Estádio de Alvalade, minuto 35. Carlos Mané liberta-se na zona central, ameaça até pisar a linha da grande área e abre, na esquerda, onde surge Nani, com espaço para rematar. Espaço, mas não total liberdade, porque a defesa do Maribor soube ler as movimentações do ataque e colocou, de imediato, dois jogadores na linha bola-baliza e o guarda-redes Handanovic muito bem posicionado entre os postes. O que se seguiu, foram sete segundos que bastariam para provar que aquilo que Nani sabe fazer é coisa sem comparação.
Nani acariciou a bola com o pé direito e tirou os dois defesas da frente. No entanto, a ajuda defensiva soube também movimentar-se na perfeição e o espaço para o remate voltou a ficar fechado. Nani, uma vez mais, refreou a vontade de rematar e voltou a tocar, ligeiramente, a bola para o seu lado direito, quase atingindo a marca da grande penalidade. Aí, pela primeira vez, havia espaço para rematar e Nani não hesitou. No entanto, o remate saiu rasteiro e a defesa do Maribor tinha já três jogadores no chão – dois defesas e o guarda-redes -, tendo a bola tabelado no primeiro deles e voltado para os pés de Nani. O jogador do Sporting ameaçou corresponder com novo remate, hesitou, parou com a bola entre as pernas, voltou a hesitar, e à sua volta estavam já quatro atletas do Maribor. Com linhas de passe abertas, mas pouco espaço para criar nova situação, havia ainda Slimani e Cédric – que desesperava, aos gritos, a pedir a bola – pela direito, e Carlos Mané nas costas. Nani continuava a saber perfeitamente o que fazer. Inventou alguns centímetros para tirar três dos defesas eslovenos da frente e rematou sem hipóteses para as redes que, para além de Handanovic, tinham já dois defesas a ocupar o espaço.
Golo do Sporting.
Um intervalo longo em demasia
A vencer por 2-0, o Sporting ainda permitiu o golo do Maribor antes do descanso que se viria a prolongar por praticamente uma hora, devido a um problema na iluminação. A segunda parte mostrou-nos aquelas que têm sido as duas caras dos leões na presente temporada. Nos primeiros minutos, o Maribor a conseguir reagir e a atirar-se ao golo. O Sporting tremeu nos pontos onde costuma tremer. William Carvalho denota bastantes dificuldades para lidar com a pressão dos seus adversários nas linhas do meio-campo, notando-se que não tem a mesma explosividade para sair a jogar, algo que conseguiu menos vezes. No espaço central da defesa dos leões, Maurício continua a oferecer oportunidades aos adversários.
No entanto, o Sporting tem este ano outro tipo de respostas. João Mário raramente falha um passe e quando consegue ter bola os leões vêem o relvado como um espaço de oportunidades. Com Nani no relvado, então, essas oportunidades chegam a ser ilimitadas. A partir do momento em que Carrillo e Montero entraram, com o Sporting já a ganhar por 3-1, Marco Silva teve em campo o seu onze mais criativo. Trata-se de um conjunto de jogadores que sabe, na perfeição, criar a situação de atração para os adversários, de forma a inventar espaço. Pena é que esse conjunto de jogadores nem sempre tenha a agressividade para rasgar linhas adversárias que cedem pouco à atração. Esse é um problema que o Sporting paga caro nos jogos da Primeira Liga.
Mas, por agora, temos o golo do Nani para nos deliciar. Sem comparações.