Portugal entrou a vencer em Israel, mas as más opções do onze e sucessivos erros da equipa nacional, fizeram com que a seleção voltasse do médio-oriente com apenas um ponto na bagagem. E isto porque, já depois da hora, Fábio Coentrão salvou a honra do convento com um golo que valeu o empate, 3-3. Na caminhada para o Mundial 2014, Portugal joga agora pelo 2º lugar no grupo, mas também na tentativa de fugir a ser o pior dos segundos – que ficará excluído do playoff. Mas, pelo que se viu no Estádio Ramat Gan em Telavive, os portugueses jogam, sobretudo, contra si próprios.
As impossíveis promessas
Quando Paulo Bento prometeu, na antevisão desta partida, que João Moutinho só seria utilizado se estivesse a 100%, estava a fazer uma promessa bem complicada de cumprir. Isto porque, estando o médio do FC Porto em condições clínicas de ser utilizado, foi evidente que não tinha condições para durar os 90 minutos, pelo menos ao ritmo que lhe seria exigido. Esse facto até veio a passar algo despercebido porque, no onze apresentado, outros atletas estão bem longe de estar na posse total das suas faculdades físicas. Raul Meireles teve sempre muitas dificuldades em acompanhar a pressão que era exigida por Cristiano Ronaldo e Moutinho, na primeira parte, e Silvestre Varela leva até a perguntar se tem, neste momento, condições para ser convocado. A coerência de Paulo Bento é agora um equívoco difícil de ultrapassar. Por muito que queira manter o seu grupo e o seu onze na seleção, os condicionalismos que cada jogador traz do clube não podem ser ignorados.
Dito isto, Portugal teve tudo a seu favor quando, logo no primeiro minuto, Bruno Alves subiu sozinho para transformar em golo um canto marcado por Miguel Veloso. Foi como começar com um abre-latas, perante uma estratégia de Eli Guttman que tinha em campo jogadores para recorrer a uma defesa com três centrais. No entanto, vendo-se a perder por 0-1, optou por puxar Gershon para a lateral esquerda e fazer avançar Yein para o centro do terreno. Nos primeiros 20 minutos, Portugal ia gerindo a posse de bola, sem criar perigo, mas também sem ver no adversário sinais de capacidade para marcar. No entanto, aos 24 minutos, Spungin surgiu a cruzar da direita, Ben Basat deixou a bola passar entre as suas pernas, de forma algo atabalhoada, e Hemed, num remate à meia-volta, empatou a partida. Com Cristiano Ronaldo sempre muito bem guardado por dois jogadores, os portugueses pareciam não encontrar alternativas para reagir, e aos 39 minutos, Israel completou a reviravolta do marcador. Varela deixou-se antecipar por Tibi no meio-campo, a bola apanhou a defesa portuguesa em contra-pé e Ben Basat, sozinho, atirou um míssil para o fundo das redes de Rui Patrício.
No desaproveitar esteve a perda
Durante a primeira parte, Hélder Postiga desperdiçou, por duas vezes, golos que pareciam certos, ao isolar-se da defesa israelita para atirar ao poste, ao minuto 33, e para permitir o corte de Ben Haim ao minuto 45. Perante a desvantagem, Paulo Bento pediu maior velocidade aos seus jogadores, também maior pressão sobre a última linha da defesa israelita, mas ao manter o mesmo onze em campo, pareceu desperdiçar preciosos minutos para encontrar o golo. Só aos 60 minutos fez entrar Vieirinha e Carlos Martins para os lugares de Varela e Miguel Veloso, troca que teve os devidos efeitos na intensidade com a nossa seleção se aproximava da defesa israelita. No entanto, foi Israel quem voltou a marcar. Num canto marcado por Natcho, aos 69 minutos, Gershon apareceu a cabecear sem oposição, com Bruno Alves e Rui Patrício a dividirem culpas no lance.
A equipa nacional reagiu de imediato, reduzindo para 3-2 num lance em que Cristiano Ronaldo se conseguiu soltar da marcação, penetrar na grande área e oferecer o golo a Hélder Postiga, que desta vez conseguiu marcar. Com Eli Guttman a fazer recuar ainda mais o seu conjunto, tirando o extremo Melikson para fazer entrar Refaelov, Paulo Bento respondeu com a colocação de Hugo Almeida na frente, tirando Bruno Alves e passando a jogar apenas com três jogadores atrás. Esperava-se que Portugal pudesse criar mais perigo, mas Aouate esteve sempre muito bem e, mesmo sem a frescura da primeira parte, os israelitas iam tentando chegar à baliza de Rui Patrício em sucessivas transições rápidas. Portugal só viria a chegar ao golo em período de descontos, quando uma bola despejada para área por Carlos Martins viu Hugo Almeida a saltar mais alto que o guardião adversário e, no ressalto da barra, Fábio Coentrão empurrou para o empate.
Difícil justiça
Pelo que Portugal não fez durante os 90 minutos, Israel teria merecido vencer este encontro. Para além do acerto defensivo, sobretudo na forma como isolaram Cristiano Ronaldo, e pelo excelente contributo que Hemed e, sobretudo, Ben Basat deram na frente, os israelitas sonharam até perto do fim com uma vitória que seria história e poderia coloca-los em boa posição para continuar a discutir o apuramento. Os portugueses falharam demasiado na defesa, não demonstraram atrevimento no ataque e têm várias peças que estão já gastas nesta seleção. Com o empate, o 2º lugar é uma possibilidade forte para o conjunto nacional, mas o caminho para o Brasil é, agora, ainda mais espinhoso para os homens de Paulo Bento.