Duas derrotas consecutivas e o sonho do título para o Arsenal parece ferido de morte. Onde é que já vimos este filme? Durante uns meses andamos iludidos, querendo muito que este ano fosse diferente, mas dezembro tem este condão de revelar as fragilidades de equipa de Arsène Wenger. O treinador francês admitiu que os Gunners estavam a ter uma semana terrível. Há dez dias estavam a um passo de atacar o primeiro lugar. Agora o Chelsea goza de nove pontos de vantagem e o Arsenal caiu pra o quarto posto.

Gunners deixam escapar vantagem e segundo lugar

Guardiola venceu o duelo com Wenger porque foi capaz de adaptar as suas peças e mexer com o jogo.

Guardiola venceu o duelo com Wenger porque foi capaz de adaptar as suas peças e mexer com o jogo.

A derrota de domingo no Etihad (2-1), a segunda consecutiva, foi muito dura de engolir. Pelas implicações e pelo modo como aconteceu. Aos cinco minutos Alexis Sánchez e Theo Walcott souberam tirar partido passividade defensiva do Manchester City – Otamendi fica nas covas e Kolarov não pode fazer mais nada – para se colocarem à frente no marcador. Durante toda a primeira parte os Gunners dominaram a partida e podiam e deviam ter alargado a vantagem. Mas em vez de avançar e tentar matar o encontro o quanto antes, o Arsenal tentou ser calculista e esperar pelas oportunidades de um contra-ataque. Ou seja, a equipa de Wenger, que todos sabíamos ter lacunas defensivas sem Shkodran Mustafi, tentou defender o resultado. No começo do segundo tempo, o passe a rasgar de David Silva para Leroy Sané expôs as costas da defesa visitante. Nas repetições parece que o jovem alemão estará ligeiramente adiantado: mas é uma coisa mínima, que só se deteta em câmara lenta e com um linha fictícia traçada no relvado. O Arsenal acusou a igualdade e o City galvanizou-se com ela. As substituições de Wenger não surtem o efeito pretendido e é mesmo o conjunto da casa a fazer o segundo, por intermédio de Raheem Sterling, dando a volta ao marcador.

Arsène Wenger reconhece que a sua equipa teve uma semana terrível e tal como tinha feito quanto ao desaire em Goodison Park insurge-se contra as decisões arbitrais, que no seu entender levaram à perda de pontos do Arsenal. No segundo golo de domingo a alegação é a de que o posicionamento de David Silva, em fora de jogo, impede Petr Cech de ver o remate de Sterling. São lances discutíveis mas que podem acontecer no futebol, para um lado ou para o outro. E todos sabemos que quando um treinador começa a invocar o árbitro está a tentar justificar a sua falta de eficácia. Pela segunda jornada consecutiva o Arsenal saiu derrotado depois de garantir uma vantagem inicial. Frente ao Everton esteve manifestamente desinspirado e sem energia criativa – à parte Alexis Sánchez – e pagou pelo desacerto defensivo.

City supera-se

Sem Aguero, os quatro da frente do City encontraram a forma de criar perigo junto à baliza de Cech.

Mesmo sem Aguero, os quatro da frente do Manchester City encontraram a forma de criar perigo junto à baliza de Cech.

Não nos podemos esquecer que o City chegou a este jogo com baixas importantes. Sem Fernandinho para patrulhar o meio-campo e sem Aguero para castigar a defesa contrária. John Stones foi deixado no banco pelo segundo jogo seguido, uma forma de Guardiola proteger o seu jovem central. E Ilkay Gundogan será baixa para os próximos seis a oito meses.

No Etihad, o Manchester City foi capaz de se autocorrigir e adaptar ao que a partida exigia. Mostrou inteligência vinda do banco e carater por parte dos jogadores, que nunca deram o jogo como entregue.

Vários foram os críticos que acusaram Pep Guardiola de idealismo, quase exigindo que adote uma abordagem pragmática. O que ele fez na segunda parte deste City vs Arsenal é a melhor resposta aos críticos. O catalão é bem capaz de moldar as suas ideias ao que as situações e as equipas exigem. Mas não faz alterações extemporâneas. São pensadas e muito bem pesadas. O City continua a ser uma obra em curso mas acabou de acrescentar uma nova camada.

Boas Apostas!