Quem não viu os jogos de ontem à noite, da segunda noite da primeira-mão dos quartos-de-final da Liga dos Campeões, pode pensar que, finalmente, equipas pequenas que com sorte foram passeando pela liga milionária, encontraram, afinal, uma das grandes equipas que não brincam em serviço e colocaram-nas em sentido.
Depois, numa análise superficial, descobre que os goleadores foram o FC Barcelona e o FC Porto. Ok, o FC Barcelona é um normal concorrente a ganhar a competição e, o FC Porto, bom, não sendo o FC Barcelona, é uma equipa com bastantes pergaminhos na prova.
O espanto surge depois, quando numa análise mais detalhada da coisa, se descobre que as equipas derrotadas foram o PSG e o Bayern Munique. Como!?
Dois grandes jogos jogados por 4 grandes equipas, e com muitos golos à mistura. Que a segunda-mão seja assim, com jogos bonitos e entusiasmantes e muito golos.
No Porto
Foi do Porto que chegou a grande surpresa. O FC Porto começara a marcar ao todo poderoso Bayern Munique, de Pep Guardiola, logo aos 3′ de grande penalidade, convertida por Ricardo Quaresma. Jackson Martinez (Lopetegui surpreendeu tudo e todos ao fazer alinhar o colombiano logo de início, ele que vinha de lesão) rouba uma bola a Xabi Alonso, passa por Manuel Neuer e o guarda-redes faz falta para impedir a progressão do jogador do FC Porto para a baliza. O árbitro marcou grande penalidade, amarelou Neuer, Ricardo Quaresma encarregou-se da marcação e marcou mesmo, colocando a bola no interior da baliza de Neuer e abrindo o marcador. O FC Porto iniciava este jogo a vencer.
Mas se era escandaloso que os alemães estivessem a perder em Portugal aos 3′ de jogo, maior se tornou o escândalo quando, aos 10′, Ricardo Quaresma roubou uma bola a Dante, aproximou-se da baliza do adversário, enganou Neuer e rematou para o segundo golo portista.

O momento que marcaria o jogo, com o derrube de Manuel Neuer a Jackson Martinez, dando origem a uma grande penalidade que Ricardo Quaresma não desperdiçaria
No Estádio do Dragão era, então, o delírio total. Aos 10′ de jogo o FC Porto batia o Bayern Munique por 2 a 0.
Mas que se desengane quem pensar que o FC Porto se colocou à retranca a tentar defender este resultado a todo o custo. Antes pelo contrário. A equipa portista avançou pelo terreno, à procura do terceiro golo. Sem medos.
Menos de 20′ depois, foi a vez do Bayern Munique se aproximar perigosamente da baliza de Fabiano. Centro de Boateng e Thiago Alcântara a meter a bola dentro da baliza do FC Porto e a reduzir o marcador para 2 a 1.
E quando parecia que o Bayern Munique iria crescer para o jogo e dar a volta ao resultado, foi o FC Porto que procurou o golo e produziu as jogadas mais perigosas, como o centro-remate de Alex Sandro que ia enganando Manuel Neuer que se esticou ao limite para impulsionar a bola que ainda foi bater à trave.
Até ao intervalo, só se viu a equipa do FC Porto, a única que parecia procurar o golo e que tinha engenho e arte para dominar o jogo.
No reatamento, aconteceu mais do mesmo. O FC Porto entrou muito forte, mais equipa e sempre muito mais perigoso. Casimiro viu um adiantamento de Neuer e, do meio da ru,a tentou um enorme chapéu ao guarda-redes que teve de recuar bastante para conseguir agarrar a bola nos limites. E logo de seguida, outro remate para grande defesa de Neuer.
O FC Porto estava a ameaçar a baliza do Bayern Munique. Não se dava por satisfeito com a vantagem de 1 golo e, ao minuto 65, Jackson Martinez recebeu uma bola lançada em profundidade por Alex Sandro, desmarcou-se, fintou Manuel Neuer e, já a perder o ângulo, colocou in extremis a bola na baliza dos bávaros, elevando o resultado para uns impensáveis 3 a 1.
Até ao fim do jogo, Fabiano ainda foi chamado a aplicar-se por duas vezes mas, a verdade é que o Bayern Munique não conseguiu mais que provocar algum bocejo. O FC Porto teve o jogo bastante bem controlado.
E se por um lado o Bayern Munique pareceu ausente neste jogo, muito também por falta de peças fundamentais, o FC Porto, que fez um grandíssimo jogo, nunca permitiu veleidades ao adversário.
O jogo da segunda-mão será, por ventura, diferente. Mas o que se poderá dizer é que, se os dragões jogarem sem medo, como o fizeram ontem, tudo está em aberto e tudo será possível.
Em Paris
Enquanto no Porto, a equipa da casa dominava os visitantes, em Paris acontecia o contrário. O milionário PSG era derrotado pelo poderoso FC Barcelona. E também começou cedo, essa campanha vitoriosa, com um golo, aos 18′, marcado por Neymar, a passe de Lionel Messi.
Mas o golo era previsível. Desde o início do jogo que o FC Barcelona pegou no jogo. O PSG limitou-se a tentar segurar as pontas e esperar pelo que aconteceria.
O PSG entrou em campo sem David Luiz e Zlatan Ibrahimovic. David Luiz acabaria, contudo, por entrar, para substituir Thiago Silva, lesionado em jogo. Ontem não era noite francesa.

David Luiz, que nem era para jogar, viu, por duas vezes, Luís Suárez passar-lhe a bola por entre as pernas e marcar golo
Se os espanhóis não voltaram a fazer mais nenhum golo até ao intervalo, não deixaram, contudo, de o dominar e de empurrar os franceses para o seu último reduto.
Na segunda-parte do encontro o estado do jogo manteve-se, com o FC Barcelona a controlar à sua vontade e com o PSG na expectativa. Mesmo a perder, nunca o PSG conseguiu, ou por ventura quis, pegar nas rédeas do jogo. A falta de Zlatan Ibrahimovic e, depois, de Thiago Mota, que o cansado David Luiz não fez esquecer, e a pouca, ou nenhuma, produtividade de Cavani e Pastori, os dois homens da frente da equipa francesa, marcaram o PSG negativamente. Laurent Blanc ainda fez entrar Lucas para o ataque, retirando um médio, mas o resultado não foi o pretendido. A equipa acabou por fazer mais do mesmo: quase nada.
Assim, foi com alguma naturalidade que Luís Suárez fez o 2 a 0, aos 67′ de jogo, e no seguimento de um desavergonhado túnel a David Luiz.
Não satisfeito, Luís Suárez voltou a repetir a maldade para com o defesa brasileiro, 12′ depois, e a rematar forte para a baliza de Sirigu que não conseguiu defender. Estava feito o 3 a 0 no Parque dos Príncipes, não sem algum sentimento de escândalo.
3′ depois, o defesa Van der Wiel marcou o tento de honra do PSG. Mas não era o suficiente para tapar a vergonha de Laurent Blanc. O FC Barcelona teve 62% de posse de bola, rematou mais e mais à baliza que o PSG, que jogava em casa.
No entanto, Laurent Blanc recusou-se a lançar a toalha ao chão, avisando já que, em Barcelona, não será fácil, muito menos com um resultado como o de ontem, mas o PSG irá até à Catalunha para discutir a passagem às meias-finais da Liga dos Campeões. Se o FC Barcelona pode ir a Paris envergonhar os donos da casa, porque é que não se pode passar o mesmo em Barcelona?
Boas Apostas!