A organização russa da Taça das Confederações não gostou nada da convocatória de Joachim Low. A Alemanha viaja para a Rússia com uma seleção jovem e o público queria ver os consagrados. Mas o selecionador germânico, que anda nisto há muito e sabe o que faz, assume que o objetivo maior é desenvolver jogadores. Ainda assim, Low está a ser comedido. Pode haver alguns mais inexperientes ao nível da seleção A mas todos alinham em equipas e campeonatos competitivos. E dentro de um ano poderão ser trunfos fundamentais na defesa do título que realmente interessa, o de campeão mundial.

Tirando os retirados, lesionados e poupados, pouco resta equipa que venceu o Brasil 2014.

Tirando os retirados, lesionados e poupados, pouco resta equipa que venceu o Brasil 2014.

Onde param as estrelas?

A Alemanha está na Taça das Confederações enquanto campeã mundial em título, tendo vencido no Brasil o quarto Campeonato do Mundo de Futebol. Joachim Low admite que para o ano será a sério, quando Die Mannschaft for à Rússia defender o troféu. Mas por agora o que mais importa não são os resultados, é desenvolver jogadores e acrescentar opções de futuro à seleção. A visão é muito clara e racional. E eu acrescento correta. Mas não faltam vozes a insurgir-se contra uma convocatória “inexperiente” por parte do Campeão Mundial.

Claro que os organizadores da prova queriam todas as estrelas presentes, é o que alicia o público a pagar bilhete e encher os estádios. Equipas como a portuguesa ou a chilena não poupam nas cabeças de cartaz. Cristiano Ronaldo e Alexis Sánchez, por exemplo, não se poupam, mesmo depois de temporadas longíssimas. No caso da Alemanha, nem todas as ausências se devem a opção técnica. É certo que Mesut Ozil, Toni Kroos, Jerôme Boateng, Thomas Muller e Mats Hummels foram poupados. O selecionador não quis carregar ainda mais estes jogadores que tiveram épocas desgastantes. Manuel Neuer, Mario Gotze, Julian Weigl estão lesionados. Leroy Sané será intervencionado ao nariz.

A Alemanha que há de vir

Julian Draxler, a par de Ter Stegen e Mustafi, passa a ser um dos líderes desta jovem seleção alemã que irá continuar a dar cartas no panorama mundial.

Julian Draxler, a par de Ter Stegen e Mustafi, passam a ser os líderes desta jovem seleção alemã que irá continuar a dar cartas no panorama mundial.

Há nesta lista de vinte e três sete que até junho deste ano ainda não tinham representado a seleção principal da Alemanha. Mas estamos a falar de jogadores que jogam na Bundesliga, na Eredivisie, na Serie A ou na Ligue 1. E alguns destes jovens que agora vão ter oportunidade de brilhar apesar da sua tenra idade já se fartaram de dar nas vistas em campeonatos muito competitivos. Timo Werner, de vinte e um anos, marcou outros tantos golos pelo RB Leipzig esta época, e foi uma das figuras que impulsionou a campanha memorável destes intrusos que se intrometeram na caminhada do título do todo-poderoso Bayern de Munique. Julian Brandt, com a mesma idade, fez mais de trinta partidas na Bundesliga pelo Bayer Leverkusen e disputou a Liga dos Campeões. E o mesmo se pode dizer de Benjamin Henrichs, que alinha também nos Farmacêuticos, tendo apenas vinte aninhos. E isto para referir apenas os debutantes. Porque Emre Can, Amin Younes, Joshua Kimmich e Julian Draxler – todos entre os vinte e dois e vinte e três anos – já são regulares com a camisola campeã do mundo. Ter Stegen é titular da baliza do Barça; Shkodran Mustafi um dos grandes centrais da atualidade. E, sejamos sinceros, seleção alemã não vive de estrelas. Vive de um coletivo muito forte e equilibrado. E o segredo para não evidenciar quebras de qualidade e rendimento há mais de uma década está, precisamente, na renovação contínua. De se antecipar, com tempo, as mudanças de testemunho que a idade e as lesões acabam por forçar.

A Alemanha lidera o Grupo C da qualificação europeia para o Mundial de 2018, só com vitórias, com vinte e sete golos a favor e apenas um contra no somatório de seis jogos disputados. Ainda há dias deu chapa sete a São Marino, alinhando com esta equipa jovem, tendo Joachim Low aproveitado o contexto competitivo para testar combinações. Mesmo diante de adversários mais modesto a ordem não é para descomprimir, é para preparar o futuro.

A última participação dos germânicos na Taça das Confederações foi em casa, quando se preparavam para organizar o Mundial 2006. A Alemanha perdeu a meia-final com o Brasil de Adriano e Ronaldinho Gaúcho (2-3) e depois vingou-se frente ao México, no encontro de atribuição do último lugar no pódio.

Os russos deviam ter cautela nas afirmações. No improvável caso da Rússia passar a fase de grupos pode levar um banho de bola dos “miúdos” germânicos. E aí não pode argumentar que foi posta no lugar pela campeã do mundo.

Boas Apostas!