Os Camarões foram os grandes vencedores de uma Taça das Nações Africanas 2017, uma competição que veio confirmar que, de facto, a universalização tática do jogo é um dado comprovado. Numa final em que o golo de Elneny acabou por desbloquear a partida muito cedo, o conjunto camaronês comprovou que, mesmo limitadas as suas escolhas, o técnico Hugo Broos soube motivar um grupo de jogadores que acaba por marcar posição e anunciar-se como potencial talento a ser aproveitado para outros campeonatos.

Título dos Camarões

Camarões conquistou 5ª Taça das Nações Africanas

A fase de grupos, como quase todas as fases de grupos das grandes competições internacionais, foi sensaborona, com os vários conjuntos a demonstrarem enormes reservas a arriscar um golo sofrido. O Senegal terá sido a seleção mais convicente, com Egito e Gana a mostrarem facilidade para se apurarem, mas com apenas o Egito a mostrar alguma capacidade para pensar o jogo com organização. Os Camarões tiveram um apuramento sofrido, com Burkina Faso, RD Congo e Tunísia a serem outras das equipas que partiam para a fase a eliminar com alguma qualidade no seu jogo.

No entanto, a surpreendente eliminação do Senegal perante uma boa exibição defensiva dos Camarões, mexeu com as contas do título. A RD Congo também caiu perante o Gana, deixando o Burkina Faso como a esperança de um futebol mais ofensivo a acabar como campeão africano. Isso não se veio a comprovar, mas o crescimento da equipa dos Camarões durante a prova acaba por justificar um título em quem ninguém apostaria, mas que demonstra que, numa grande competição, esse caminho ascendente, em termos da qualidade do jogo, é essencial, ao mesmo tempo que quem tiver jogadores em contexto de ter algo a provar acaba, também muitas vezes, premiado no final.

Os melhores jogadores da CAN 2017

 

Nakoulma Burkina Faso

Nakoulma faz a festa com companheiros do Burkina Faso

O melhor jogador do campeonato, apesar do Burkina Faso ter terminado em terceiro lugar, foi Nakoulma, que assinou pelo Nantes e fará, em breve, a sua estreia na Ligue 1. Quer utilizado na frente do ataque, como elemento mais móvel, quer partindo da faixa esquerda, Nakoulma foi sempre uma ameaça para qualquer adversário.

Paulo Duarte aproveitou bem o momento de forma deste jogador, bem como a sua crença em poder fazer a diferença e conquistar um lugar numa competição de maior exigência, tendo nele uma enorme confiança tática e ambição no momento de desequilibrar. Se o Burkina Faso merecia mais nesta CAN, muito o deve ao trabalho de Nakoulma.

O melhor guarda-redes foi, de longe, Fabrice Ondoa. O camaronês vê-se premiado com o título coletivo, mas saberá muito bem que dependeu dele, no jogo frente ao Gabão, o apuramento na fase de grupos. Depois de ter dado esse contributo essencial, Ondoa voltou a destacar-se na partida frente ao Senegal e na meia-final perante o Gana. Com defesas de enorme qualidade, Ondoa foi outra das figuras que aproveitou a Taça das Nações Africanas para reivindicar maior destaque nos campeonatos de clubes, já que durante a primeira metade da temporada foi suplente do Sevilla B.

Bassogog, com 21 anos, sai como a grande revelação da competição. Um jovem camaronês que deu os primeiros passos no futebol profissional na Divisão 3 das Ligas norte-americanas e que atua no Aalborg da Dinamarca, demonstrou qualidades para subir para uma Liga mais exigente. Um desequilibrador nato, partindo da faixa direita do ataque, que mesmo marcando apenas um golo, foi elemento central das vitórias dos Camarões.

Olhando para a totalidade dos encontros, destacamos o seguinte onze da prova:

Ondoa (Camarões) – Afful (Gana), MBodji (Senegal), Hegazi (Egito), Mendyl (Marrocos) – Kaboré (Burkina Faso) – Bassogog (Camarões), Mohamed Salah (Egito), Sadio Mané (Senegal), Msakni (Tunísia) – Nakoulma (Burkina Faso).

Nota final para a seleção da Guiné-Bissau, representante solitária dos países de Língua Oficial Portuguesa. Zezinho foi o elemento com maior destaque, pelas qualidades a gerir os tempos de ataque do seu conjunto, com Piqueti e Toni Silva a também conseguirem alguns reparos positivos durante a fase de grupos. A equipa não teve a maturidade competitiva para se superiorizar, podendo guardar a boa memória de ter ficado bem perto de vencer os Camarões, no que poderia ter sido um encontro fatal para as aspirações dos novos campeões africanos.