Na primeira mão dos quartos-de-final da Liga dos Campeões, Bayern de Munique e Real Madrid alcançaram resultados caseiros que os deixam à beira do apuramento. Já nos outros dois encontros, empates em Paris e em Málaga levam a decisão para os encontros de Barcelona e Dortmund.
Superioridade a toda a linha
A Juventus nunca pareceu ser uma equipa capaz de ultrapassar o claro domínio do Bayern de Munique, que ao vencer por 2-0 no seu terreno, fará uma viagem mais sossegada até Turim. Jupp Heynckes beneficiou de um golo logo aos 25 segundos, quando no seguimento de um mau alívio de Pirlo, Alaba rematou forte e surpreendeu Buffon, que parecia ainda não ter entrado no jogo. De qualquer maneira, a tática que os bávaros haviam preparado iria obrigar a Juventus a longos períodos de desorientação. Pressionando muito alto a saída de bola, o Bayern várias vezes provocou perdas de bola logo no meio-campo da equipa italiana. Buffon insistia em colocar a bola num dos centrais, desviado na lateral, mas a equipa não tinha condições para sair a jogar. Assim, ficava também sem capacidade para segurar a posse, oferecendo toda a iniciativa aos alemães.
Com Ribéry, Muller e Robben (entrado para o lugar do lesionado Kroos aos 16 minutos) nas costas do combativo Mandzukic, o Bayern ocupava toda a largura do relvado, ficando até a ideia de que poderia ter alcançado um resultado mais largo. O segundo golo acabou por surgir aos 63 minutos, com Mandzukic a aproveitar uma bola largada por Buffon, oferecendo a Muller a concretização. A perder por 0-2, Antonio Conte refrescou a frente de ataque, mas só quando Pogba entrou para o lugar de Peluso, dando mais corpo à intermediária e soltando Marchisio no flanco esquerdo e Vida na direita, a Juventus conseguiu criar mais perigo junto da baliza de Neuer, mas sempre insuficiente para reduzir a vantagem. No final, Conte não teve dúvidas: o Bayern foi realmente mais forte do que aquilo que a Juventus tinha para oferecer.
Em Madrid, o Real não deixou os seus créditos por mãos alheias, partindo para cima do Galatasaray sem dar espaço para que a equipa de Fatih Terim pudesse sequer sonhar com alguma gestão do encontro. Cristiano Ronaldo marcou logo aos 9 minutos, com Benzema a alargar a vantagem perto da meia-hora. A saída do apagado Sneidjer ao intervalo tentava oferecer maior acutilância ao jogo turco, mas não encontrou espaço para surpreender um conjunto concentrado e organizado como o Real Madrid. Higuain marcou o terceiro golo de um encontro em que o Real poderia ter marcado ainda mais. Mesmo assim, a vitória por 3-0 parece garantir o apuramento dos espanhóis.
Um dos melhores 0-0 de sempre
Em Málaga, aquele que terá sido o melhor jogo desta semana na Liga dos Campeões. Málaga e Borussia de Dortmund a encaixarem as suas propostas de futebol ofensivo, duas equipas muito vivas e confiantes, a viverem momentos relevantes da sua história. Isso sentia-se no ambiente do Estádio La Rosaleda, mas também no espírito dos melhores jogadores de cada lado, enquanto no banco Jurgen Klopp e Manuel Pellegrini iam mexendo as suas peças em busca de oportunidades para marcar. Naquelas que conseguiram, ofereceram o protagonismo do encontro aos guarda-redes. Willy Caballero foi o melhor em campo, negando várias vezes o golo aos alemães, com Weidenfeller a responder na mesma moeda aos avançados espanhóis.
O Málaga, a jogar em casa, arriscou mais no segundo tempo, modificando o desenho do seu ataque, que terminou com Roque Santa Cruz a funcionar como um pivô mais físico, com Joaquín, Portillo e Isco (que havia de sair esgotado) a tentarem alimentar o paraguaio, mas o Borussia acabou por responder com a colocação de Schieber no lugar de ponta-de-lança e Lewandowski a prender mais os médios-volantes dos espanhóis. Um festival tático e futebolístico, que terá uma segunda parte de excelência quando as equipas se voltarem a encontrar na Alemanha.
Em Paris, o Barcelona voltou a ter Tito Vilanova no banco, enquanto em campo quase tudo o que podia correr mal, assim aconteceu. Lionel Messi e Javier Mascherano saíram lesionados, a equipa esteve a vencer por duas vezes e permitiu, de ambas as vezes, o empate, primeiro num lance em que Ibrahimovic aproveitou uma posição de fora-de-jogo, outro, numa bola rematada por Matuidi, que bateu em Bartra, assim traíndo Valdés. Para a história ficam os golos marcados pelo astro argentino, ainda na primeira parte, e uma grande penalidade marcada por Xavi aos 89 minutos. O Barcelona traz a vantagem para Nou Camp, mas o estilo de jogo adoptado por Ancelotti não sossega uma equipa que já não consegue, como há algum tempo atrás, dominar em qualquer campo e situação. Hoje, o Barcelona precisa de estar no seu melhor para ser a melhor equipa do mundo, e o seu melhor nem sempre está disponível para aparecer.