Como já deve ter ouvido falar, a Inglaterra acabou por ser eliminada na noite desta segunda-feira às mãos dos “pequenos” islandeses. O treinador britânico Roy Hodgson, rescindiu do cargo de treinador e quem quer que seja o próximo homem a seguir-lhe as pisadas, irá herdar um plantel que se deve olhar de alto a baixo depois desta exibição ingénua e repleta de fragilidades defensivas. Aqui estão 5 pontos acerca do jogo destes oitavos de final:
1) A procura pelo próximo treinador começa agora

Roy Hodgson rescinde do cargo de treinador depois da derrota frente à Islândia.
Depois do jogo, o técnico Roy Hodgson não perdeu tempo em anunciar que iria deixar o cargo de treinador da selecção inglesa, tendo toda a esperança em conseguir um novo contrato como treinador dos ingleses ido por água abaixo ao serem destruídos pela Islândia. Contudo, até onde a Associação de Futebol Inglesa irá em busca de um novo treinador é um mistério. Gary Neville, que era treinador adjunto de Roy Hodgson, também apresentou a própria demissão. Gareth Southgate, que para alguns apostadores profissionais é considerado o treinador ideal para ocupar o cargo, não pode simplesmente apoiar-se no sucesso do Torneio de Toulon Sub-21, realizado no início do Verão, como uma boa razão para aceitar este cargo. Dan Ashworth, o director do desenvolvimento da elite de futebol da Associação de Futebol Inglesa, poderá ter que ir procurar um sucessor de peso fora do País, embora a Inglaterra já o tenha feito antes, como com Fabio Capello. Roy Hodgson falou em promessas e em progressos, e até conseguiu mesmo trazer jogadores mais jovens e muito talentosos para a selecção. Quem quer que seja o seu sucessor, irá acabar por ter um plantel promissor com que trabalhar, contudo, recuperar desta humilhação poderá levar algum tempo.
2) Os jogadores mais velhos deixaram Hodgson ficar mal
Visto que chegou a França com uma equipa bastante jovem, Hodgson ficou extremamente dependente dos seus jogadores mais experientes para orientarem os mais novos. Harry Kane, por exemplo, parecia mentalmente exausto como se tivesse trabalhado durante alguns 2 anos sem descansar, enquanto que Dele Ali e Eric Dier precisavam de estar a ser encorajados pelos outros jogadores mais experientes. Durante algum tempo, Wayne Rooney parece ter-se encarregado de fazer isto mesmo. Contudo, o capitão foi progressivamente desaparecendo do jogo, os seus passes perdiam o entusiasmo habitual, e quando Inglaterra precisou de liderança esta equipa parecia simplesmente confusa, desorientada. O mesmo pode ser dito sobre Joe Hart, que foi duas vezes batido com bolas baixas do seu lado esquerdo neste Campeonato da Europa, um remate de longa distância de Gareth Bale, livre directo, e agora por Kolbeinn Sigthorsson, com a bola ainda a bater-lhe na palma da mão. Em ambas ocasiões, Hart sabe que poderia ter feito melhor. Hodgson tinha precisado dos seus jogadores mais experientes e coesos para se destacar e ir a algum lado nesta competição. Mas no final, acabaram por esmorecer como os outros.
3) A desastrosa defensiva inglesa

O Campeonato da Europa chega ao fim para os ingleses.
Todas aquelas preocupações nos amigáveis em relação à linha mais recuada foram postas de lado enquanto esta equipa monopolizou a posse de bola no Grupo E, da Fase de apuramento, tendo os olhares sido, ao invés, desviados para a ambição ofensiva dos laterais. Tudo o que foi preciso para instalar o pânico na defensiva inglesa foram os lançamentos longos de Gunnarsson. A comissão técnica sabia o que estava por vir, mas os jogadores continuaram incapazes de repelir a ameaça, e o caos começava a instalar-se. Tanto Wayne Rooney e Kyle Walker têm culpa no golo da igualdade da Islândia, e a forma como a Inglaterra concedeu o 2º golo, convertido por Sigthorsson ao ganhar espaço a Gary Cahill, foi embaraçosa. Passes longos em arco, ou simples lançamentos longos, mal à entrada do meio campo inglês, desmantelaram facilmente a linha mais recuada de Inglaterra. Até mesmo Eric Dier, o melhor jogador inglês da prova, foi ultrapassado e substituído ao intervalo. Imaginem o que a França poderia ter feito a esta Inglaterra no Stade de France, nos quartos de final, se os anfitriões estivessem com a sua confiança em altas.
4) Em alturas de crise, a ingenuidade é exposta
A resposta inicial ao golo do empate de Ragnar Sigurdsson foi decepcionante. Assim que a Inglaterra foi apanhada pela Islândia, 1-1, os jogadores começaram a perseguir o jogo de forma tão frenética que surgiam dúvidas se, os jogadores ingleses, estavam mesmo à espera de uma vitória fácil e se supuseram que a energia por si só seria o suficiente para triunfar. A Inglaterra tornou-se então numa equipa exposta, tornando-se desesperada à medida que os seus ataques falhavam sucessivamente perante uma defesa robusta e bem organizada. Havia desespero nas investidas ofensivas e uma nítida falta de calma. Hodgson parece ter falhado com o discurso ao intervalo, e a entrada de Jack Wilshere, no intervalo, parece ter tido pouco efeito. Certamente que perseguir o jogo com uma ansiedade ascendente nada de bom trouxe aos jogadores, cuja confiança estava já demasiado frágil. Sterling ainda ganhou o pênalti no início do jogo, mas foi substituído muito antes do fim do jogo, aos 60 minutos. A finalização de Harry Kane parece tê-lo abandonado, enquanto que Dele Alli ainda agarrou algumas oportunidades e até chegou mesmo a cair, de forma duvidosa, à procura de uma grande penalidade. Esta foi uma dura lição para os ingleses.
5) Os “pequenos” islandeses, afinal, não estavam preparados para irem embora

A Islândia avança então para os quartos de final, onde irá enfrentar a França.
Após o grande esforço exibido anteriormente pela Eslováquia e Hungria na Fase de Grupos ter acabado miseravelmente mal nos oitavos de final, contra a Alemanha e Bélgica na noite anterior, era tentador pensar que este Campeonato da Europa já não veria mais nenhuma corajosa exibição de um underdog. Bem, pense novamente. A Islândia, ainda chocada por este privilégio que pode mesmo ter estragado os planos de jogo a outras equipas, rugiu de volta de uma tão espantosa que os seus adeptos já gritavam calorosos olés antes do intervalo. O ar de satisfação nas caras incrédulas dos seus próprios fãs diziam tudo. Lars Lagerback parecia ter a estrela da sorte do seu lado, mas ninguém pensou realmente que ele conseguiria desestabilizar as investidas da equipa de Hodgson com uma equipa classificada em 37º lugar pela FIFA no Ranking Mundial. No entanto, esta foi uma exibição muito astuta, anulando Danny Rose e Walker com passes diagonais, uma equipa que se regeu a fazer aquilo que faz melhor. A Islândia abalou a Inglaterra com um plano que muitos clubes da Premier League costumavam considerar ser deles próprios. O que se sucedeu depois do apito final foi surpreendente, uma vitória totalmente merecida.
Depois deste surpreendente sucesso frente à Inglaterra, a Islândia irá agora enfrentar a França nos quartos de final. Iremos ser novamente privilegiados com outra surpresa destas?
Boas Apostas!