Marco Polo viajou para a China no século XIII, em busca de riquezas e tesouros. Mais de 500 anos depois, o Império do Oriente volta a ostentar fortunas incalculáveis.

O futebol chinês está prestes a acordar e prometer fazer abalar os restantes continentes.

A nação mais populosa do planeta, com 1355 milhões de habitantes, afigura-se hoje como um dos países mais promissores no que toca ao futebol. Uma realidade cada vez mais perto. Alemanha, Espanha, Holanda, Itália, França, Brasil e Argentina podem ver os seus lugares de grandes potências do futebol, ameaçados.

Os resultados para esta mudança têm aparecido de forma gradual. Este ano, na Taça Asiática, a China alcançou os quartos-de-final, caindo perante a Austrália, selecção anfitriã, que veio a conquistar a prova. Em 11 anos foi a primeira vez que a China ultrapassou a fase de grupos. Um trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelo seleccionador francês Alain Perrin.

O Guangzhou Evergrande, tetracampeão em título, tem contribuído para o crescimento acentuado do futebol chinês. A conquista da Liga dos Campeões Asiática em 2013 foi um dos factores impulsionadores. O nome que criou e os patrocionadores que obteve permitiram contratar o goleador Ricardo Goulart ao Cruzeiro por 15 milhões de euros. Um recorde histórico no futebol.

A reforma que o Governo tem preparada para o futebol chinês promete dar que falar, mas disso falaremos mais à frente.

Patrocinadores

Com a valorização do campeonato chinês começam a surgir patrocinadores de grande relevo. A economia local e o meio envolvente ajudam a que os investimentos comecem a aparecer com maior frequência.

Prova disso foi a Ford que deixou para trás a parceria que detinha, com a Liga dos Campeões desde 1992/1993, para se associar à liga chinesa. Um contrato válido por quatro anos, com valor de 55,5 milhões de euros. O naming da competição mais do que duplicou, passando dos 9,2 milhões de euros para os 21,3 milhões por ano.

Os clubes chineses foram dos que mais gastaram na última janela de transferências. Jogadores de várias nacionalidades têm-se rendido ao futebol chinês.

Em termos de competições internacionais a China apenas participou na fase final do Mundial de 2002, somando três derrotas, com noves golos sofridos e nenhum marcado.

Baby Boom

O caminho é o de crescimento como apontou o presidente Xi Jinping e, para isso, o Governo chinês aprovou um plano de reforma do futebol.

O objectivo passa por desenvolver os jogadores desde muito cedo e garantir que a China se torna uma das melhores selecções de futebol.

Didier Drogba

Didier Drogba foi um dos grande craques mundiais que se deixou seduzir pela explosão do futebol chinês

Xi Jinping tem três sonhos: qualificar a selecção para mais um Mundial, organizar a prova-rainha de selecção e vencer um Mundial.

Um plano determinado e corajoso, duas características que definem o povo chinês. Só assim a China conseguirá transformar-se numa potência do futebol internacional.

Na reforma implementada recentemente, todas as crianças jogarão futebol nas escolas. Desta forma, o curriculum escolar passa a contar, de forma obrigatória, com a disciplina de futebol.

Até 2017, cerca de 20 mil escolas serão equipadas com relvados com o intuito de formar 100 mil novos jogadores.

Outra novidade é que em 2016 os jovens que quiserem aceder à universidade poderão fazê-lo através de um exame opcional de futebol. Uma medida que visa combater o abandono precoce da prática de futebol, uma vez que muitos pais sentiam que os seus filhos eram prejudicados por jogarem futebol e não se focarem nos estudos.

No outro lado do campo, no do futebol feminino, a China já ocupa actualmente um lugar de destaque.

Em termos competitivos o futebol chinês ainda tem muito por onde crescer mas os clubes têm-se esforçado nesse sentido. Jogadores como Drogba e Cannavaro já experimentaram os campos asiáticos, numa experiência que serve para engradecer o campeonato.

Um projecto de longo-prazo que começa a produzir resultados no imediato.

Boas Apostas!