Terminou ontem a primeira-mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões.

E terminou bem, com uma inesperada vitória do modesto AS Monaco de Leonardo Jardim em casa do todo poderoso Arsenal FC, de Arsène Wenger, em Londres. 3 a 1 foi o resultado histórico num jogo que se tornou, também ele, histórico. Como histórico foi o festejo de Leonardo Jardim. Ou histórico o facto de, pela primeira, um treinador português vencer no Emirates em jogos para a Europa.

Também terminou bem, mas para a equipa alemã do Bayer Leverkusen que recebeu e venceu os espanhóis do Atlético Madrid. Nada com que os madrilistas tenham de se preocupar muito porque, 1 a 0, é um resultado que se pode inverter com alguma facilidade. Assim o queira a equipa que precisa de o virar. Um bom resultado para ambas as equipas, afinal, prometendo um bom jogo na segunda-mão. Isto se o Atlético Madrid fizer o favor de aparecer, coisa que não fez ontem.

E olhando em retrospectiva para o que foram estes jogos da primeira-mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões, parece evidente que só há 2 equipas que estão (quase) com um pé nos quartos-de-final: o Real Madrid que conseguiu uma vitória por 2 a 0 no terreno do Schalke 04, e o AS Monaco que foi vencer por 3 a 1, o Arsenal, em casa.

Claro que nada é garantido, e ecatombes acontecem. Mas mesmo com esses dois jogos já quase definidos, o resto garante suficientes incertezas para tornarem a segunda-mão dos oitavos-de-final bastante importantes, prometendo grandes jogos, golos e, espera-se, reviravoltas.

Um Jardim Florido numa Londres Cinzenta

Claro que a humidade faz bem às flores. Quem nunca viu uma estufa, mesmo que através da televisão? Quem nunca entrou dentro de uma florista? Há frio, humidade, borrifadores, e as flores crescem viçosas e coloridas.

Arsenal FC 1 - 3 AS Monaco 2015

O AS Monaco não foi a equipa mais rematadora, mas foi a mais eficaz nos remates

Ontem, o AS Monaco deve ter-se sentido assim ao chegar a uma Londres cinzenta e, provavelmente, húmida. Leonardo Jardim deu largas ao seu florescimento e banalizou Arsène Wenger, o tal de quem José Mourinho diz ter carta branca para construir uma equipa campeã todos os anos. Pois a modesta equipa de Leonardo Jardim chegou a Londres e vulgarizou o Arsenal FC, ganhando, claramente, por 3 a 1, e tornando Leonardo Jardim no primeiro treinador português a ir ganhar a casa do Arsenal para as provas da Europa.

Este AS Monaco que chegou a ser vendido como the next big thing do futebol europeu, com o qual chamaram a atenção do treinador Leonardo Jardim, perdeu logo duas das suas peças mais preciosas, Falcao e James Rodríguez, tendo tornado-se uma equipa vulgar a que só o talento do treinador português conseguiu retirar alguma mais valia de alguns jogadores medianos, misturados com alguma juventude, alguma veterania, e alguns, poucos, bons jogadores que, normalmente, precisam de direcção. Leonardo Jardim foi essa direcção. O mágico que meteu as mãos na obra e dela retirou os dividendos.

Para os mais distraídos, poder-se-ia pensar que este jogo foi fruto de um acaso. Mas não.

Embora possa ter havido alguma felicidade, que ajuda quem a procura, este AS Monaco foi sobrevivente num grupo em que estavam presentes Bayer Leverkusen, Zenit e SL Benfica. Este mesmo AS Monaco que começou mal a sua temporada na Ligue 1, já está em 4º lugar na classificação, atrás de Lyon, PSG e Marselha. Este AS Monaco que ontem utilizou 2 jogadores portugueses, João Moutinho, alma do meio-campo, e Bernardo Silva, mais que muitas equipas portuguesas.

Este AS Monaco é muito consciente das suas limitações. Não tem grande equipa. Não tem grandes craques. Não é equipa para pegar no jogo. Então bloqueia bastante atrás e aproveita, e bem, o contra-ataque. E fá-lo bem. Foi assim que ganhou ontem ao Arsenal carregado de craques a dominar a partida e a tentar o ataque, de uma forma constante e continuada. Por isso, pela grande alegria de ir vencer um dos grandes da Europa no seu terreno, é que Leonardo Jardim largou em enorme correria pela faixa lateral, louco, a comemorar o golo e a vitória. As flores de Leonardo floresceram no Emirates.

Um Atlético Ausente do Jogo

O Atlético Madrid foi o finalista vencido da última Liga dos Campeões, ganha pelo Real Madrid, em pleno Estádio da Luz, em Lisboa.

Bayer Leverkusen 1 - 0 Atlético Madrid 2015

Fernando Torres ainda colocou a bola dentro da baliza do Bayer Leverkusen, mas o árbitro não considerou golo

O mesmo Atlético Madrid que segue coladinho a Real Madrid e FC Barcelona na classificação de La Liga, em Espanha.

Não se sabe, contudo, por onde é que andou esse Atlético Madrid pois, a equipa que se apresentou ontem em Leverkusen não era essa de que se falava no início da prosa. Aliás, a equipa que se deslocou à Alemanha teve muita sorte em só ter sofrido um golo na derrota que averbou, o que até lhe dá esperança que o outro Atlético apareça em casa e faça o que este não conseguiu fazer.

Este Atlético, que voltou a deixar Oblak de fora, que entrou com o seu guarda-redes principal, Moya, perdeu a ala esquerda ainda na primeira parte por lesão de Siqueira e Saúl, que tiveram de ser substituídos, ficou reduzido a 10 jogadores com a expulsão de Tiago por acumulação de amarelos aos 76′, que viu uma bola colocada no interior da baliza por Fernando Torres não ser considerado golo, que foi cilindrado pela equipa alemã que acumulou 64% de posse de bola, até teve sorte de sair do BayArena com uma derrota pela margem mínima. No meio do azar, a sorte.

Porque, convenhamos, o Atlético Madrid poderia ter sido desintegrado pelo Bayer Leverkusen, e deve à sorte tal não ter acontecido.

Simeone ausentou-se e ausentou a sua equipa do jogo de ontem. Mal acabou por estar, então, o Bayer que poderia ter feito um resultado histórico e garantido, já, a eliminatória. Não o fez, e fez mal, porque deixou tudo nas mãos do Atlético que, no Vicente Calderón, irá dar tudo por tudo para inverter o estado das coisas. E tem equipa para isso. Assim ela apareça.

Boas Apostas!