O dérbi de Alvalade prometia ser um dos mais equilibrados dos últimos anos.

Duas equipas a fazer um bom campeonato e com abordagens diferentes a este jogo. Se por um lado o Benfica chegava ao dérbi com sete pontos de avanço para o Sporting, o que lhe permitia encarar o jogo com outra ponderação e tranquilidade (foi o que aconteceu), o Sporting procurava vencer a todo o custo pois uma vitória transportava os leões para o comboio dos dois da frente (Benfica e Porto).

Esta era a visão a nível teórico e foi exatamente assim que o dérbi se disputou. Sem grandes surpresas. Esperava-se um jogo intenso (e foi), de luta e garra (e foi), de emoção (foi apenas nos últimos minutos) e de espetáculo (nem tanto).

SportingCP1SLBenfica

Os Onze Escolhidos

A principal baixa na equipa do Sporting foi Slimani, que chegou tocado da sua presença na Taça da Nações Africanas. Marco Silva optou então por Fredy Montero como homem mais avançado do esquema leonino.

Tobias Figueiredo & Jonas

Tobias Figueiredo foi a grande surpresa do Sporting, e o jogador mais jovem de uma equipa, já de si, muito jovem

Destacar ainda a dupla de centrais, Tobias Figueiredo e Paulo Oliveira que serão, porventur,a uma das duplas de centrais mais jovens a alinhar num dérbi de Lisboa.

Do lado do Benfica, a ausência mais sonante e mais complicada de suprimir foi a de Nico Gaitán, que não conseguiu recuperar a tempo do embate de Alvalade e obrigou Jorge Jesus a algumas alterações, quer de estrutura, quer de dinâmicas (André Almeida regressou à sua posição de médio centro fazendo dupla com Samaris).

Juventude Leonina

Não posso deixar de referir nesta abordagem ao dérbi, quer o número de Portugueses, quer a média de idades do onze do Sporting.

Oito, é o número de Portugueses com que o Sporting iniciou o dérbi ontem, sendo sete deles formados na Academia Leonina (Rui Patrício, Cédric, Tobias Figueiredo, William Carvalho, João Mário, Adrien Silva e Nani, fazendo ainda entrar Carlos Mané aos 78 minutos).

Destaque ainda para a dupla Tobias Figueiredo e Paulo Oliveira, com 21 e 23 anos, respetivamente, que não tendo sido postos à prova dada a fraca prestação ofensiva dos encarnados, mostraram-se seguros e com boa comunicação e entre-ajuda.

As Duas Principais Questões Táticas do Dérbi

  • Benfica a Equilibrar o Meio-Campo

Com o Benfica em 4x4x2 e o Sporting no seu habitual 4x3x3 e com um meio campo intenso com William, João Mário e Adrien, Jorge Jesus deu instruções para Ola John e Sálvio fecharem mais na zona central quando o outro estava a dar largura. E foi isso que aconteceu. Estiveram bem no plano defensivo, fazendo o 3 para 3 no meio-campo, ora Ola John, ora Sálvio, conseguindo assim equilibrar as forças no centro do terreno.

  • 1×1 nas Laterais

Se a principal preocupação do Benfica se prendia com o equilibro no meio campo e em fechar os espaços para a sua baliza, saindo depois (sem nunca se desequilibrar) à procura de uma jogada individual ou aproveitamento de bolas paradas; o Sporting focou-se bastante em tentar aproveitar as situações de 1 para 1, entre Nani e Maxi Pereira, e entre Carrilo e Eliseu.

Foi visível a preocupação leonina em procurar essas zonas e essas situações, fazendo chegar a bola aos pés de Nani ou Carrilo, partindo eles para cima dos laterais do Benfica, ou tentando meter a bola nas costas da defesa e aproveitar a velocidade dos extremos.

O Melhor de Cada Lado

  • Salvio

    Salvio foi o melhor jogador do Benfica e, com William Carvalho do Sporting, um dos melhores jogadores do encontro

    William Carvalho

Irrepreensível no posicionamento e muito inteligente no passe e visão de jogo. Conseguiu ao mesmo tempo dar equilíbrio e presença defensiva e ser um apoio e um iniciador dos lances ofensivos da equipa. Inteligente no controlo dos timings e muita classe com a bola colada ao pé.

  • Sálvio

Na minha opinião, o melhor jogador do Benfica, se é certo que a zona defensiva esteve em bom plano (Luisão, Jardel, Samaris) é sempre ingrato amarrar jogadores talentosos como Sálvio a tarefas de posicionamento e marcação.

Sálvio esteve bem no equilíbrio de forças no meio campo e soube quando necessário marcar o ritmo de jogo e pautar o jogo do Benfica na falta de um 10 puro. Foi dos mais inconformados.

Nota Final

Acabo esta abordagem, da forma como iniciei, dizendo que aquilo que teoricamente se esperava foi o que efetivamente aconteceu.

Um Benfica mais tranquilo e acomodado pela diferença pontual, que fez um jogo bastante interessante do ponto de vista defensivo.

Do lado do Sporting, o equilíbrio da equipa esteve sempre assegurado, quer por mérito próprio, quer também por demérito do Benfica, e que procurou a espaços chegar à vitoria.

No cômputo geral, a haver um vencedor seria o Sporting, mas este empate assenta bastante bem a este dérbi.

Boas Apostas!