Carletto e Pep nunca se defrontaram antes, as meias-finais da Liga dos Campeões serão uma estreia. Mas ao longo dos anos, e da carreira de um e outro, foram verdadeiros carrascos para os clubes que defrontam na próxima quarta-feira. As equipas renovam-se e muita coisa muda. Será que essa experiência acumulada de sucesso sobre um adversário concreto tem algum peso efetivo, para além do fator psicológico?
Os bávaros caem-lhe tão bem
Carlo Ancelotti, enquanto treinador do AC Milan, cruzou-se com o Bayern de Munique por seis vezes e não perdeu nenhuma (4V/ 2E). Nunca aconteceu um embate numa final, mas fosse na fase de grupos, oitavos ou quartos-de-final, Ancelotti sempre levou a melhor aos bávaros. Aliás, pode-se dizer que os gigantes de Munique foram um talismã para o técnico italiano de cinquenta e quatro anos. Das duas vezes que venceu a Liga dos Campeões, os alemães estiveram no caminho, e foram ultrapassados. Na época de 2002/03, no Grupo G da Liga dos Campeões, o Milan venceu os dois desafios, ambos com dois golos marcados e um sofrido. Também se chega facilmente à conclusão que o registo de Ancelotti é francamente melhor do que o da equipa que agora orienta, o Real Madrid, sobretudo nas idas a Munique. Nas três visitas que fez ao terreno do Bayern, Carlo ganhou duas (1-2, 0-2) e empatou uma (1-1). Já os Merengues, em dez o melhor que conseguiram foi um empate a um, em 2004.
Carlo Ancelotti faz parte de um grupo restrito de seis indivíduos que se sagraram campeões europeus enquanto jogadores e técnicos de futebol. Sempre pelo Milan. Primeiro como médio combativo, nas temporadas de 89 e 90, ainda a competição dava pelo nome pomposo de Taça dos Clubes Campeões Europeus. Depois de um intervalo de treze anos, o treinador italiano voltou a conquistar o título máximo europeu, em 2003 e 2007, desta vez ao comando dos Rossoneri. O italiano tem no currículo catorze títulos, reunidos entre a Liga dos Campeões (2003, 2007), Mundial de Clubes (2007), Supertaça Europeia (2003, 2008), Taça Intertoto (1999) e os quatro campeonatos mais importantes, Italiano, Inglês, Francês e Espanhol.
Adversário de estimação

Um sorrisinho, não?
Guardiola tem um registo ainda mais expressivo nos confrontos com o Real Madrid. Nas quatro temporadas em que liderou o banco catalão, jogou quinze jogos contra os grandes rivais de Madrid, contando nove vitórias, quatro empates e dois desaires. Curiosamente, Pep nunca saiu derrotado do Santiago Bernabéu e comandou o Barça em duas das maiores, e mais humilhantes, derrotas dos Merengues nos últimos anos. Estreou-se no terreno do Madrid, como técnico, com uma noite mágica dos Culés, que resultou num rotundo 2-6, com dois golos de Messi, dois de Thierry Henry, um de Puyol e outro de Piqué. Mais tarde, na primeira época de Mourinho em Madrid, o Barça esmagou os madrilenos em Camp Nou, com uma mão cheia de tentos sem resposta.
São muitos os pontos em comum entre os Pep e Ancelotti. Ambos foram médios de renome. Os dois têm o ponto alto de carreira, até ao momento, associado a um emblema histórico, onde tiveram sucesso em ambos os papéis, de jogador e treinador. Apesar de ser onze anos mais novo, o catalão já bate o italiano em títulos conquistados, dezassete para catorze.
Vamos ao desempate
Uma coisa é certa, no que respeita a troféus da Liga dos Campeões, Ancelotti e Guardiola estão empatados, com dois títulos cada. Uma situação que se pode muito bem alterar na presente edição, a começar já esta quarta-feira, num embate que se antevê renhido e emocionante. Frente a frente, o melhor que o futebol tem para oferecer. Dentro e fora de campo estarão homens familiarizados com o que é ser campeão, e com vontade de manter o estatuto. Nos bancos, de um e outro lado, dois treinadores no auge das suas carreiras, a tentar alargar o palmarés. No momento da verdade, quem tirará maior partido da experiência acumulada?
Boas Apostas!