Os ventos de renovação sopram para o lado do Emirates e há uma sensação geral de otimismo. Unai Emery quis uma entrada discreta mas as mudanças são significativas no dia a dia. A pré-temporada vale o que vale e o Arsenal beneficiou de não ter demasiados internacionais. O desafio de regressar ao top-4 é tremendo mas há um espírito novo no Arsenal.

A revolução tranquila

Arsenal_Unai_EmeryEsta temporada vai ser entusiasmante para os adeptos do Arsenal. Ao fim de mais de duas décadas de reinado, Arsène Wenger deixou o trono vago para que a equipa fizesse o necessário recomeço.

Havia muitos receios desta era pós-Wenger mas a partir do momento em que a decisão foi comunicada há que reconhecer que o clube fez tudo muito bem. A escolha de Unai Emery foi anunciada sem alarido e ele começou imediatamente a trabalhar. A transição foi suave e discreta mas evidente.

Os jogadores já falaram no que mudou no trabalho diário. Para começar, há um foco maior na condição física. O estilo de jogo do treinador espanhol, ofensivo, com pressão alta, exige bastante do ponto de vista atlético. E depois há as componentes táticas. Supostamente, Emery começou por abordar questões de base – como o jogo sem bola, onde fazer a pressão, posicionamento – mas sem fazer grande alarde nisso. Há mais visionamento de jogos, mais análise para corrigir detalhes. E, pelo menos para já, o plantel está a responder muito positivamente.

Pré-época animadora

Claro que a pré-temporada vale o que vale. Mas os resultados positivos são animadores. Não falo sequer na goleada ao PSG (5-1) mas os empates com o Chelsea (1-1, 6-5 g.p.) e Atlético de Madrid (1-1, 3-1 g.p.) foram bons testes.

O Arsenal beneficiou do facto de não ter demasiados internacionais envolvidos no Mundial. Assim, a nova equipa técnica teve oportunidade para trabalhar com o plantel à sua disposição. Até Mesut Ozil voltou um pouco mais cedo ao trabalho para se juntar aos companheiros em Singapura.

Será que Guendouzi tem condições para se afirmar desde já?

Será que Guendouzi tem condições para se afirmar desde já?

Alexandre Lacazette e Pierre Aubameyang parecem estar-se a dar às mil maravilhas, tanto no aspeto pessoal como dentro do campo, onde as opções para alinhar com os dois ainda estão meio em aberto. Mas na digressão por Singapura foi um miúdo de dezanove anos a roubar os holofotes. Mattéo Guendouzi, o médio-centro que os Gunners foram buscar ao Lorient, por oito milhões de euros, mostrou maturidade e qualidade. Os jogadores mais velhos do plantel estão a gostar deste papel de mentores para estes miúdos que tiveram lugar nesta viagem à Ásia. Emile Smith Rowe, de dezassete, é outro dos que se destacou. Mas Guendouzi parece estar mais no ponto de maturação e depois é também um exemplo quase perfeito do tipo de médio que recua para ter a bola e a sabe distribuir que Emery tanto gosta. Ainda por cima, nesta faixa etária, tem a oportunidade de o moldar às suas expetativas. Depois das saídas de Jack Wilshere para o West Ham e Santi Cazorla para o Villarreal fica uma espaço para preencher no plantel que pode muito bem cair para o adolescente franco-marroquino.

Então e a defesa?

A defesa é um dos pontos sensíveis na formação londrina. Mertesacker retirou-se, Rob Holding não convence. O Arsenal investiu numa guarda-redes – foi contratar Bernd Leno ao Bayer Leverkuses por vinte e cinco milhões – resta saber se será ele o titular ou se vai ter que disputar a posição com Cech. Lichtsteiner chega da Juventus a custo zero para reforçar o lado esquerdo da defesa. Experiência é bom mas teme-se que a linha defensiva fique um pouco lenta, sobretudo para uma equipa que quer jogar tão subida no terreno. Sokratis foi uma das últimas aquisições, um central de trinta anos, vindo da Bundesliga (Dortmund), pode vir a dar também alguma solidez. Infelizmente, no confronto com o Chelsea, Sead Kolasinac lesionou-se no joelho esquerdo e deve estar parado entre oito a dez semanas. O que significa perder umas sete jornadas da Premier League e as duas primeiras partidas da Liga Europa.

Boas Apostas!