Bayern Munique – Barcelona e Borussia Dortmund – Real Madrid. Duas eliminatórias entre as quatro melhores equipas europeias, afirmando-se o eixo Germano-Espanhol como a linha a seguir para encontrar os passos do melhor futebol. Em dois jogos sem prognósticos seguros, a Alemanha recebe a primeira mão das meias-finais da Liga dos Campeões.
O futebol arte
No Allianz Arena disputa-se a primeira mão da eliminatória onde o futebol parece aproximar-se das formas de arte.
Do lado germânico, uma arte ofensiva, que busca na genialidade dos seus extremos, que executam a toda a velocidade, alimentar um futebol que visa a baliza adversária como uma presa a conquistar. Com um meio-campo muito forte fisicamente, onde Javi Martínez, Schweinsteiger ou Luís Gustavo conseguem, simplesmente, matar qualquer vida adversária, os alemães atacam em bloco e em força. Robben e Ribéry têm ainda Muller como peça rotativa na condução da bola para um ponta-de-lança, que costuma ser Mandzukic mas, neste encontro, será Gomez, cuja principal missão é desgastar defensivas adversárias e abrir espaço para se chegar ao golo. Na defensiva, o projeto alemão cresceu bastante com a inclusão do brasileiro Dante, que dá mais rapidez aos seus movimentos, tendo Van Buyten como um poço de experiência ao seu lado, Lahm e Alaba nas laterais, fechando muito bem mas sempre olhando a oportunidade de subir na ajuda ofensiva. Neuer é, sem dúvidas, um dos melhores guarda-redes europeus. Olha-se para esta equipa e não se encontra fragilidades, tal é a qualidade reunida sob a liderança de Jupp Heynckes.
O Barcelona viajou para Munique com a dúvida-Messi na bagagem. O argentino já treinou mas não estará a 100% das suas condições. Logo num encontro em que será preciso tudo isso para fazer frente a um adversário muito poderoso. A opção de Tito Vilanova será a de tentar, mais uma vez, estender pelo relvado o perfume do futebol barcelonista, com a posse de bola a servir para travar a velocidade do adversário e também para tentar escavar passagens para que os seus jogadores cheguem ao golo. Inieste e Xavi, com a colaboração de Busquets no vértice defensivo do meio-campo, são os maiores artífices deste projeto, onde Messi surge como elemento desestabilizador das linhas ofensivas. Pedro e David Villa começam a partir das faixas para se cruzarem no meio-campo ofensivo, restando perceber como é que a defensiva bávara disporá as suas peças neste xadrez futebolístico. A grande fragilidade do Barcelona está na defesa. Victor Valdés tem estado muito bem, mas sem Puyol, Mascherano e Adriano, restam apenas Piqué e Bartra para serem titulares no centro de defesa. Se isso será suficiente para parar o ataque do Bayern, parece ser algo que só iremos descobrir depois do encontro começar. Mas num jogo de profundo equilíbrio, uma peça frágil poderá ser mais decisiva do que uma peça forte.
O futebol ciência
É uma divisão polémica, obviamente, até porque no caminho para chegar a arte de Bayern e Barcelona há uma forte componente tática. Mas o Borussia Dortmund – Real Madrid tem nos seus treinadores duas mentes brilhantes do futebol europeu que tendem a olhar o jogo como um evento onde o importante é criar a oportunidade de vencer.
Dortmund voltou a orgulhar-se do seu Borussia com Jurgen Klopp, que venceu por duas vezes a Bundesliga e fez o conjunto amarelo regressar aos momentos finais de uma grande competição europeia. Para o alcançar, o técnico alemão juntou um grupo de jovens com os quais montou uma teia de bom futebol. A liderar o conjunto, Gotze, que estará de saída para o rival Bayern. Todo os jogo passa pelos pés deste pequeno alemão criado nas escolas do Borussia. Marco Reus, que também passou pela formação do conjunto de Dortmund, acresce velocidade, normalmente equilibrada na qualidade técnica de Blaszczykowski. À frente deste trio, outro polaco, ocupa o lugar de pivô ofensivo. Lewandowski tanto pode executar funções de ponta-de-lança como jogar mais recuado, dada a qualidade técnica deste jogador. No meio-campo defensivo, Gundogan e Bender conseguem fechar bem as linhas, para além de participarem no início da construção de jogo. A defesa do Dortmund tem em Hummels o seu jogador mais valioso, defesa-central de grande qualidade técnica, com excelente capacidade de passe. Subotic é um líder, enquanto nas faixas, Piszczek e Schmelzer cumprem muitíssimo bem as suas funções defensivas. Na baliza, Weidenfeller vive os anos áureos da sua carreira, dedicada ao Borussia nos últimos dez anos. O guardião alemão não estará entre os melhores no seu posto, mas tem cumprido sempre que é chamado à ação.
Para o Real Madrid, a Liga dos Campeões é o objetivo central da temporada. Sobretudo depois de perdido o comboio da liderança na Liga BBVA, o que aconteceu muito cedo, José Mourinho colocou o troféu europeu como prioridade, o lugar onde o final da época do Real seria perfeito. Não será por isso estranho ver que o Real tem as suas principais peças a viver um momento de forma muito elevado na fase decisiva desta competição. Cristiano Ronaldo tem estado em todas as decisões do Real, sempre capaz de marcar ou oferecer golos, para além de se oferecer, muitas vezes, como isco da atenção dos adversários para libertar os seus colegas. Benzema e Ozil estarão entre os que mais beneficiam desses espaços, com Di Maria a funcionar como equilibrador, na faixa contrária, tendo muitas vezes que recuar até bem perto da defesa para compensar. Khedira e Xabi Alonso são peças fundamentais nesta movimentação, já que lhes cabe não deixar nunca a equipa exposta aos ataques adversários. Ao mesmo tempo, o alemão aparece muitas vezes próximo da área, com o jogador basco a criar perigo através do seu forte remate. Na linha defensiva, perante o castigo a Arbeloa e a provável ausência de Essien por lesão, restará aquele que me parece ser o melhor quarteto do Real. Sérgio Ramos na direita e Fábio Coentrão na esquerda, oferecem total segurança defensiva e colaboram, de forma bem aceitável, nos movimentos ofensivos, com Ramos a ser uma arma nas bolas paradas. Varane e Pepe prometem uma dupla de grande categoria, sendo que Diego Lopez, apesar da polémica em volta da sua preferência a Casillas, tem estado sempre à altura dos acontecimentos.
Boas apostas!