É impossível dissociar os acontecimentos. Mesmo que, durante algum tempo, os resultados se mantivessem. Mas a saída de Pep Guardiola, marcou o FC Barcelona. Negativamente. Nunca nada mais voltou a ser o mesmo. Nem o FC Barcelona, nem o Leonel Messi.

Já, pelo contrário, Pep Guardiola continua em pleno voo.

Seria o tiki-taka dos catalães, um jogo só ao alcance de Guardiola? É que desde o tempo de Johan Cruiyff (terá sido o criador?), este tipo de jogo só resplandeceu sob a orientação de Guardiola. Mesmo os que o tentam praticar hoje em dia, casos de Luis Enrique, no FC Barcelona e Julen Lopetegui, no FC Porto, o fazem sem qualquer sucesso.

Se não é isso, que raio se passa, então, com o FC Barcelona?

Este fim-de-semana perdeu, em Camp Nou, por 1 a 0, com o Celta de Vigo. Acontecimento impossível há poucos anos atrás. Agora, mesmo que com alguma surpresa, já ninguém estranha demasiado.

Junto com a derrota, a segunda em 10 jogos para o campeonato, às quais se junta um empate, perfazendo a conta de 22 pontos, com 23 golos marcados e 4 sofridos, e o quarto lugar em La Liga, atrás de Real Madrid (37 golos marcados!), Valencia CF e Atlético Madrid, chegou, também, uma forte contestação ao técnico Luis Enrique que não consegue manter a máquina oleada.

A Saída de Pep Guardiola

Tudo começou quando Pep Guardiola, o treinador que transformou o FC Barcelona num rolo compressor que esmagava tudo o que lhe aparecia à frente, jogando um futebol bonito, intenso, de grande circulação de bola, mas com objectivo de manter a posse de bola para terminar com ela nas redes adversárias, resolveu sair de casa.

Pep Guardiola no FC Barcelona

Pep Guardiola saiu do FC Barcelona e parece que levou com ele o Segredo do Sucesso

Para todos os efeitos, Pep Guardiola era filho de Camp Nou. Depois de 11 anos de jogador com a camisola do FC Barcelona, Pep Guardiola teve pequenas passagens pelo Brescia Calcio, pela AS Roma, pelo Al-Ahli do Catar e pelo Dorados de Sinaloa, no México, Pep Guardiola voltou a Barcelona para treinar a equipa B. Em 2008 assume a equipa principal. Adepto do tiki-taka, Guardiola foi o seu melhor executante. Em pouco tempo pôs a equipa do Barcelona a jogar como queria. Tornou-a equipa quase imbatível, a jogar um futebol bonito e terrivelmente eficaz.

Pep Guardiola e o seu FC Barcelona ganharam tudo, ou quase tudo o que havia para ganhar e, internamente, só não ganharam mais porque José Mourinho se intrometeu com o Real Madrid, embora a história retenha que Guardiola levou a melhor a maior parte das vezes, com uma super equipa de máquina oleada, a jogar muito futebol, com muitos e grandes craques, e com Leonel Messi no seu auge.

Depois da saída de Pep Guardiola, que reservou um ano sabático antes de voltar à actividade como treinador do Bayern Munique, já passaram pelo banco do FC Barcelona, Tito Vilanova, que fora adjunto de Guardiola, e que, por motivos de saúde teve de abandonar o cargo, Tatá Martino, o homem que recebeu Neymar e, finalmente, Luis Enrique, que recebeu Luis Suárez. Mas entretanto, depois de andar de mão-em-mão, o FC Barcelona como o conhecíamos, desapareceu. Deixou de ser o rolo compressor que fora. Mesmo com muitos craques, que é certo que não fazem uma equipa, o FC Barcelona tende a vulgarizar-se.

Pep Guardiola, à frente do Bayern Munique, cruza-se na Liga dos Campeões com a sua antiga equipa e ganha os 2 jogos do embate, eliminando a equipa catalã.

Pode dizer-se que o Barcelona perdeu o seu futebol com a saída de Pep Guardiola, mas este não perdeu o seu futebol com a saída de Barcelona.

Sinais dos Tempos

Mas vamos lá ver as coisas como elas são: este fim-de-semana, o AC Milan perdeu em casa com o Palermo por 2 a 0. O Inter também foi perder por 2 a 0 com o Parma que é o 18º classificado, em 20 equipas, na Série A. Em Manchester, o United perdeu o derby local por 1 a 0, frente ao City, e afunda-se cada vez mais na classificação (outra equipa que se ressente da ausência do seu treinador, Alex Ferguson). Na Alemanha, o Wolfsburg foi ganhar por 4 a 0 ao terreno do Stuttgart. Mesmo em Portugal, este fim-de-semana, o Sporting CP perdeu 3 a 0 em Guimarães, contra o Vitória local. Mas tanto o SL Benfica e o FC Porto já titubearam nalgumas partidas contra equipas historicamente mais fracas.

Há um padrão, aqui.

Neymar no FC Barcelona

O que é que se passa com este FC Barcelona? Onde é que estão Messi, Neymar e Luís Suárez?

As grandes equipas estão a deixar de ser tão grandes assim. Outras equipas, começam a ser grandes. Há ainda quem consiga manter-se no cimo durante muito mais tempo. Mas percebe-se a circularidade da história. A única coisa que não muda, não em tão pouco tempo, é a paixão dos adeptos (com excepção do Chelsea de José Mourinho, mas aí, a história conta outras coisas).

Pep Guardiola saiu de Barcelona e levou as vitórias com ele. O Bayern Munique está ainda mais forte do que na era de Jupp Heynckes.

A outra questão que se levanta, com a saída de Pep Guardiola, tem a ver com um certo apagamento de Leonel Messi. É o futebol dos novos barcelonas que não encaixam no futebol do jogador? É o jogador que se sente desmotivado? Alheado? Sentirá a falta de Guardiola? E Neymar? Porque não desponta? E o que se passa com Luis Suárez? Tanto craque competente e…

E enquanto o FC Barcelona discute o seu futuro e tenta perceber o que é que lhe aconteceu, o que foi feito do seu futebol, do seu tiki-taka, do seu rolo compressor, dos craques que inundavam a sua equipa, o Real Madrid aproveita e lidera a classificação. Cristiano Ronaldo está melhor que nunca e vai pulverizando recordes. Até em Valencia desponta um novo treinador, português, sobre o qual ninguém dava nada – liderava a bolsa de apostas de primeira chicotada psicológica em La Liga, e está, neste momento, em segundo lugar, à frente do FC Barcelona.

Está na altura em que o clube que pretende representar a Catalunha (mais que desportiva, politicamente), se deve repensar e ver para onde quer ir, em vez de se remendar e esperar que o tempo resolva tudo. No fundo, o mesmo que já se viu em Portugal, com o SL Benfica e o Sporting CP, e, tudo indica, se prepara para viver, também, o FC Porto, se não arrepiar caminho.

Boas Apostas!