A Celeste, como é conhecida no mundo do futebol, foi a primeira selecção a conquistar um Mundial. Corria o ano de 1930 e o Uruguai conquistava, em casa, um título histórico. Uma conquista que já se previa face aos resultados da década de 20.
Rei Celeste
O futebol ainda dava os primeiros passos e estava longe de ser o desporto que hoje todos conhecemos.
Nesse longínquo tempo, o futebol só conhecia um rei de seu nome Celeste. O Uruguai desfilava e encantava com a sua qualidade pelos relvados fora, desde a América até à Europa.
Nos Jogos Olímpicos de Paris, em 1924, e nos Jogos Olímpicos de Amesterdão, em 1928, o Uruguai confirmou toda a sua qualidade ao sagrar-se bicampeão olímpico depois de vencer a Suíça e a Argentina, respectivamente.
Ouro Celeste
Os espanhóis chegaram ao Uruguai em 1516 à procura do ouro, que não havia, mas que veio a ser conquistado por duas vezes.
A marca que hoje em dia associamos ao Uruguai não está longe da realidade da década de 20 e 30. Um dos países mais pequenos do Mundo ganhou destaque pela sua qualidade futebolística, um feito imortal. Foi com uma selecção recheada de jogadores agressivos, velozes e tecnicamente evoluídos, que o Uruguai começou a desenhar a sua história.
A Copa América foi a primeira grande prova conquistada pela turma celeste. 1916 e 1917, o Uruguai inscreveu o seu nome por duas vezes na lista dos vencedores. A exigência começou a aumentar e o Brasil e a Argentina surgiram como os grandes adversários. Em 1920 e 1923, o Uruguai somou mais duas conquistas da Copa América. Estas vitórias serviram para preparar os Jogos Olímpicos de Paris.
Na 1ª fase, o Uruguai bateu a Jugoslávia por 7-0. Seguiu-se os EUA, por 3-0. Nos quartos-de-final, o Uruguai tornou-se o grande favorito à conquista da medalha de ouro ao vencer a França por 5-1. Nas meias-finais foi a vez da Holanda perder por 2-1. Na derradeira final, a selecção celeste venceu a Suíça por 3-0.
No final do ano de 1924 os campeões olímpicos ainda conquistaram a Copa América frente à Argentina.
Corria o ano de 1926 quando o Uruguai somava a sua 6ª Copa América. Uma conquista que catapultou a selecção para o ouro olímpico em 1928.
Na 1ª fase, o Uruguai venceu a Holanda por 2-0. Seguiu-se a Alemanha, nos quartos-de-final, por 4-1. Nas meias-finais, a Itália era um dos adversários mais temidos, mas a Celeste levou a melhor por 3-2. Seguiu-se a final frente à Argentina com o primeiro jogo a terminar empatado, 1-1. Para desempatar a final foi necessário recorrer a novo jogo. Três dias depois o Uruguai mostrou a sua força e qualidade, vencendo a Argentina por 2-1. Não havia nenhum rival capaz de superar os bicampeões olímpicos.
Mundo Celeste
Depois do sucesso dos Jogos Olímpicos em 1924 e 1928, a FIFA decidiu organizar a sua própria competição, designada por Campeonato do Mundo. Em 1929 o Uruguai foi escolhido como o local da primeira edição face aos êxitos olímpicos.
Na final do primeiro Campeonato do Mundo, em 1930, o Uruguai sagrou-se o primeiro campeão ao derrotar a Argentina por 4 a 2
O primeiro Mundial contou com a participação de 13 selecções. Sete selecções da América do Sul, quatro da Europa e duas da América do Norte. Não houve eliminatórias e as inscrições eram abertas a todas as selecções da FIFA. A maioria dos jogos foram disputados no Estádio Centenário, construído para a ocasião.
O Mundial foi composto por quatro grupos, o Grupo 1 contou com quatro equipas e os outros com três. Os primeiros de cada grupo seguiam para as meias-finais.
A estreia aconteceu diante do Peru, com o Uruguai a vencer por 1-0. No jogo seguinte, a Celeste goleou a Roménia por 4-0. Duas vitórias que colocaram o Uruguai nas meias-finais do Mundial de 1930. A Jugoslávia era a única selecção que estava entre o Uruguai e a tão desejada final. Sem grande dificuldade a Celeste dizimou a Jugoslávia por 6-1. Chegava o dia mais desejado por todos os uruguaios.
Mais de 70 mil adeptos lotaram o Centenário para ver a primeira final de um Mundial. De um lado, o Rei Celeste e os donos da bola e, do outro, a regular e temida Argentina.
Dorado abriu o marcador para o Uruguai aos 12 minutos mas, a Argentina não baixou os braços e, aos 20, empatou por intermédio de Peucelle. Bastaram mais 17 minutos para os argentinos virarem o resultado. Stábile fez o 2-1. No segundo tempo a narrativa foi diferente. O Uruguai mudou a atitude e sufocou a Argentina. Cea, Iriarte e Castro aos 57, 68 e 89, respectivamente, apontaram os golos da Celeste na segunda parte que valeu a vitória por 4-2. O Uruguai confirmava a sua supremacia no futebol mundial e escrevia o seu nome na história ao conquistar o primeiro Mundial.
Suppici e os Craques
Alberto Suppici foi o primeiro treinador campeão mundial
Alberto Suppici foi o primeiro treinador campeão mundial. Com uma equipa recheada de craques e talento, as conquistas chegaram naturalmente.
Nasazzi, Cea e Scarone foram os três jogadores titulares de todas as conquistas dos anos 20 e no Mundial de 1930. Central e referência da equipa e dois avançados. Um trio que formou a base do sucesso uruguaio.
Andrade foi o primeiro grande jogador negro. Um médio-centro muito completo fisica e tacticamente. Castro foi um dos melhores marcadores da história do Uruguai e não tinha a mão direita.
Estes foram algumas das individualidades que marcaram o Mundial de 1930, mas a verdade é que o Uruguai valia pelo seu colectivo. Uma selecção experiente, com um elevado espírito de equipa, tecnica e tacticamente desenvolvidos e com uma capacidade física capaz de marcar a diferença em jogos mais desgastantes, numa altura em que não era permitido realizar substituições.
Boas Apostas!
