Silva por Inesta e Nacho por Carvajal. O médio do Manchester City nunca chegou a aparecer nas partidas da seleção espanhola. Aos oitenta sai Diego Costa para dar oportunidade a Iago Aspas.
Iniesta consegue criar algum desequilíbrio no lado esquerdo. Aos oitenta e quatro remata à boca da área e Aspas ainda tenta a recarga. Foi o mais perto que a Espanha esteve do golo. O jogo abre um pouco e a Rússia também tem um ou outro lado de perigo. Mas a equipa está muito recuada e desgastada fisicamente, é tudo muito lento e sem apoios, acabando por perder esses momentos. Não se evita o prolongamento.
A Espanha põe-se a jeito

A equipa russa aos pés do seu herói improvável, Akinfeev.
Pela primeira vez é utilizada a substituição extra no tempo extra e ambos os selecionadores aproveitam. Daler Kusyaev e Rodrigo Moreno vão a jogo, por troca com Erokhin e Asensio. Único ponto digno de nota neste prolongamento. Seguem-se os penáltis.
Se a Espanha esperava ter vantagem, com David de Gea na baliza, o plano saiu furado. É Akinfeev que defende dois remates – o de Koke vai à figura e o de Aspas é intercetado pela perna do guarda-redes russo – e a Espanha está fora. Mais um dos grandes favoritos que segue precocemente para casa.
Vai haver sangue no país vizinho. Hierro foi conservador e nem sequer quando a Rússia estava encostada às cordas, no prolongamento, abdicou de um dos dois médios defensivos para tentar mais qualquer coisa.
A anfitriã Rússia está nos quartos de final do Mundial caseiro. Venha a Croácia ou a Dinamarca. O céu é o limite!
Boas Apostas!