A Alemanha procurava vencer o seu 3º Campeonato do Mundo para repetir as proezas de 1954 e 1974 mas, para isso, precisava de conseguir ir mais além do que os segundos lugares de 1982 e 1986.

Em 1990 em Itália, a Alemanha era comandada por Franz Beckenbauer e chegava à final pelo 3º Mundial consecutivo.

Mannschaft

Para chegar ao Mundial em Itália, a Alemanha tinha de se qualificar num grupo constituído por Holanda, Finlândia e País de Gales.

Os germânicos acabaram em 2º lugar, atrás da Holanda, campeã europeia em 1988 e uma das favoritas à conquista do título mundial. Em 6 jogos a selecção comandada pelo Kaiser alcançou 3 vitórias e 3 empates, onde apontou 13 golos e apenas sofreu 3. Frente à Laranja Mecânica, a Alemanha consentiu 2 empates, 0-0 em Munique e 1-1 em Roterdão. Rudi Völler foi o melhor marcador do grupo com quatro golos, seguido de Matthäus, Möller e Riedle com dois golos cada um.

A queda do Muro de Berlim, em Novembro de 1989, foi um dos momentos mais emblemáticos da história da Alemanha que dividia o país em Alemanha Ocidental e Alemanha Oriental. Deu-se início a um período de reunificação alemã, no ano de 1990, o que serviu de mote para um Mundial histórico.

Para terminar com a maldição do 2º lugar em Mundiais, a Alemanha tinha de passar no grupo D, com Jugoslávia, Colômbia e Emirados Árabes Unidos a serem os seus adversários. A estreia em Itália aconteceu frente à Jugoslávia, com os alemães a não perderem tempo e a mostrarem que eram um dos grandes favoritos ao título. Uma vitória expressiva por 4-1, com dois golos de Matthäus e um de Klinsmann e Völler.

Na jornada seguinte foi a vez dos EAU serem goleados, desta vez por 5-1. Völler fez dois golos, Klinsmann, Matthäus e Bein apontaram um. Com duas vitórias, 9 golos marcados e apenas 2 sofridos, a Mannschaft já tinha assegurado a passagem aos oitavos-de-final.

No último jogo da fase de grupos, a Alemanha teve pela frente a Colômbia, numa partida em que a equipa jogou num ritmo mais baixo, acabando por ceder um empate por 1-1. O golo alemão foi apontado por Littbarski.

Tricampeões!

Nos oitavos-de-final, a Alemanha enfrentou a Holanda, depois dos dois empates na fase de qualificação e do 2-2 no Mundial da Argentina, em 1978, que valeu a eliminação germânica. A Holanda venceu o Europeu de 1988, realizado na Alemanha, eliminando a anfitriã nas meias-finais, por 2-1. A Mannschaft tinha agora uma oportunidade para se vingarem da Laranja Mecânica.

Alemanha 1 - 0 Argentina 1990

Repetindo a final de 1986, no Mundial do México, Alemanha e Argentina voltam a encontrar-se na final de 1990, em Itália, mas o desfecho foi diferente, ganhando a Alemanha por 1 a 0

A primeira parte foi marcada pela expulsão de Völler e Rijkaard, depois do médio holandês ter cuspido no avançado alemão. No segundo tempo, a Alemanha foi superior e chegou ao golo por Klinsmann aos 51 minutos, e por Brehme aos 82. Koeman ainda reduziu para a Holanda, aos 89, de grande penalidade. 2-1 foi o resultado final com a Alemanha a eliminar a poderosa Holanda com o mesmo resultado que dois anos antes fora eliminada pelos holandeses no Europeu.

Para alcançar as meias-finais, a Alemanha tinha que derrubar a Checoslováquia. O jogo foi bastante equilibrado com Matthäus a apontar o único golo da partida aos 25 minutos, após uma grande penalidade. Os germânicos seguiam em frente e iriam encontrar a Inglaterra.

Turim foi o palco desta grande meia-final. Inglaterra apresentava um futebol ofensivo com Lineker e Paul Gascoigne a serem as grandes ameaças para a baliza de Illgner. O lateral-esquerdo, Brehme, fez o 1-0 aos 60 minutos na sequência de um livre. Faltavam 10 minutos para o final quando Gascoigne fez o golo do empate, adiando a decisão para o prolongamento. O prolongamento não teve desenvolvimentos e o jogo acabaria por ser decidido nos penalties. Brehme, Matthäus, Riedle e Thon marcaram os 4 golos da Alemanha contra os 3 de Inglaterra.

A Alemanha somava a sua terceira final seguida num Mundial, um feito inédito. Os alemães queriam alcançar o seu 3º título mundial mas, para isso, precisavam de vencer a Argentina que era a campeã mundial depois de ter ganho à Alemanha na final do México, de 1986, por 3-2.

O Olímpico de Roma foi o local escolhido para a final de 8 de Julho. A repetição de uma final em dois Mundiais consecutivos também foi algo inédito o que demonstrava a qualidade destas duas selecções. A Alemanha partia como favorita pelo percurso que fizera até à final e não queria desperdiçar a terceira oportunidade consecutiva para levantar o título.

A primeira parte não teve muita história, com poucas situações de golo para os dois lados. O segundo tempo foi diferente, a Alemanha entrou mais determinada em controlar o jogo e com mais vontade de levar o caneco para casa. A Argentina apostava num futebol mais combativo, o que levou à expulsão de Monzón aos 65 minutos, e Dezotti aos 87, dois minutos depois do golo de Brehme, de grande penalidade. O resultado foi justo pelo que a Alemanha produziu durante toda a prova. Com 15 golos marcados, os germânicos foram o melhor ataque do Mundial, num campeonato que ficou marcado pela menor média de golos, apenas 2,2 por jogo.

Kaiser, do Campo para o Banco

Franz Beckenbauer

Depois de ter erguido a última Taça do Mundo para Alemanha como capitão, Franz Beckenbauer voltou a erguê-la como seleccionador

Franz Beckenbauer tinha a possibilidade de entrar para o clube dos imortais, igualando Zagallo ao conquistar um Mundial como jogador e treinador.

O Kaiser foi o capitão da última conquista da Alemanha, antes do Mundial de 1990. Beckenbauer ergueu o título em 1974, na Alemanha.

Após o título mundial, Beckenbauer deixou o comando técnico com o sentimento de dever cumprido. Reconduziu a Alemanha às conquistas e repetiu a proeza, mas desta vez como seleccionador. A selecção germânica foi a única a praticar um futebol ofensivo e determinado à procura do tricampeonato.

O imortal Kaiser saltou do campo para o banco, para imortalizar a Alemanha, levando um país unido a uma conquista tão merecida depois de duas finais perdidas.

Boas Apostas!