Premier League – O grande jogo deste fim-de-semana teve lugar na noite de ontem, quando o Manchester City, líder da Liga Inglesa à entrada da jornada, recebeu o Chelsea, terceiro classificado. No que era um teste à capacidade do Manchester City para continuar na frente da Premier League, foi o Chelsea quem passou com distinção. Esqueçam as conversas, quase infantis, entre treinadores. O que aconteceu em campo foi uma autêntica lição.

Olhando para o desenho tático dos Blues no papel, temeu-se que o famoso autocarro de Mourinho pudesse surgir no Estádio Etihad. Mas nada mais errado. Existe uma enorme diferença entre utilizar um médio-defensivo e um defesa-central à frente da linha defensiva e usar Matic e David Luiz. Uma vez mais, José Mourinho fez-nos rever os nossos preconceitos e buscou nos seus jogadores as características que estes possuem e não aquelas que a sua posição “natural” parece indiciar. O Chelsea juntou estes a estes dois Ramires, no que foi um trio de meio-campo pressionante e totalmente incapacitante para o seu adversário. O Manchester City teve dificuldade em respirar desde o primeiro minuto e terá sido aí que começou a perder o jogo.

Ivanovic Chelsea

Ivanovic dispara para o golo

De facto, a vantagem de José Mourinho sobre a sua concorrência é a capacidade de entender aquilo que o adversário consegue fazer em cada jogo. Antecipando a oposição, o Chelsea colocou os seus jogadores onde os jogadores dos Citizens quereriam chegar, fechando portas e, como se diz na gíria, obrigando a jogar mal. Verdade que, valorizando o espetáculo, o Manchester City fui buscar todo o seu talento para tentar construir sobre esta oposição. Missão muito complicada para uma equipa que, na troca de Fernandinho por Demichelis, perdeu enorme expressão da sua capacidade de transição. Yaya Touré sentiu, e quanto, falta do brasileiro, enquanto a partir das faixas Jesus Navas e David Silva procuravam alimentar uma dupla de avançados que se viu afundada nos centrais adversários.

Ofensivamente, o Chelsea construiu a partir da pressão na posse de bola do adversário. Com o apoio e a presença da sua intermediária no meio-campo adversário, a bola sobrava muitas vezes para Willian e Hazard, que usavam a sua velocidade para disparar em direção à baliza adversária. Eto’o era um isco para os centrais contrários, sempre fugindo à marcação ocupando espaços longe da área e aparecendo na segunda linha para responder a centros. O golo acabou por aparecer depois de uma destas jogadas, com Ivanovic a subir, no apoio do carreiro lateral, e acabar a disparar para a baliza de Joe Hart. Mesmo tendo marcado aos 32 minutos, nunca o Chelsea abdicou desta sua forma de jogo.

José Mourinho poderá ter alguma razão ao dizer que este Chelsea ainda é uma equipa em crescimento. No entanto, olhando para o trabalho tático do Português nos três anos que esteve em Madrid e para aquilo que o Chelsea fez ontem, é de sublinhar que, para que um treinador tenha sucesso, os jogadores têm que estar com ele, disponíveis a acatar o seu pensamento de jogo e dispostos a colocar as suas qualidades ao serviço da equipa. Nos Blues, Mourinho tem esse tipo de jogadores no seu plantel e, por isso mesmo, a progressão tática do Chelsea é notória ao fim de alguns meses, quando no Real precisou mais de uma temporada para o alcançar e, ainda assim, num equilíbrio bastante frágil.

Para Manuel Pellegrini, fica a certeza que para parar o Manchester City é preciso uma equipa a jogar no seu melhor. O técnico chileno sabe que, com Fernandinho e Aguero, as suas opções crescem e a sua equipa é ainda mais ameaçadora. E que, em última análise, os Citizens parecem ser a equipa mais credível para alcançar o primeiro lugar no final da temporada. Simplesmente porque o seu estilo de jogo e as suas opções permitem-lhe ultrapassar com maior conforto os confrontos com equipas que não estão no topo da tabela.

Boas apostas!