Com quarenta e cinco minutos “quase perfeitos” o Arsenal humilhou o Chelsea no dérbi de Londres. Mérito aos Gunners que fizeram uma partida brilhante em todos os aspetos e mantiveram o nível até ao último minuto. Mas a boa exibição do Arsenal só serviu para expor todas as fragilidades dos Blues, que nos recordam que havia razões profundas para a equipa ter sido décima classificada na época passada. Se Arsène Wenger pode reder homenagem ao jogo “quase perfeito” da sua equipa, Antonio Conte não esteve com paninhos quentes ao chamar à pedra os seus jogadores, que fizeram uma exibição confrangedora.
Vinte anos de Wenger no Arsenal

Mesut Ozil e companhia proporcionaram um presente à altura do vigésimo aniversário de Wenger à frente do clube londrino.
No próximo dia 1 de outubro Arsène Wenger cumpre vinte anos como treinador do Arsenal. Duas décadas ao mais alto nível, é coisa que provavelmente não voltaremos a ver no futebol. Pelo caminho houve períodos áureos e outros menos impressionante mas a direção do clube nunca pôs em causa o projeto. O consulado do francês no Emirates tem dois enormes feitos, para mim mais importantes do que os troféus conquistados. Primeiro foi a transformação do Arsenal num clube moderno – nos métodos de treino, no recrutamento e desenvolvimento de jovens, no profissionalismo básico. O segundo foi a participação constante na fase de grupos da Liga dos Campeões. Por traz de tudo isto está um filosofia, um ideal de futebol bonito, fluido, que nem sempre Wenger conseguiu concretizar e menos vezes ainda rendeu os resultados almejados, vencer.
Encaixe perfeito
Na tarde de sábado os jogadores do Arsenal presentearam o velho treinador com um presente digno de duas décadas de trabalho. E se isto fosse um filme Wenger afastar-se-ia em direção ao poente no final da partida. Os primeiros quarenta e cinco minutos foram “quase perfeitos” e repito a expressão porque foi o próprio técnico a classifica-los desta forma. Alexis Sánchez, Theo Walcott e Mesut Ozil ficarão ligados aos golos mas toda a equipa esteve a um nível brilhante. A primeira parte foi, sem dúvida, mais excitante de ver mas a segunda pode ter sido tão ou mais significativa. Porque se já sabíamos que quando os homens do meio campo para frente engrenassem tinham tudo para dar espetáculo. Mas esta equipa habituou-nos a erros comprometedores e falhas de concentração e essas não apareceram no Emirates, no sábado. Em Laurent Koscielny e Shkodran Mustafi o Arsenal tem uma dupla de centrais que promete anos de solidez defensiva. O único senão foi a lesão de Francis Coquelín. Mas há anos que os Gunners não estavam tão bem preparados para responder aos caídos. Mohamed Elneny e Granit Xhaka tem tudo para ocupar a posição, cada qual com o seu cunho próprio.
Blues com exibição confrangedora

Que John Terry, aos trinta e cinco anos, faça tanta falta e não tenha um sucessor à altura devia dar que pensar aos responsáveis dos Blues.
A grande exibição do Arsenal só veio expor a pobreza da equipa contrária. O Chelsea não sofreu apenas uma derrota num dérbi, saiu completamente humilhado. No final Antonio Conte repetia que havia muito trabalho a fazer porque de momento os Blues só eram uma boa equipa no papel. Os Gunners expuseram de forma confrangedora as fragilidades defensivas dos visitantes. Gary Cahill completamente desorientado, David Luiz aos papéis, como de costume, Kanté incapaz de suster tudo sozinho, Eden Hazard e Diego Costa sem se verem. O treinador italiano fez a sua magia e os golos de Costa ajudaram a mascarar o muito que não funciona desta equipa nas primeiras jornadas. Mas frente a Liverpool e Arsenal vieram à tona, lembrando-nos que havia motivos profundos para o descalabro que redundou num décimo lugar na temporada passada. O problema não era Mourinho. Ou não era apenas ele.
É de esperar que Conte exponha os seus jogadores ao vídeo dos seus erros, frame por frame, ao longo desta semana para que nunca mais se repitam. Se estar fora das competições europeias tem alguma vantagem é esta, a de ter a semana livre para preparar e treinar. Já Wenger tem uma viagem a Basileia para aproveitar a nuvem de entusiamo.
Boas Apostas!