No país vizinho, quando se esperava uma Liga feita a dois, como vinha sendo apanágio nos anos mais recentes, percebe-se claramente, oito jornadas cumpridas, que há um terceiro passageiro na corrida para o título. O Atlético de Madrid de Diego Simeone é a melhor confirmação deste início de época, mostrando-se ao nível do Barcelona e mais forte, até, do que o seu rival Real Madrid.
Tirem a uma equipa o seu melhor marcador e jogador simbólico, Falcao, e vejam o que acontece. No Atlético de Madrid, é óbvio, não era o avançado colombiano a peça fundamental do sucesso da equipa. Para além de um treinador com enorme capacidade para inovar taticamente, sabendo mexer no seu onze de forma a adaptá-lo aos adversários, o Atlético tem um plantel mais profundo, o que confere diferentes opções à equipa, tendo encontrado em Diego Costa alguém que resume, na perfeição, o espírito desenhado por Simeone.
O internacional brasileiro que agora quer ser internacional espanhol cresceu, a olhos vistos, sob o comando do treinador argentino. Há poucos anos, Diego Costa passeava o seu talento pelos relvados da Segunda Liga portuguesa, não se esperando que pudesse evoluir para o tipo de jogador que é hoje. A maturidade e, sobretudo, o acompanhamento que lhe foi conferido por Simeone permitem que Diego Costa seja uma peça central de uma equipa que aspira ao título.
Barcelona de sabor argentino
Gerardo Martino não chegou para revolucionar o Barcelona, mas trouxe o pensamento prático que parecia ir-se esvaindo de um clube demasiado preso a um pensamento filosófico que arriscava a gastar-se em si mesmo. A equipa venceu todos os jogos da Liga BBVA e da Liga dos Campeões, tendo apenas somado empates nas partidas da Supertaça, resultados suficientes para garantir o troféu, com o benefício dos golos fora. Mesmo perante as dúvidas de alguns analistas, que colocam em causa o respeito aos princípios do tiki-taka, a equipa de Martino parece mesmo destinada a continuar a saga ganhadora do Barcelona.
Messi tem estado lesionado, mas Neymar parece cumprir bem o papel de substituto do argentino. No mais, a excelente temporada de Valdés vai assegurando uma das melhores defesas do campeonato, mesmo que Piqué e Mascherano nem sempre consigam estar ao nível das necessidades no setor central. A rotação levada a cabo por Martino é outro dos pontos positivos do seu trabalho, não olhando a nomes para dar descanso a todos os elementos do plantel. Em resumo, o Barcelona é, este ano, uma equipa mais alegre e decidida perante os desafios que tem pela frente. A consistência, no entanto, só será testada depois desta paragem na Liga, quando, na mesma semana, viajar até Milão e receber o Real Madrid.
Ancelotti e o labirinto
Depois de três anos turbulentos sob a liderança de José Mourinho, o Real Madrid contratou Carlo Ancelotti para ser o elemento pacificador do clube. No entanto, como se vai percebendo, o problema não estava no treinador, mas no labirinto que é este clube. Depois da questão Diego Lopez/ Casillas, a questão Varane/ Pepe. Pelo meio, a telenovela da contratação de Gareth Bale, as dificuldades táticas da equipa, o rendimento de Cristiano Ronaldo, a saída de Ozil. Tudo parece ser razão para dramatismos no clube da capital.
No plano desportivo, Ancelotti já teve que recuar nos seus intentos de ter uma equipa mais dedicada à posse de bola. O seu plantel está construído para jogar em velocidade, a romper nos espaços, com a troca de Ozil por Bale a potenciar ainda mais esse formato. É com Cristiano Ronaldo mais solto que a equipa rende mais, não tendo ainda conseguido resolver as fragilidades do seu meio-campo, sobretudo quando encontram equipas que ocupam bem o espaço, como foi o caso do Atlético. O italiano sabe bem do peso que o encontro com o Barcelona, no próximo dia 26, terá para o seu futuro no clube branco.
Sinal mais
O Villarreal afirma-se, neste início de temporada, como o quarto clube da Liga BBVA. Cinco vitórias, dois empates e apenas uma derrota, um futebol muito atrativo, levam a que o Submarino Amarelo possa sonhar com o regresso rápido à Europa. Marcelino constrói, pedra a pedra, uma equipa muito consistente que poderá estar nos lugares da frente até ao final do campeonato.
Bons indícios, também, para Getafe e Athletic Bilbao. A equipa de Madrid vai conseguindo somar pontos com vitórias consecutivas, nas últimas três partidas, e segue para a interrupção da Liga em quinto lugar. Com os mesmos pontos, os bascos perderam algum gás nas últimas semanas, sobretudo nas deslocações, mas apresentam mais matéria-prima para se afirmarem na luta europeia.
Sinal menos
Num plantel onde se registou apenas a saída de Illarramendi, bem como a mudança de treinador, não seria de esperar tão grande tombo da Real Sociedad. Sobretudo depois de ter encantado na Europa com as vitórias sobre o Lyon. Afinal, foi sol de pouca dura. A Real Sociedad não engrena na Europa e ocupa a 15ª posição na Liga, com apenas um ponto acima da linha de água. Uma mudança de atitude é urgente.
O Rayo Vallecano é outra das desilusões da Liga espanhola, até este momento. Paco Jemez não conseguiu continuar a sua magia e tem apenas duas vitórias para seis derrotas na competição. As dificuldades para manter jogadores no plantel e a constante necessidade para procurar reforços a baixo custo têm consequências destas. No entanto, com um dos técnicos mais respeitados da Liga, a recuperação parece ser o único caminho possível para os de Vallecas.
Boas apostas!