Ténis – Na passada quarta-feira Andy Murray e Ivan Lendl tornaram oficial o fim da colaboração que mantinham. Uma parceria de sucesso que em dois anos rendeu ao Escocês dois títulos de Grand Slam e um Olímpico. E a palavra “colaboração” é aqui utilizada com propriedade. Lendl e Murray inauguraram uma tendência. Em vez de escolher um treinador no sentido técnico do termo os jogadores do ranking ATP passaram a procurar lendas do desporto que lhes servissem de mentores. Edberg-Federer, Becker-Djokovic, Agassi-Verdasco são apenas as duplas com maior notoriedade.
Aprender a ganhar
Ivan Lendl disse que aceitou o convite do Escocês para “ajudar Andy a ganhar”. E fê-lo, sem dúvida. Sob a influência do Checo, Murray chegou ao seu primeiro título num Grand Slam – o US Open – e à medalha de ouro olímpica, em 2012, a que no ano seguinte juntou a vitória em Wimbledon, ainda mais saborosa por ter sido o primeiro Britânico a vencer desde 1936. Para Lendl os objetivos foram alcançados. Já Andy Murray, aparentemente, queria o treinador mais presente e o antigo campeão não demonstrou essa disponibilidade. Enquanto Murray competia na Califórnia, Ivan corria meio mundo a dar clinics e a ausência foi notada. A verdade é que o contrato entre ambos previa um acompanhamento maior no primeiro ano – 25 semanas – e uma redução gradual nos anos seguintes de colaboração. Fossem quais fossem os detalhes que levaram à separação, a mesma parece ter sido amigável. Já esta semana Ivan Lendl esteve nas bancadas, em Miami, a apoiar o ex-pupilo.
De um campeão para outro
O facto é que a parceria que agora chega ao fim inaugurou um novo modelo treinador-jogador no mundo do ténis e é preciso reconhecer a audácia de ambos, um por ter feito o desafio, outro por o ter aceite. Em teoria, o conceito tem tudo para dar certo. Juntar uma lenda do ténis a um jogador de topo no ativo. Como disse Mats Wilander, em entrevista a Catherine Withaker do The Tennis Podcast, “é fácil imaginar que podia resultar mas não sabíamos que esses grandes campeões estavam dispostos a oferecer o seu conhecimento e experiência a jogadores que competem para bater os seus antigos recordes. Boris Becker e Novak Djokovic têm ambos seis títulos em Grand Slams e Boris está a ajudar Novak a conseguir o seu sétimo.” Há também a questão de voltar ao circuito mundial, as viagens, os treinos, tudo muito desgastante. Para os jogadores, claro, há o fascínio de ter ao seu lado um ídolo de infância, provavelmente aquele que os inspirou a serem o que hoje são. Foi o que fez Roger Federer quando pegou no telefone e desafiou Stefan Edberg. Desde que estão juntos Federer é um homem novo dentro de campo. “Faz uma grande diferença ter alguém que já ganhou Grand Slams a dizer-te que estás no caminho certo, que é a jogada certa, mesmo que naquele momento não resulte. Passa uma confiança diferente porque é alguém que já passou pelo mesmo”, acrescenta Wilander.
McEnroe pode ser o senhor que se segue
Murray disse também, no momento da separação, que seria muito difícil encontrar alguém para substituir Ivan Lendl e que ia reunir a equipa para decidir a direção a seguir, sem pressas. Depois de fazer o percurso até às vitórias em grandes torneios o Escocês precisa de alguém que o ajude a manter-se no topo. Nas redes sociais é muita a especulação. David Law, comentador de ténis da BBC fala nos dois caminhos alternativos: manter o perfil de ex-campeão ou recorrer a um treinador estreitamente ligado a esses grandes nomes do passado. No primeiro caso – e não havendo muitos com um currículo ao nível de Lendl – a lista fica reduzida a dois nomes, John McEnroe e Mats Wilander. O Americano adoraria a oportunidade de rivalizar com Lendl uma vez mais e o circuito mundial de ténis ficaria certamente mais animado. No caso de optar por um treinador da velha guarda a escolha podia recair em Larry Stefanki, que treinou McEnroe, Marcelo Rios, Yevgeny Kafelnikov ou Andy Roddick, entre outros. Neil Harmon, colunista do The Times, aposta em Bob Brett (Boris Becker, Goran Ivanisevic, Andrei Medvedev) para o lugar.
Boas Apostas!