O Ajax será, para sempre, conhecido como a equipa que inovou o futebol. Uma década de domínio nas competições nacionais e internacionais. A história do Ajax dos anos 70.
Orgulho Ferido
A Holanda já se tinha rendido ao poder do Ajax mas faltava conquistar a Europa.
Em 1969, a equipa de Amesterdão tornou-se a primeira equipa holandesa a alcançar a final da Taça dos Campeões Europeus. O Milan acabou por derrotar o Ajax por 4-1, no Santiago Bernabeu, em Madrid. Uma derrota que serviu para chamar à realidade os jogadores holandeses. Embora dominassem internamente, ainda faltava muito para conseguirem ser uma referência a nível europeu.
Na época 1969/1970 sob o comando técnico de Rinus Michels, técnico do Ajax desde 1965/1966, os holandeses reforçaram-se com alguns jogadores de grande qualidade, como foi o caso de Arie Haan. Estas adições trouxeram à equipa um novo acreditar, o que resultou na conquista do campeonato holandês, com o Ajax a ficar à frente do Feyenoord, vencedor da Taça dos Campeões Europeus nessa época, ao vencer o Celtic, por 2-1, após prolongamento. O clube escocês eliminou o Benfica na 2ª ronda, no tão famoso episódio da moeda ao ar.
100 golos marcados, 23 sofridos, 27 vitórias, 6 empates e 1 derrota. Este foi o registo impressionante do Ajax que juntou a Taça da Holanda à conquista do campeonato. Vitória sobre o PSV por 2-0. Estes feitos fizeram com que o Ajax fosse temido pela Europa fora.
O sucesso europeu do Feyenoord feriu o orgulho da equipa de Amesterdão que tinha a oportunidade de tentar repetir o feito do seu rival na temporada de 1970/1971.
Na 1ª ronda, o Ajax eliminou o Tirana por 4-2, no conjunto dos dois jogos. Seguiu-se o Basileia que foi eliminado com duas derrotas. 3-0 em casa e 2-1 em Basileia. Nos quartos-de-final foi a vez do Celtic ser eliminado. Cruyff, Hulshoff e Keizer fizeram os golos da vitória por 3-0 na 1ª mão. Na 2ª mão o Celtic venceu por 1-0, mas tornou-se insuficiente para passar esta poderosa equipa do Ajax. Na meia-final o azar bateu à porta do Atlético Madrid, que até começou bem, com uma vitória por 1-0 em Madrid, mas caiu na Holanda ao perder por 3-0.
A final foi disputada em Wembley, com o Ajax a defrontar o Panathinaikos, que tinha como treinador Puskás. Logo aos 5 minutos da partida, Van Dijk executou um excelente cabeceamento e deu vantagem ao Ajax. Aos 87 minutos, Arie Haan fechou as contas com um remate com o pé direito. O Ajax escrevia assim o seu lugar na história ao conquistar o seu primeiro título europeu. Nesta mesma época o Ajax perdeu o campeonato para o Feyenoord, embora tenha conquistado a Taça ao vencer o Sparta de Roterdão.
Europa Rendida
Rinus Michels abandonou o projecto do Ajax para rumar ao Barcelona, mas isso não impediu que a equipa continuasse na senda das vitórias.

Em 1972, o Ajax vencia o Mundial de Clubes ao derrotar o Independiente, da Argentina, por 3 a 0.
O romeno Stefan Kovács foi o escolhido para suceder a Michels, e fê-lo de forma exemplar ao conquistar o campeonato de forma ainda mais impressionante do que na época 1969/1970, com 30 vitórias, 3 empates, 1 derrota, 104 golos marcados e 20 sofridos, com Cruyff a ser o grande destaque da prova ao apontar 25 golos. A Taça foi novamente para o museu do Ajax. Vitória por 3-2 sobre o FC Den Haag.
Complementar ao domínio interno veio igualmente o domínio europeu, com o Ajax a conquistar pelo segundo ano consecutivo a Taça dos Campeões Europeus, depois de eliminar o Dínamo Dresden por 2-0, Marselha por 6-2, Arsenal por 5-1 e, nas meias-finais, o Benfica por 1-0, com o golo a ser apontado por Sjaak Swart.
A final de Roterdão colocou frente a frente o Inter de Milão e o Ajax. Dois estilos completamente diferentes, um mais defensivo, por parte dos italianos, e outro mais ofensivo, por parte dos holandeses. Cruyff foi o homem da noite ao apontar os dois golos da vitória do Ajax. Faltava uma prova para elevar o nome do clube a um patamar mundial.
Depois de se terem recusado a participar no Mundial de Clubes de 1971, em 1972 aceitaram e defrontaram o Independiente, da Argentina, na final. 1-1 na Argentina e 3-0 na Holanda, com o Ajax a sagrar-se campeão mundial.
3 Foi a Conta que Cruyff Fez
A exigência e a ambição tornaram-se cada vez maiores e isso foi fundamental para o Ajax voltar a conquistar o campeonato pelo terceiro ano seguido.

6 a 0, em casa, dá a vitória ao Ajax, sobre o AC Milan, na primeira edição da Supertaça Europeia, último grande triunfo da equipa holandesa
Na Taça, a sorte não foi a mesma dos três anos anteriores, mas ainda tinham esperanças de voltar a conquistar a Taça dos Campeões Europeus, e assim foi.
Vitória de 6-1 frente ao CSKA Sófia, na 2ª ronda. Nos quartos-de-final foi a vez do Bayern Munique, de Beckenbauer e Müller. 4-0 a favor do Ajax na Holanda e 2-1 a favor do Bayern na Alemanha. Na meia-final o Ajax encontrou o Real Madrid, com a vitória a sorrir aos holandeses que venceram por 2-1 em casa e por 1-0 fora.
Na final, Cruyff e companhia encontraram novamente uma equipa italiana, a Juventus. Johnny Rep foi a figura do encontro ao apontar o único golo da partida, aos 4 minutos, e a garantir a Taça dos Campeões Europeus pelo terceiro ano seguido.
O Ajax ainda conquistou a primeira edição da Supertaça Europeia, ao bater o Milan, vencedor da Taça das Taças. O jogo da primeira mão em Itália ditou uma vitória por 1-0, para o Milan, mas em casa o Ajax mostrou-se imbatível e goleou por 6-0. Esta conquista veio a ser a última grande conquista desta geração, uma vez que o Ajax não participou no Mundial de Clubes de 1973.
O Ajax da década de 70 representa o berço do futebol total. Foi aqui que o conceito cresceu com a equipa holandesa a dominar os jogos do princípio ao fim com um futebol vertical e apelativo.
Boas Apostas!