Não é nenhuma novidade, há muito poucos campos em que Portugal seja uma potência e o ténis não é, definitivamente, um deles. Pela falta de tradições e investimento, cada vez que um tenista se destaca no plano internacional, é uma festa. Nuno Marques e João Cunha e Silva partiram muita pedra nos anos oitenta e noventa. Emanuel Couto depois. Maria João Koehler e Michelle Larcher de Brito fazem o mesmo pelo lado feminino. Nos últimos anos Rui Machado, Frederico Gil, Gastão Elias formam uma frente considerável do ténis nacional, elevando a fasquia. Mas nenhum o fez como João Sousa, o nosso homem na posição 38 do ranking ATP.
Seguir o sonho
Um desportista de profissional não se faz sem muito trabalho, com grandes sacrifícios pelo meio. Aos 15 anos João Sousa deixou para trás família e amigos para rumar a Barcelona, para perseguir o sonho de se tornar um tenista profissional. Na BTT Academy, encontrou juntou-se ao homem que ainda hoje o treina e acompanha no circuito, o antigo jogador Frederico Marques. Foram anos de dedicação até começar a colher os frutos, um percurso suportado inteiramente pelos pais do atleta, fazendo um percurso natural dos Future até aos Challengers. A vitória em Kuala Lumpur, em finais de Setembro de 2013, catapultou-o para o lugar 51 do Ranking. Foi a primeira vez que um tenista português venceu um torneio ATP e com este título tornou-se o tenista Luso a chegar mais longe na hierarquia do ténis mundial. Desde então, João tem corrido sozinho e no passado mês de Março, um dia depois de cumprir 25 anos, chegou a nº 38 do mundo, impulsionado pelo facto de ter chegado à terceira ronda do Torneio de Miami. É de loucos pensar que há apenas doze meses ocupava um modesto 88º lugar, que na altura parecia absolutamente espantoso.
Bater bolas com os melhores
Sousa já se bateu com o campeão olímpico em título, Andy Murray (6-2, 6-2, 6-4), na segunda ronda do Open da Austrália de 2013. Encontrou também Novak Djokovic, então nº 1 mundial, na terceira ronda do Open dos Estados Unidos. Exibiu-se a grande nível e deu boa luta a um Novak em pico de forma (6-0, 6-2, 6-2). Nesse mesmo torneio, antes de enfrentar o sérvio, o português já tinha deixado marca ao eliminar o búlgaro Grigor Dimitrov e o finlandês Jarkko Nieminen.
Já este ano, no Open do Rio, viu-se diante de Rafael Nadal, nas meias-finais do evento. Foi eliminado mas no final Rafa elogiou o português por lhe ter proporcionado um bom jogo. Em Março, em Miami, o tenista português chegou até à terceira ronda, ultrapassando o espanhol Pablo Carreno (6-4, 7-6) e o francês Gilles Simon (7-6, 3-6, 6-3), caindo finalmente às mãos do checo Tomas Berdych, 7º do ranking, pelos parciais de 6-2 e 6-4.
Finalmente a organização do Estoril Open confirmou o nome de João Sousa para a edição de 2014 que decorrerá em Maio. Junta-se assim a figuras da dimensão do suíço Stanislas Wawrinka – vencedor do ano passado e atual número três mundial – ou do canadiano Milos Raonic. Uma boa oportunidade para Sousa se mostrar ao mais alto nível diante do público português.
Boas Apostas!