O começo pode ter sido pálido mas o Brasil vem ganhando andamento, aos contrário de outros candidatos que já foram para casa. Neymar e William “foguetinho” merecem louvor mas de repente está tudo fascinado com a competência defensiva da Canarinha. O Brasil de Tite tem qualidade individual e poder de fogo. Mas impressiona mesmo é no equilíbrio, na defesa por setor que começa nos atacantes. Está convencendo até os mais céticos.
Já dá para falar no hexa?

Do ponto de vista individual, foram estas as duas figuras a merecer destaque nos oitavos de final.
Inicialmente cautelosa, a imprensa brasileira rende-se, por fim, ao Brasil de Tite. Com outros candidatos crónicos a vencer este Mundial já despachados para casa, o Escrete ganha andamento. Se o arranque frente à Suíça foi pálido nas jornadas seguintes a seleção somou vitórias, mostrando uma variedade de recursos para desbloquear os modelos adversários. Já nem é só nos meios brasileiros que o hexa ganha corpo, por todo mundo os elogios vão surgindo de forma natural.
O Mundo Deportivo da Catalunha faz capa com “Brasilshow” mostrando Neymar a festejar o primeiro golo frente ao México às cavalitas de Paulinho. O L’Équipe coloca a Canarinha e a Bélgica lado a lado e titula de “Endiablés”. La Gazzetta dello Sport lembra que Neymar ainda está em prova, por contraponto com Cristiano Ronaldo e Messi.
A exibição de Neymar, a melhor do número 10 até ao momento, tem honras de destaque por todo o lado. Esteve já bem mais próximo do seu normal, conseguiu desequilibrar, marcou o primeiro golo e deixou o segundo praticamente feito. Claro que em se tratando dele, há meio mundo glorificando e outro meio louvando as suas artes performativas. Já faz parte.
Outro elemento que merece destaque individual na exibição frente aos mexicanos é Willian. O “foguetinho”, como é chamado em alguns textos, não conseguiu entrar nos jogos anteriores do Brasil. Esteve lá só de corpo presente. Mas desta vez foi o jogador que aprendemos a valorizar no Chelsea.
Brasil convence pelo equilibrio

Até à data, as opções de Tite não podiam ter sido mais certeiras.
O entusiasmo com a melhoria de Neymar é evidente mas de repente começa a cair a ficha. O Brasil de Tite tem valores individuais que podem fazer a diferença e poder de fogo. Já marcou sete golos, nas primeiras quatro partidas. Mas o que realmente impressiona é o equilíbrio, o que claramente faltou a concorrentes diretos. A Canarinha de Tite não é defensiva no sentido pejorativo do termo mas é muito competente a defender, que é outra questão. Na conferência de imprensa o selecionador brasileiro pode, por fim, abordar um pouco mais do assunto. Falou na defesa por setor, aquilo que se designa por zona, e como obedece a uma escadinha de prioridades. Defender o setor, a bola e por fim o homem o que, em termos de seleção brasileira é absolutamente inovador. Também acrescentou, e eu acho tão ou mais significativo, que o importante é optar por uma estratégia e treiná-la. O capitão Thiago Silva também veio acrescentar que o momento defensivo começa em Gabriel Jesus e que assim, quando a bola chega perto da defensiva já passou por vários obstáculos e é mais fácil de controlar. Só cinco remates foram enquadrados com a baliza à guarda de Alisson, quatro foram defendidos. Steven Zuber foi o único, até agora, a conseguir meter a bola no fundo das redes do Brasil. Outros doze remates, que iriam na direção correta, foram intercetados, oito dos quais no duelo com o México.
Aos poucos, o Brasil de Tite vai convencendo até os mais céticos.