José Mourinho tinha consciência que o plantel que assumiu, no seu regresso a Stamford Bridge, estava longe da perfeição. Um grupo desequilibrado, com opções medianas para certas posições e ao qual faltava o espírito ganhador que alimenta a grandes equipas. Com o que tinha e conseguiu remendar o português fez o que pode na primeira temporada. O verão dos Blues foi pródigo em entradas e saídas cirúrgicas e agora Mourinho deixou de ter desculpas. À nova versão do Chelsea, afinada quase à perfeição, exige-se não apenas que seja dominadora mas que traga para casa as provas dessa superioridade. Abramovich e os adeptos exigem troféus.

Aproveitar o verão para arrumar a casa

Na época passada Mourinho identificou as fragilidades da equipa e foi logo baixando as expectativas dos adeptos para esse primeiro ano de volta ao comando dos Blues. O técnico utilizou alguns remendos – Samuel Eto’o e Demba Ba no ataque, David Luiz à frente da defesa – e trabalhou o muito talento jovem à sua disposição. Fez o que estava ao seu alcance e foi suficiente para estar na disputa do título inglês até às derradeiras jornadas e nas meias-finais da Liga dos Campeões. E no entretanto foi planeando minuciosamente a sua segunda temporada em Stamford Bridge. Esperou pelo mercado de verão para arrumar a casa, despachar alguns elementos que claramente não tinham a sua confiança e fazer as contratações de peso que garantissem o equilíbrio e solidez de um plantel que quer lutar em vários palcos. David Luiz saiu para o PSG por uma soma choruda e não deixa saudades em Londres. Samuel Eto’o e Demba Ba também deixaram o plantel. Romelu Lukaku e o Chelsea finalmente decidiram dissolver o laço que os unia e o belga assinou pelo Everton. Frank Lampard transferiu-se para a MLS americana. Só Fernando Torres não parece ter interessados em arcar com os elevados encargos do avançado espanhol e se mantém nos Blues.

Escolhidos a dedo

Espaço aberto no plantel, Mourinho não hesitou em garantir o matador que tanta falta fez na época passada, o tal avançado que garantisse vinte ou mais golos por temporada. Forte, rápido e atlético, Diego Costa, encaixa como uma luva no modelo preferencial do Chelsea, com um único homem isolado na frente de ataque. Mesmo lesionado em alturas decisivas do ano, o brasileiro que veste a camisola de La Roja colocou por trinta e seis vezes a bola no fundo das redes na sua última temporada ao serviço dos Colchoneros, e ainda acrescentou sete assistências para golo à sua conta pessoal. Como segunda opção para a ofensiva, Mourinho foi buscar Didier Drogba. (Sim, é intencional, coloquei Torres no fim da linha.) Não sendo já o jogador explosivo de outros tempos, Drogba ainda tem suficiente futebol nas pernas e inteligência para criar dificuldades a qualquer adversário.

Cesc Fabregas é o único reforço do Chelsea para o meio-campo. Bem, se atendermos à pré-temporada, Marco van Ginkel pode ser o segundo. Mas quem tem Matic, Ramires, Oscar, Willian, Hazard, Schurle está muitíssimo bem servido. Fabregas vem acrescentar qualidade, experiência e conhecimento a um miolo de excecionais executantes. A forma como se integrou no onze, nos jogos de preparação, cria grandes expetativas.

A defesa do Chelsea, que foi a menos batida da Liga Inglesa no ano que passou, surge reforçada com o defesa-esquerdo Filipe Luís. E na baliza teremos uma batalha de titãs pela posição. Entre Cech e Courtois apenas uma certeza: o clube londrino contará sempre com um guarda-redes de elite entre os postes. Nada deixado ao acaso, todas as faltas colmatadas, que começe a competição. Os Blues estão preparados.

E a concorrência?

Por tudo o que se escreveu acima, o Chelsea é um dos mais fortes candidatos ao título inglês. Mas não está sozinho. E as probabilidades de sucesso dos pupilos de José Mourinho está diretamente interligadas com as prestações dos concorrentes diretos. O City, enquanto atual em título, e pela força do seu plantel, está na corrida. O Arsenal também se reforçou de forma inteligente e arrancou bem a época com a vitória na Supertaça Inglesa. O Liverpool perdeu Suárez mas utilizou muito bem o encaixe financeiro da venda para se reforçar. Já não será surpresa mas ainda pode causar turbulência no topo da tabela. E há ainda o renascido United, o que poderemos esperar dali? Emoção garantida a cada jornada, isso de certeza.

Boas Apostas!