Liga dos Campeões – FC Porto e SL Benfica saem com diferentes estados de espírito do fim-de-semana, onde os encarnados, junto com o Sporting, voltaram a aproximar-se dos Dragões, que perderam pontos no empate cedido no Restelo, frente ao Belenenses. Agora, de regresso às competições europeias, a responsabilidade está toda nas costas de Jorge Jesus e Paulo Fonseca.

Tem sido um dos meus temas preferidos, esta temporada, perceber de que forma os treinadores dão resposta à quantidade de desafios que lhes são colocados pela exigência de partidas na Liga ZON Sagres e nas provas europeias. Jorge Jesus tem passado por isso ao longo das derradeiras temporadas, mas este ano, com a renovação do contrato, o grau de exigência está elevado ao máximo. A norte, Paulo Fonseca experimenta estes terrenos pela primeira vez, pisando território desconhecido para o antigo técnico do Paços de Ferreira.

Uma coisa é certa – a barra foi elevada pelos treinadores. Jorge Jesus tem feito um excelente trabalho a tornar o Benfica uma equipa mais competitiva, ainda que isso não tenha tanto efeito no número de títulos conquistados. Mas foi também por ter do outro lado da barricada treinadores como André Villas-Boas e Vítor Pereira que a sua missão não foi cumprida até ao fim. É a sombra destes dois treinadores que paira sobre Paulo Fonseca.

Josué FC Porto

Josué é a imagem da garra no FC Porto

Quanto entrar em campo, amanhã, em São Petersburgo, o treinador dos Dragões terá pela frente um adversário que o FC Porto nunca bateu. Para mais, com a quase obrigatoriedade de vencer. Será que o problema dos portistas passa mesmo pela valia dos seus jogadores, em comparação com os plantéis de anos passados, ou pela forma como a sua integração é feita. Paulo Fonseca deixou Josué no banco, na partida do Restelo, parecendo disposto a abdicar de um atleta que funciona, já, como um dos mais fortes dínamos da sua equipa. Não é um jogador frio e capaz de organizar, mas será, no seu plantel, quem melhor esconde a incapacidade do FC Porto para dominar.

Já Jorge Jesus, numa situação ligeiramente menos aflitiva do que o seu rival, joga em Atenas boa parte do crédito que ainda lhe resta na Luz. O crescimento do número de opções no plantel, com o respetivo investimento feito pelo clube, não significou nenhuma clara melhoria na forma de jogar da equipa. O técnico parece, pela primeira vez, colocar em causa as suas ideias para o jogo, procurando no plantel respostas que lhe permitam melhores resultados. Mas entre os jogadores que chegam e os que se mantém, o plantel vai lançando mais perguntas do que respostas. Vários jogadores estão, claramente, ainda em busca de encontrar o seu papel no clube.

Mais treinadores na roda da Liga dos Campeões

klopp

Jurgen Klopp destacou-se em entrevista

As questões técnicas estão por todo lado nesta competição, bem para lá das que tocam as equipas portuguesas. A entrevista de Jurgen Klopp, vindo a público ontem, lança vários temas para interessante reflexão. O alemão atreveu-se a uma declaração que coloca em causa a equipa que, nos recentes anos, conseguiu para si um lugar na história do futebol: o FC Barcelona. Pelas palavras de Klopp, o estilo harmonioso e a forma como facilita as goleadas sem resposta do seu adversário fazem do Barcelona uma equipa pouco atraente. O alemão prefere barulho, luta, lama, dureza. E é entre estas duas leituras do jogo que navegamos na presente edição da Liga dos Campeões.

Arsenal, FC Barcelona e Bayern de Munique são os conjuntos que melhor interpretam o estilo harmonioso do jogo. Todos os três privilegiam o passe e a posse de bola, tendo-se vindo a aproximar na sua forma de jogar pela chegada de Pep Guardiola a Munique, bem como pelo aligeiramento tático que Gerardo Martino vai impondo ao Barça. Do outro lado, também com excelentes resultados, estão o Borussia Dortmund, o Atlético de Madrid e o Paris SG. Em parte pelo papel dos seus treinadores, no caso dos dois primeiros, noutra pelo dos seus jogadores, no último, o estilo mais rugoso e alimentado por uma luta que se vai tornando arte no aparecimento dos seus melhores jogadores, têm em comum o facto de serem equipas vistas como de segunda linha no panorama europeu. Mas, da mesma forma que o Borussia chegou à final do ano passado, também qualquer uma das outras poderá ambicionar fazê-lo na presente temporada.

Boas Apostas!