A seleção croata deu uma bofetada de luva branca a quem a tenta sabotar a partir das bancadas. Mesmo poupando alguns dos habituais titulares a Croácia foi capaz de recuperar de uma desvantagem precoce e bater a Espanha, reclamando para si o primeiro lugar do Grupo D. Uma noite inspirada em que a seleção croata dá um passo de gigante. Ao escapar ao lado do tabela onde estão os grandes favoritos, as probabilidades da Croácia chegar longe aumentam.
Há vida para além de Modric

Face às ausências, Perisic não teve problemas em assumir o protagonismo e liderar a equipa.
Para quem analisava de fora a ausência de Luka Modric, a recuperar de um problema na virilha, causava apreensão. Aparentemente, esse facto não tirou o sono a Ante Cacic, que aproveitou para poupar outros elementos do onze habitual. Vida, Strinic, Brozovic e Mandzukic ficaram também no banco, dando lugar a companheiros menos utilizados. Entre os que se mantiveram, Srna, Rakitic e Perisic não tiveram problemas em assumir o protagonismo e liderar. Quem entrou esteve há altura. O selecionador croata arranjou aqui um sarilho bom. Como voltar à fórmula original despois do jogo tremendo que fizeram Pjaka, Rog ou Vrsaljko? Além de um belíssimo presente, esta Croácia tem futuro.
Perisic foi um gigante, sem dúvida o mais ativo e influente na procura de uma vitória frente aos espanhóis. Fez a assistência para o golo de Nikola Kalinic, que igualou a partida em cima do intervalo, e gelou La Roja marcando em nome próprio já para lá dos noventa.
Um dos momentos-chave foi o penálti defendido por Subasic aos setenta e dois minutos. Se Sergio Ramos tivesse sido bem-sucedido podíamos estar hoje a contar uma história bem diferente. Mas assim que se percebeu quem iria marcar Modric, do banco, passou instruções a Srna, que as segredou ao guardião croata. O médio croata conhece bem o companheiro do Real Madrid e aconselhou Subasic a esperar e depois cair para a direita. Touché.
Calar os Ultras
A Espanha pode ter confiado na ideia de que um empate servia a ambos mas a Croácia não foi de modas. A equipa precisava de se reafirmar, depois de ter desbaratado a vantagem de dois golos frente à República Checa. Se no final desse encontro alguns jogadores tão desanimados que questionavam continuar, agora a resposta foi inequívoca. Os Ultras, com a sua agenda retorcida, podem empurrar a Croácia para fora do Euro 2016. Mas a seleção vai provar que tem mérito para chegar longe e até vencer a prova.
Provavelmente foram as medidas de segurança, reforçadas, que impediram novos incidentes dos adeptos croatas, ameaça renovada na véspera. Mas eu gosto de pensar que foi a exibição e atitude da equipa que os calou. Ao agarrar o primeiro lugar do Grupo D a Croácia empurrou a bicampeã europeia para a zona do quadro onde estão todos os favoritos – Alemanha, Itália, Espanha, França e Inglaterra, pelo menos – resguardando-se no lado teoricamente mais acessível. Os croatas deram mostras de qualidade e talento, ao mesmo tempo que asseguravam uma vantagem competitiva que os pode ajudar a chegar realmente longe na competição.
Nos oitavos de final Modric e companhia vão, soube-se agora mesmo, Portugal.
Boas Apostas!